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Arpeggio – Coluna política diária
Por Miguel do Rosário
O golpe, como tudo no Brasil de hoje, entrou em crise. Sempre foi dependente da mídia, na medida que ele foi inteiramente costurado pela mídia, mas agora essa dependência se torna cada vez mais explícita e ridícula.
Não há mais limites de verossimilhança ou respeito às leis. Sempre foi um golpe de bandidos, mas agora está mais difícil esconder.[/s2If]
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A Lava Jato nunca foi uma operação contra a corrupção, e sim uma operação golpista desesperada e inconsequente, responsável direta pela crise econômica brasileira, na medida que paralisou todas as grandes obras públicas, prejudicou ou mesmo destruiu setores estratégicos. Enquanto os jornalões diziam que a Lava Jata “recuperava” 1 ou 2 bilhões de reais, valor exagerado e provavelmente mentiroso, já havia consultorias estimando que a operação tinha causado danos superiores a R$ 120 bilhões à economia brasileira. Mas essas estimativas não consideram o prejuízo incalculável que é a desarticulação de setores inteiros. E isso sem falar na instabilidade política e jurídica, também trazida pela Lava Jato, que provocou danos de outros centenas de bilhões de reais, desemprego, além de gerar o ambiente propício para um golpe de Estado.
A Lava Jato não combateu a corrupção: aumentou-a. Depois de dois anos de operação, o resultado foi um golpe onde sete ministros são indiciados pela Lava Jato; os outros ministros, a começar pelo próprio presidente da república, estão enrolados em outros processos criminais.
Hoje o Congresso articula a aprovação de uma lei contra o abuso de autoridade. É uma reação parecida à da classe política italiana contra a falta de limites do judiciário após a Operação Mãos Limpas. A diferença lá é que os italianos tinham uma comunidade intelectual mais forte e uma mídia mais plural. Mesmo assim, o resultado da Mãos Limpas foi a destruição de tradicionais partidos progressistas, inclusive os de esquerda, e vinte anos de hegemonia de Berlusconi sobre a política italiana. Mesmo assim, Berlusconi talvez fosse ainda melhor do que a direita brasileira, porque era um nacionalista e, como dono de mídia, enfrentou a judicialização da política italiana e ajudou a impor freios a esse processo de autodestruição que nasce das castas burocráticas improdutivas quando enlouquecem.
Enquanto tentam roubar o povo brasileiro através de medidas fiscais que ampliam a proporção de recursos públicos destinados aos ultra-ricos (rentistas, grupos de mídia, grandes empresários, políticos, burocracia), os golpistas usam a mídia para veicular denúncias cada vez mais surreais contra Lula e família.
Contra Lula, a nova da Lava Jato é que ele seria o “Amigo” numa anotação. Daí a suspeita ganha manchetes de jornal, numa pré-condenação típica de regimes de exceção. Prova? Nenhuma. Depois do sitio em Atibaia e do triplex, a MPF agora desce ao nível do chorume visto em caixas de comentários de portal e diz que a Odebrecht deu o Itaquerão de “presente” ao Lula, e que Lula seria o “Amigo”. E dá-lhe valores: R$ 8 milhões aqui, R$ 20 milhões ali, sem que se mostre uma mísera prova de qualquer conta, depósito ou transferência.
Para consumar o clima de golpe, escondendo protestos e debates que ocorrem em todo país, a Lava Jato vai atrás também do Lulinha, o filho de Lula, usando táticas já manjadas de assassinato de reputação.
A PF não oculta que é uma perseguição. Nesse sentido, é tudo muito transparente, aproveitando-se a súbita ausência de qualquer escrúpulo democrático na imprensa e em setores idiotizados e fascistizados da opinião pública. O inquérito da PF anexado à Lava Jato e convenientemente vazado à imprensa golpista não mostra nenhum vínculo entre Lulinha ou seus rendimentos e qualquer outra investigação da Lava Jato. Ele é investigado pura e simplesmente por ser filho de Lula e seus negócios, apesar de não se apontar nenhuma ilegalidade neles, são expostos à execração midiática sem dó nem piedade.
É um jogo rasteiro e sujo. Pega-se um período longo, 10 anos, para se chegar a um valor alto para impressionar a ralé (Hannah Arendt chama de “mob” e estuda em seu livro “As origens do totalitarismo” exatamente esse tipo de manipulação do senso comum).
R$ 5 milhões? Aí no corpo da matéria se diz que é renda bruta, ou seja, uma renda com a qual o sujeito paga seus impostos, seu contador, etc. Em 10 anos, dá 50 mil por mês. Lulinha deve gastar metade disso só com advogados, para se defender das perseguições da polícia política e da mídia.
Enquanto isso, o novo presidento do STF, ministro Carmen Lúcia, dá um show de despreparo ao dizer que nenhum juiz pode ser criticado, porque isso é atacar todos os juízes e ela mesmo. Bem, Gilmar Mendes chamou Sergio Moro de cretino na boa há pouco tempo, e foi uma das raras vezes em que concordamos, aliás.
A fala de Carmen era uma resposta à Renan Calheiros, presidente do Senado, que reagiu ao ataque da PF à Casa, prendendo policiais legislativos porque eles fizeram varredura contra os grampos da polícia política.
Enquanto o desemprego aumenta, a economia desaba, e Temer despeja milhões de reais na mídia golpista, Carmen Lucia frequenta os rega-bofes da Veja para elogiar, aos risos, “a imprensa livre”…
Nas redes sociais, os internautas apelam para o sarcasmo:
Como diria Toffoli, novo cãozinho de estimação de Gilmar, as instituições estão “funcionando” muito bem.
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