Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
A prisão de Cunha é um evento longamente esperado, que chega com um atraso monumental e que, por isso mesmo, faz desconfiar de que seja o ato preparatório para outra ação. Ao prender Cunha, o juiz Sérgio Moro, veste os trajes de uma suposta neutralidade, embora essa credencial só pudesse de fato reluzir como autêntica se tivesse, perdoem o trocadilho, sido cunhada semanas atrás. Eduardo Cunha já poderia ter sido preso em 13 de setembro, quando perdeu o foro privilegiado. Mas isso não aconteceu.
Tal como o ministro Teori Zavascki levou meses para afastar Cunha, permitindo a ele atuar como o principal articulador do impeachment, a prisão de Cunha nesse momento, semanas depois da perda do foro, leva-nos a pensar que o que se faz, ou não se faz, em relação a ele, tem em mira outros alvos.
Após o vídeo em que uma mulher agride Cunha no aeroporto Santo Dumont no Rio, que viralizou rapidamente na internet, inundando a direita e a esquerda numa onde de prazer sádico compensatório, o momento político para a prisão estava dado.
Quanto a Lula, é curioso notar que a Folha de São Paulo, nos dias precedentes, inundou o UOL com matérias negativas que permaneceram horas a fio na home. Ontem, enquanto o grande escândalo eram três ministros e um ex-ministro de Temer denunciados, o dia quase inteiro teve como principal manchete uma acusação ao PT. Sobre Temer e seus rapazes, apareceu uma matéria tímida na parte inferior da página.
Portanto, ao que tudo indica, é hora de sair às ruas para evitar que Sérgio Moro, se seu ato trouxer a moral que ele procura, o faça sentir-se em condições de realizar a prisão de Lula. Muito já avisaram a Moro que esse ato marcará o seu declínio, já que se tornará uma figura supérflua. Mas isso pode não ter sido bem compreendido por ele.
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