Prezado Michel,
Primeiramente, fora você.
Em segundo lugar, não pude deixar de notar a matéria da Folha de hoje (evito ler esse jornal, mas como o DCM replicou fiquei sabendo) na qual você ironiza manifestantes sindicalistas que, pacificamente, protestavam contra um projeto que o senhor apresentava para microempreendedores no palácio do planalto.
Pelo o que eu li, você pediu para que esses empresários oferecerem empregos aos participantes da mobilização, como se as vozes destoantes de seus projetos fossem formadas por desocupados que não tem mais o que fazer, num tom muito semelhante ao de uma atriz global que, recentemente, se arvorou por sustentar nordestinos “pagando o Bolsa Família” deles.
Sabe Michel é bem difícil gostar de ti. Seus métodos obscuros e dissimulados são, talvez, os mais repugnantes que já presenciei nesse pouco tempo que tenho de observador da política nacional. Na verdade, a final desse campeonato fica bem disputada entre o senhor e Gilmar Mendes, mas pelo menos o ministro do STF é transparente na canalhice que aplica.
Até aí tudo bem, sou apenas um cidadão comum e é bem natural um civil não gostar de um presidente eleito, imagina então de um golpista.
Mas eu não posso deixar de registrar aqui, a despeito do meu nojo pela sua figura sórdida e traidora que adora uma sombra para fazer política, que jamais imaginei chegar em 2016 e ver que sua sucessão traria tamanho retrocesso no pouco de democracia republicana que conquistamos na última década.
As pessoas que o senhor ofendeu são brasileiros e brasileiras que desejam ter suas vozes ouvidas sobre uma ação que irá impactar diretamente a vida deles. Não apenas cidadãos, diga-se de passagem, mas também representantes de classe, eleitos para tal, que no vibrar de suas cordas vocais representam mais de uma frequência de ideias dentro da pluralidade que é uma categoria de trabalhadores.
Não espanta que declarações baixas e fascistas como a sua sejam acompanhadas por menores de idade algemados por quererem uma educação que contemple os seus sonhos; ou briga de vaidade entre chefe de poderes que consideram convites para discutir operações de polícia mas sequer cogitam a possibilidade de começar um diálogo acerca dos privilégios que a elite política e econômica desse país goza sustentados na exploração de uma desigualdade que mata milhares de pessoas por dia.
É por isso, Michel, que tenho muito orgulho em ser trabalhador e sindicalista e estar, nesse exato momento, de um lado totalmente oposto ao seu e de seus aliados, representantes do que há de pior e retrógrado na política nacional: a arrogância velha, branca, rica, hétera e masculina que desdenha de maneira sádica dos oprimidos que suaram sangue para que seu filhinho seja milionário numa idade em que a criança pensa que o valor de uma moeda se resume em sumir atrás da orelha.
Pra finalizar, vou utilizar o bom e velho otimismo para me iludir e sonhar que sua bandeja de mordomo carrega alguma preocupação com a geração de empregos. Se assim for, lhe peço que baixe os juros que alimentam seus amiguinhos do Itaú que pagam palestra para Hillary Clinton e ganham o Banco Central de presente; ou construa no Brasil as plataformas do Pré-Sal para reacender o setor naval que sua marionete Moro destruiu. Você pode, ainda, abdicar da PEC do fim do mundo, investir massivamente em saúde e na educação e dar o mínimo de subsídio para os brasileiros e brasileiras exerçam sua enorme criatividade para construir novas alternativas econômicas.
E Temer, por favor, não se esqueça: nosso povo quer ter apenas a oportunidade de viver de maneira digna, sustentável e de qualidade. Somos orgulhosos e queremos trabalhar as riquezas do nosso país com nossas próprias mãos, por isso a gente só precisa do básico, do que nossa constituição nos garante, e que você não atrapalhe muito esse processo. Nem todo mundo é igual a sua esposa, que aceita um cargo com a mesma dignidade que um pombo aceita um miolo de pão.
Por fim, fora você de novo (nunca é demais)
Forte abraço,
Tadeu Porto*
P.s. Me recuso a me direcionar ao senhor com pronomes de tratamentos formais – i.e. Vossa Excelência e Excelentíssimo Senhor – pois o considero um Presidente da República ilegítimo e golpista. Usei “Senhor” somente pela sua idade, se não utilizaria só “vc”.
*Tadeu Porto é Cutista, Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e colunista do Cafezinho
Aluizio Rezende
29/10/2016 - 07h08
“Você pode (…) dar o mínimo de subsídios para que brasileiros e brasileiras exerçam sua enorme criatividade para construir novas alternativas econômicas”. Faltou dizer: como Lula e Dilma fizeram. “Peço-lhe que baixe os juros que alimentam seus amiguinhos que (…) ganham o Banco Central de presente…”, tal como o Henrique Meireles, presidente de um banco de segunda linha nos EUA, ganhou do Lula. Nesse sentido, no atual governo Meireles deveria até agradar aos petistas, porque acabou sendo promovido.
Discurso repetitivo, cansado e sem graça do nosso amigo sindicalista, prenhe das recorrências habituais, de uma pretensa esquerda, dos que se consideram detentores das melhores soluções para a vida dos brasileiros.
Temer realmente não é o melhor, embora seja no mínimo estapafúrdio que petistas e afins tenham descoberto isso apenas agora, já que concordaram com a presença dele na vice-presidência. Ou será que isso se deveu a algum tipo de manobra destinada a aumentar e garantir a permanência do PT no poder? Só que o Brasil vinha de mal a pior. E não se deve insistir na retroação.
Esperemos pelas eleições e elejamos alguém em quem possamos de fato confiar. Alguém que deverá emergir de uma verdadeira Reforma Política que acabe de vez com as vantagens atreladas aos mandatos parlamentares, atraentes sob todos os aspectos a direitistas, petistas, artistas, autistas, articulistas e até… sindicalistas. Mas isso, como se desconfia, ainda permanece no campo da utopia.
Aluizio Rezende
Alexandre
28/10/2016 - 12h47
Esse é o grande problema da esquerda, fala muito e age pouco!
Atreio
28/10/2016 - 10h53
a força pulsa, golpistas não conseguirão impedir o brilho de anas julias e todos os nossos demais bravos.
até a vitória, sempre!
Eduardo Albuquerque
28/10/2016 - 10h51
Desde que se começou o processo para se derrubar e a quadrilha ocupar formalmente os posots do estado que as manifestaçoes nao incomoda a direita. Nao ha como reverter essa situaçao com essas procissoes que mal conseguem fechar uma rua, praça, avenida, escola, universidade por algumas horas. Afinal, isso é luta de classe ou um amistoso pra treinar o goleiro?
Gilson Garcia
28/10/2016 - 09h24
Caro Tadeu,
Primeiramente, FORA TEMER!
Sou sindicalista (SENGE-PR), e sua carta me representa.
Neste momento trágico, vemos o fascismo voltar a desempenhar as funções destrutivas, já conhecidas, mas, de certa forma esquecidas. O golpismo se estabeleceu pelos meios de propaganda, tal como na Alemanha de 1930. Lá como cá, a consciência crítica da população foi ‘anestesiada’, e fez do ódio o motor das transformações que resultaram em tragédia.
Continuamos firmes nessa jornada, cumprindo o papel histórico dos Sindicatos.
Saudações
PS: enesimamente, FORA TEMER!
Pinheiro –
28/10/2016 - 08h19
Dar espaço pra sindicalista? Os sindicalistas não defendem os trabalhadores, nem mesmo os sindicatos, só defendem eles mesmos. Em conversa com muitos trabalhadores todos, 100%, são contra ter sindicato , acham que eles não representam nada e só estão pra pegar parte do nosso dinheiro(igual o governo que eles tanto falam mal)
Yvette Teixeira
28/10/2016 - 10h10
é isso que os governantes querem que todos pensem. se, nós trabalhadores não formos ao sindicato, aí sim, só ficam os que só pensam em si, conforme você relatou. na europa e estados unidos só se beneficiam dos acordos sindicais os filiados aos mesmo. penso que aqui no brasil deveria ser assim, pois somente desta maneira os trabalhadores realmente iriam participar.
Gr K
27/10/2016 - 23h23
Carta bonita. Mas de beleza vivi a dama do lar. Se vc quer o que é seu, não tem que pedir, tem que tomar. Nossa passividade é o Ouro deles.
Eles não tem brilho na cara muito menos compaixão. Nos fomos bem adestrados para sermos pouco reativos, presos num mundinho quadrado. Plantaram em nós o medo, individualidade. Diminuíram nossas perspectivas, tornando nossos sonhos pequeninos: um tênis um smartphone, uma baladinha, um carro em 60 vezes, tá bom. Um emprego que dedicarei minha vida toda em troca da simples sobrevivência. Será que precisamos disso? Essa ordem social não nos serve mais. mudar a mente não é fácil.
Torres
27/10/2016 - 22h31
Sindicatos são máfias.
Defendo o fim da contribuição sindical compulsória.
João Ribett
27/10/2016 - 23h13
Que merda! !
Torres
28/10/2016 - 00h50
Argumentou legal
Tadeu Porto
28/10/2016 - 14h22
A CUT é contra o imposto sindical. Nosso sindicato, cutista, devolve nossa parte da contribuição compulsória todo o ano.
Tente se informar primeiro antes de acausar uma instituição de “máfia”… Esse nível de insensatez que faz nosso país afunda na política
Torres
28/10/2016 - 14h47
Tadeu, eu falei sobre CUT?
O sistema sindical é, hoje, mafioso.
Quanto à contribuição, é apenas um dos aspectos.
O fato é que os sindicatos foram pelegos e já defendem apenas os interesses de seus líderes.
Líderes ricos, com dinheiro dos filiados.
João Ribett
29/10/2016 - 18h58
Continua uma merda!
Torres
29/10/2016 - 19h12
Ao contrário do seu argumento maravilhoso.
Parabéns.
João Ribett
29/10/2016 - 19h21
MESMO assim, continua uma merda!
Torres
29/10/2016 - 19h24
Parabéns, João.
Merda contra nada.
Uma bela briga.
marivaldo
28/10/2016 - 06h48
Torres volta pra rola na qual estavas sentado.
João Bosco
28/10/2016 - 10h58
Os sindicatos dos patrões que tu defende também? A tua FIESP também?
Torres
28/10/2016 - 13h55
Todo sindicato.
Máfia pura.
Infelizmente virou isso…
Luiz Baptista
27/10/2016 - 22h11
Essa carta é direta e brilhante.
O traíra informante merece ser demolido muito mais ainda, tanto pela sua agressividade na desconstrução do projeto de nação estabelecido pelos governos Lula/Dilma, quanto pela completa falta de competência, raciocínio e moral para o cargo que usurpou e está ocupando de forma trágica.
É um completo energúmeno, cuja única habilidade é entender de bandidos, tanto é que está cercado deles em sua corte.
Que o exemplo dos petroleiros do norte fluminense seja seguido pelos demais sindicatos país afora, para que esse pulha entenda a sua mediocridade extrema.
Parabéns ao Sr. Tadeu Porto por expressar com detalhes o que uma grande parcela do povo brasileiro teria vontade de falar pra esse cara.
marco
27/10/2016 - 21h49
Pois Tadeu.Eu somente sou mais um brasileiro,como tu,que compartilha ao respeito do aludido senhor,a mesma opinião.Contudo quero te alertar de uma coisa que não te deste conta,talvez por excesso de trabalho como sindicalista,que não consegue ver mais do que lhe permite o tempo.Eu,enquanto isso,por ser corretor de imóveis,tenho mais tempo,pois a espera por compradores ou locatários,nos deixa mais tempo para pensar e ver.Quero te afirmar que,quando te diriges a este senhor,estas também de dirigindo para milhões de brasileiros,que ainda estão entre nós,por não terem conseguido ir embora para os Estados Unidos da América do Norte.Estes brasileiros,que alegam gostar da pátria onde nasceram,mentem pra todos nós,todos os dias ,mas na realidade,odeiam o Brasil.Essa gente,milhões de brasileiros,apoiam gente do quilate desse senhor e seus cúmplices.Espalhados que estão,todos eles,pelos muitos escaninhos de nossa sociedade.Esse tipo de gente,é responsável por existirem tipos como esses.Pra finalizar,Tadeu,acho que se tirarmos os dedos,se agarrarão nos testículos dos ricos,com os dentes ,é verdade que ficarão mudos,mas continuarão assim,até que morram,ou consigam ir para sua verdadeira pátria,os E.Unidos da América do Norte.