por Carlos Eduardo, editor do Cafezinho
O delírio da direita golpista com a suposta “ameaça comunista” parece ter saído das páginas do Sensacionalista, mas é bem real. A impressão é de que ainda vivem no período da Guerra Fria.
A “jurista” Janaína Paschoal — aquela que recebeu R$ 45 mil reais do PSDB para elaborar o parecer de impeachment da presidenta Dilma Rousseff — está com medo de uma invasão do Brasil pela Rússia, depois que soube da instalação de uma base aeronaval dos russos na Venezuela.
Pode parecer piada, mas não é. No Twitter ela publicou o seguinte:
A paranoia anticomunista de Janaína Paschoal não é um caso isolado. A dita “intelectualidade” da direita brasileira assumiu pra si este discurso, como se ainda vivêssemos na Guerra Fria.
Rubens Fonseca, embaixador do Brasil em Washington durante o governo de FHC, membro do Instituto Millenium e figurinha carimbada nos programas de debate da Globo News, publicou no Estadão desta terça-feira (25) um artigo criticando a tentativa dos russos de influir na geopolítica da América Latina.
Sim, porque uma base russa na Venezuela não passa disso. Um contraponto dos russos à influência que os norte-americanos exercem na geopolítica da América Latina.
Se fosse assim, o embaixador teria que criticar também a presença norte-americana na Colômbia — onde os Estados Unidos mantém sete bases militares — e no Paraguai — onde planejam instalar uma base na Tríplice Fronteira com o Brasil e a Argentina, de acordo com um telegrama do Comando Sul dos Estados Unidos divulgado pelo Wikileaks em 2012.
No entanto, Rubens Fonseca é mais um “colonizado” à serviço dos Estados Unidos. Assim como FHC, que em 2000 quase entregou de bandeja para os norte-americanos a Base de Alcântara, no Maranhão. Para nossa sorte o Senado brasileiro na época rejeitou a proposta.
Não se trata aqui de torcer contra ou a favor da presença norte-americana ou russa em nossas fronteiras. O ideal é que não houvessem intervenções por ambas as partes, mas infelizmente estamos sujeitos a isso.
A elite brasileira, inclusive, sempre manteve o país como satélite das nações ricas e desenvolvidas. No passado já foi Portugal e Inglaterra, hoje são os Estados Unidos. Pouca coisa mudou de lá pra cá.
Tem que ser muito alienado, mas muito mesmo, para acreditar que os russos possam invadir o Brasil pela fronteira norte com a Venezuela.
Quem em sã consciência consegue imaginar uma tropa de russos marchando pela Amazônia, cruzando o semiárido do Nordeste, ou o cerrado do Centro-Oeste, rumo ao nosso pólo industrial em São Paulo? A própria geografia e relevo do Brasil vai cuidar dos russos pela gente. Podem ficar tranquilos.
A única possibilidade real de invasão do Brasil é pelo litoral Sul e Sudeste, onde se concentra a maior parte da indústria brasileira, as grandes usinas de energia, as principais metrópoles, toda a concentração de riqueza etc. E os Estados Unidos são a única nação que mantém ativa uma frota militar de porta-aviões, navios e aeronaves no Atlântico Sul.
O resto é bobagem de quem não entende nada de geopolítica internacional.