Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
Desde 17 de março de 2014 Curitiba ocupa o noticiário nacional com informações sobre as investigações da Lava Jato.
Venha conhecer os lugares que aparecem no noticiário e saiba mais sobre a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve.
Em um passeio de 3h30 a 4h00, você passará pelos seguintes lugares (visitas externas):
– Procuradoria da República: local de trabalho da força-tarefa que monta os processos da Lava Jato
– Universidade Federal do Paraná: onde o juiz Sergio Moro leciona desde 2007
– Justiça Federal: sede da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba é especializada em crimes financeiros e de lavagem de ativos e onde trabalha o juiz Sergio Moro
– Polícia Federal: sede da investigação da Lava Jato e local de carceragem provisória
– Complexo Médico-Penal: carceragem onde estão presos os investigados e já julgados da Lava Jato
– Parada opcional: Museu Oscar Niemeyer, onde estão guardadas obras apreendidas durante a operação Lava-Jato.
Nosso guia levará material de apoio com gráficos e ilustrações para mostrar como funcionam as investigações.
Isto não é zoeira.
Uma agência de turismo de Curitiba oferece aos seus clientes, pela bagatela de R$ 340,00, o ‘Tour Lava Jato’.
É o cúmulo da espetacularização do processo penal.
O juiz do processo, representante do Estado que deveria pesar, com sobriedade, os argumentos da acusação e da defesa e julgar conforme a lei, não é mais apenas um juiz, no caso de Sérgio Moro: é um herói justiceiro que persegue, implacável, os réus, ou melhor, os vilões, culpados por antecipação.
Claro que é um herói de mentirinha, fabricado pela Globo e demais integrantes do oligopólio midiático brasileiro.
Moro é apenas um juiz de primeiro grau que teve seu delírio de grandeza alimentado pela mídia, a qual utilizou a Lava Jato para exacerbar o seu populismo penal, criminalizar o PT e com ele a esquerda junto, o que permitiu a derrubada do governo eleito através de um golpe e a guinada à direita nas últimas eleições.
Mas o poder do cartel midiático é assustador. Moro é, para boa parte da população, um verdadeiro herói. Não fosse, ninguém teria interesse em visitar os locais onde Moro leciona e trabalha (aliás, que tour deprimente!).
Nesta reportagem sobre o tour – de uma rede de televisão filiada ao SBT e que pertence ao apresentador Ratinho, ou seja, mais uma integrante do oligopólio midiático – é mostrado um cidadão vendendo lembrancinhas como camisetas louvando a República de Curitiba e Moro, além de bonecos infláveis de Lula vestido de presidiário.
República de Curitiba é um apelido que o setor da sociedade crítico à Lava Jato cunhou para comparar a operação à República do Galeão, também uma investigação com amplos poderes que foi usada para tentar a derrubada do governo e culminou no suicídio de Getúlio Vargas.
A mídia mainstream não viu problemas em adotar o termo e usá-lo como algo positivo, confiando no desconhecimento de história da absoluta maioria dos que acreditam na novela midiática criada em torno da Lava Jato.
Na página do tour, a empresa de turismo faz uma ressalva: ‘Lembrando que somos contra a qualquer manifestação de ódio e violência’.
Parece que a agência sabe bem o tipo de público que pagaria R$ 340,00 para olhar, pelo lado de fora, o prédio em que Sérgio Moro trabalha.