Onde estão os democratas?

Curitiba- PR- Brasil- 24/10/2016- O o juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, durante sessão especial na Assembléia Legislativa do Paraná (ALEP). Foto: Pedro de Oliveira/ ALEP

por Luiz Carlos Bresser-Pereira, em seu Facebook

Faço essa pergunta diante da perseguição judicial de que está sendo vítima o ex-presidente Lula. Uma perseguição que tem como protagonistas o juiz Sérgio Moro e os procuradores do Ministério Público Federal organizados sob a forma de “força tarefa”. Essa perseguição é evidente para quem quiser ver. Eu a vi no dia em que, por ordem de Moro, Lula foi conduzido coercitivamente para depor e, ao mesmo tempo, a Força Tarefa enviava um press release no qual afirmava que o ex-presidente era “o principal beneficiário” do escândalo da Petrobras, e apresentava como “evidência” o apartamento que Lula não comprou e sítio emprestado pelos amigos que foi imprudente em usar. Como seria possível ser ele o principal beneficiário de um imenso sistema de corrupção com “propinas” tão ridículas?

Há um mês Lula foi indiciado, ao mesmo tempo que o Procurador Deltan Dallagnol, em uma patética apresentação de slides, reiterava que Lula é “comandante máximo do esquema de corrupção” sem nada acrescentar às ridículas acusações.

Nesta semana Lula reagiu. Na última quinta-feira, a Folha publicou seu artigo, “Por que querem me condenar”. É o documento de um estadista, indignado e sereno.

Está na hora de os verdadeiros democratas – daqueles para quem a garantia dos direitos civis é mais importante do que seus interesses de classe ou seus interesses corporativos – juntarem-se aos protestos dos seus correligionários e dos seus advogados. Não sou do PT, entendo que esse partido cometeu um grande erro ao se envolver institucionalmente na corrupção, mas entendo que é inadmissível que membros do Estado, como são juízes e promotores, se deixem levar pelo moralismo e usem do poder do Estado contra membros do partido contra os quais não há qualquer evidência que tenham participado do esquema corrupto, como é o caso do ex-presidente Lula.

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