Reportagem: Quinzena Contra Temer
na Esquerda.Net
No espaço associativo Contrabando, no Porto, a quinzena Contra Temer começou a 17 de outubro com uma Mostra Fotográfica pela Democracia, vários concertos, filmes e debates sobre o golpe. A quinzena culminará com uma manifestação no dia 30 de outubro às 16h na Avenida dos Aliados, no mesmo dia em que, à margem da Cimeira da CPLP, está previsto um encontro de António Costa com Michel Temer.
“O governo do Michel Temer veio a partir de um golpe de Estado, um golpe branco, e que ele nega vários direitos humanos e fundamentais, um dos quais é a soberania. É importante salientar que um país sem soberania, na verdade o povo se transforma em súbdito e não em soberano e que cria possibilidades para a participação e a construção de um governo”, explicou Kacerine Queiroz, estudante de doutoramento e uma das organizadoras do evento.
Estas duas semanas de programação alternativa surgem também como uma crítica ao papel desempenhado pelos média brasileiros durante o processo. “A mídia convencional, a grande mídia, no caso, apoiou o golpe, ela distorcia um pouco das coisas que aconteciam, ela foi totalmente parcial para o lado do Michel Temer, para os partidos que apoiaram o golpe no Brasil”, afirma Rafael Henrique, dj com o nome artístico de dj Farofa, outro dos organizadores.
Desde que subiu ao poder, o governo de Temer não perdeu tempo em impor uma agenda de austeridade. “Menos de um mês após a posse de Michel Temer, ele decretou o fim da exclusividade da exploração de petróleo no pré-sal e há a possibilidade também da privatização de um grande aquífero Guarani, que é possivelmente a maior reserva de água do mundo. Eu tenho a certeza que também há grandes poderes, não só de grandes multinacionais no interesse dos nossos recursos naturais”, sublinha Kacerine.
Kacerine destaca ainda a gravidade da emenda constitucional PEC 241. “Outro ponto que tenho que salientar é a questão do PEC, que é a proposta de emenda constitucional proposta por Michel Temer, que propõe um congelamento de gastos durante 20 anos de qualquer investimento público em saúde e educação e em vários investimentos, sobretudo para a linha social, porque ele não mexeu naquilo que é mais importante na questão do Orçamento que seria o serviço da dívida do Brasil.”
A quinzena de intervenção vai terminar com uma manifestação no dia 30, no Porto, quando está previsto um encontro de António Costa com Michel Temer à margem da Cimeira da CPLP. “Durante a cimeira da CPLP, nós sabemos que vai decorrer também a cimeira bilateral entre Portugal e Brasil. Ao António Costa estar com Michel Temer nessa cimeira está a legitimar as decisões políticas que têm sido tomadas no Brasil”, critica Patrícia Martins, do Contrabando, o espaço associativo que acolheu e co organizou a iniciativa.
“A nossa única esperança realmente é uma solidariedade internacional, é por isso que eu chamo, pedimos além dos governos, que não reconheçam o governo Temer, mas que todos os portugueses que estejam preocupados com a questão da democracia que venham dia 30 às 16h na Praça dos Aliados” concluiu Kacerine Queiroz.