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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa
Foto: Pedro Kirilos
Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho
As algemas, de novo, não apareceram, mas voltaram hoje às capas do Globo, do Estado e da Folha de São Paulo os policiais todos de pretos, encapuzados, a conduzir o prisioneiro da vez. A imagem de Eduardo Cunha escoltado após exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba se destaca nas primeiras páginas, ainda que só se relacione com uma das três manchetes, talvez a mais significativa delas, do Estadão. Acima de Cunha, em foto do mesmo tamanho, o juiz federal Sergio Moro fala de pé a desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) sentados, calados. Na manchete ao lado, “Moro defende prisões e vê ameaça à magistratura”. Pede, basicamente, mais liberdade de prisão, no caso, de repressão, e como justificativa afirma que ‘processos não podem ser um faz de conta’, o que não deixa de combinar com a única citação a ele na capa do Globo de hoje: “Lava-Jato e Moro nas telas”, diz a chamada, do outro lado da capa a simbiose entre as mídias e o Judiciário se completa na chamada em que “Cármen Lúcia faz defesa da mídia”. A ministra presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) foi a principal convidada do fórum da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), onde foi aplaudida de pé, como mostra a foto acima, pelo presidente da instituição e diretor-geral de mídia impressa do Grupo Globo, Frederic Kachar.
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Depois de convocar as Forças Armadas para discutir a segurança interna do País, a presidente do STF, chefe do Judiciário nacional, compareceu ao evento da Aner, entidade representativa da grande mídia corporativo-familiar. Disse que decisões da Justiça “que podam liberdade não têm respaldo legal”, ainda que só tivesse sido inquirida por casos relacionados a profissionais da grande mídia, nada por exemplo, sobre blogueiros processados por magistrados ou por altos executivos da imprensa familiar. “Cala a boca já morreu. Não há democracia sem imprensa livre”, afirmou a ministra.
Segundo o jornal, Cármen Lúcia afirmou “que é impossível garantir o cumprimento da Constituição sem liberdade plena de imprensa.” A imprensa é plenamente livre, então, para legitimar o que está prestes a acontecer, a julgar pela capa do Estadão em que Moro defende “aplicação vigorosa da lei” para “superação da corrupção sistêmica”. Na base dos clichês genéricos de sempre, a nova cruzada do juiz de Curitiba, agora, é contra o projeto do Senado que muda a lei de abuso de autoridade. Segundo o magistrado, tal projeto pode ser “um atentado à independência da magistratura”.
Bem acima de Cunha sendo preso, a mostrar “imparcialidade” sem mexer no ninho tucano, nas figuras conhecidas do establishment do poder já denunciadas, como Aécio Neves e José Serra, Moro diz que “detenções provisórias da Operação Lava Jato são necessárias”. Quer mais liberdade, mais reconhecimento, um naco de legitimidade para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a grande mídia, plenamente livre para fazer o que bem entende, prestando contas apenas ao Judiciário amigo, seu convidado de honra, não hesita em atirar antigos aliados ao mar para dar ao juiz o apoio pedido.
“Cabral admite que ganhou joia de Cavendish”, diz mais uma chamada de capa do Globo de hoje. E se ao contrário da família Picciani, o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral não se viu livre das páginas de hoje, Merval Pereira mostra um bom motivo pra isso. “Um caso de faz de conta” é o título da coluna dele, em tabela entrosada com a expressão pinçada por Moro no TJ-PR. Merval afirma que “o caso do anel de ouro branco e diamantes no valor de 220 mil euros (cerca de R$ 800 mil) que a mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral ganhou de presente em Mônaco, na comemoração de seu aniversário em 2009, é exemplar da promiscuidade de autoridades públicas e empresários”.
O colunista do Globo aborda a “delação premiada do empreiteiro Fernando Cavendish, da construtora Delta”, para dizer que “é por essas e outras que o juiz Sérgio Moro, em uma palestra ontem, disse que para combater a corrupção no Brasil os processos ‘não podem ser um faz de conta’, e defendeu uma ‘aplicação vigorosa da lei’ e as prisões preventivas. Moro voltou a afirmar que as investigações da Operação Lava-Jato mostraram um quadro de ‘corrupção sistêmica’ na Petrobras, que pode ter se alastrado para toda a administração pública.”
Repetem-se os clichês, bate-se na mesma tecla genérica de sempre para justificar a prisão que todos esperam, sem provas, na base do powerpoint, e Merval enumera “duas medidas adotadas recentemente pelo Supremo (…) citadas pelo juiz como avanços no combate à corrupção no país”. Uma delas é a “autorização para prisão do réu a partir de condenação em segunda instância”, que pode fazer com que Lula seja preso a partir da condenação no Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF-4). Enquanto isso, Eliane Cantânhede, na capa do Estadão, diz que “Eduardo Cunha vai fazer delação, Collor está na pior e o problema é o sistema”.
Na coluna “Delação à vista”, Cantânhede cita outra chamada de capa do Estado, na qual “denúncia aponta propina de R$ 29 mi(lhões) a Collor”. O caso a envolver o ex-presidente Fernando Collor, hoje senador pelo PTC, remonta a dois contratos da BR Distribuidora, de 2010 a 2014. Na opinião da colunista, “Cunha e Collor são resultado de um sistema que premia os corruptos”. Eliane também afirma não ter dúvida de que Cunha vai fazer delação. “Ele vai e conhece como poucos as entranhas do poder”. Mais delação, mais prisão, com provas ou não, contra a corrupção. Talvez seja esse o novo velho sistema pedido pela colunista.
A outra medida do STF elogiada por Moro, segundo Merval Pereira é “a proibição de doações de empresas a campanhas políticas”, o que mostra que nem tudo é unanimidade nas hostes do golpe. Se a grande mídia vem se debatendo nos editoriais pela volta do financiamento privado, mostrando também como pode ser violenta uma eleição com candidatos empobrecidos, Moro é contrário à ideia cuja colocação em prática, é mais difícil do que se imaginava, segundo outro colunista político do Globo. Sob o título “Baratinados”, e sua nota de abertura, Ilimar Franco avisa que “o Congresso não sabe como enfrentar o tortuoso drama do financiamento eleitoral. As propostas em debate não têm apoio da opinião pública”.
De acordo com Ilimar, “um líder relata que, depois da Lava-Jato, não é palatável o retorno da doação empresarial. E que turbinar um Fundo Eleitoral, para partidos e candidatos, seria incompreensível após aprovação de um teto para cortar gastos públicos.” É a crise econômica, a recessão inevitável a prejudicar um ou outro projeto dos donos do poder, que nas manchetes de hoje do Globo e da Folha de Sã Paulo atinge em cheio os estados, também os municípios.
“Estados na penúria”, diz o Globo pra completar embaixo, em chamada auxiliar: “municípios à beira da calamidade”. A Folha trata do tema elegendo logo o principal culpado na manchete a informar que “aposentadoria faz disparar gastos de cidades e estados”. Em chamada de capa, embaixo, o Estadão conta que “estados ocultam rombo em contas de previdência”. Relatório do Tesouro Nacional mostra, segundo o jornal carioca que “governos maquiam dados, e Tesouro lista oito que gastaram acima do limite legal com pessoal. Rio declarou déficit de R$ 542 milhões com Previdência, mas Fazenda diz que valor chega a R$ 10 bi”.
Depois de apoiar incondicionalmente o governo Sergio Cabral durante quase 10 anos, o Globo usa agora a situação calamitosa em que se encontra o estado como prova de que, “para analistas, quadro mostra como é importante aprovar as reformas econômicas”. O editorial do jornal também fala hoje, no título, que “Teto dos gastos é vital para mais cortes nos juros”, isso em seis colunas, sem o contraponto do mesmo tamanho ao lado de outras edições, que hoje vai na Folha, em artigo do deputado federal Julio Delgado (PSB-MG)
“Sacrifício vai ficar com os mais pobres”, afirma Delgado logo no título do texto em que diz que “da maneira como foi apresentada, a proposta do presidente Michel Temer de impor um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos é um passo para o aumento da desigualdade social no país”. E no dia em que, como único alento ao lado contrário ao golpe, o Globo anuncia que, segundo o Ibope a “vantagem de Crivella para Freixo cai 9 pontos”, e que “disputa se acirra na reta final”, na Folha Júlio Delgado mostra que, ao contrário dos acusadores de Lula, o que mais falta ao deputados que apoiaram a PEC 241 é convicção. “Não é por convicção que muitos deputados da base apoiam a PEC 241. As ameaças do governo falam mais alto neste momento”. Nada mais natural, tem tempos de liberdade plena, total, para a repressão.
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Troll Dansa
22/10/2016 - 18h31
Cármen Lúcia vai agendar julgamento da liminar do Cardozo em defesa de Dilma ainda este ano? A negação da liminar para reempossar a Presidenta Dilma por Zavazcki inclui encaminhamento para votação pelo plenário do STF.Foi caracterizado o tal crime de responsabilidade? Cármen Lúcia pode adiar a votação até que Gilmar e Fux consigam livrar a cara do Temer e cassar só a eleição de Dilma no TSE?
Robinson Pimentel
21/10/2016 - 23h49
Diante da expressão de um sorriso bobo da cara dessa ministra, que tipo de avaliação deveríamos fazer? Será que será só isso que sobrará para nós, brasileiros?
Roberto
24/10/2016 - 01h17
O que o Brasil merece, cada deputado e senador recebeu votos o bastante para serem eleitos, cada ministro do supremo foi escolhido pelo/a presidente eleito e sabatinado no senado!
Tudo o que fizeram contra a constituição e contra a pátria é exatamente o que a pátria merece!
enganado
21/10/2016 - 18h04
O Judiciário está todo PODRE!! Se VC não têm conhecimento com alguém dentro judiciário, algum político do $$$DB / DEM / PMDB e/ou rico. Tá ferrado! Vai perder qq causa, se ganhar é porque não incomoda os donos do poder. Assim é o brazil de hoje, pós DILMA. Leis só para os 11P’s. Aguardemos mais 20 anos para termos nossas vozes escutadas.
Claudio
21/10/2016 - 17h58
Essa matéria me faz lembrar da acessão de Adolf Hitler na Alemanha.
O Fuhrer.
“Fatores como o início da Grande Depressão (1929), desemprego maciço, as humilhações do Tratado de Versalhes (1919), o descontentamento social com o regime democrático ineficaz, o apoio do povo alemão aos partidos socialistas e o temor de uma REVOLUÇÃO SOCIALISTA levaram a alta burguesia alemã, empresários e o clero a apoiarem a extrema direita do espectro político, optando por extremistas de partidos como o Partido Nazista.”
É a história.
A gente sabe como acabam os homens massificados.
Moro é um homem adaptado aos interesses maçônicos.
A diferença é que Adolf Hitler tinha efetivamente uma crise, já Moro precisou construir uma crise para se transformar nessa abominação desoladora.
É claro que ele não construiu isso sozinho, pois Moro é apenas uma vara de manobra.