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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa
Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho
Caiu o preço do combustível e a notícia é a manchete do Globo, do Estado e da Folha de São Paulo, a anunciar possível corte de juros e a esperada queda da inflação. O motivo de tamanha benesse para o combalido povo brasileiro é a liberdade para definir os valores a serem cobrados nas bombas, diz a grande mídia, em coro. O vilão era o controle de preços imposto pelo governo federal, à revelia do mercado, como afirma Míriam Leitão logo na chamada de capa para sua coluna, no Globo. O “controle de preços foi uma das bombas que caíram sobre as finanças da Petrobras”, diz a colunista. A projeção é de queda de R$ 0,05 no litro para o consumidor, mas a Petrobras informou também que, com a nova política de preços, independente, os valores podem “variar todo mês”, como diz o subtítulo da manchete da Folha. E variar não é, necessariamente, cair. E depois das manchetes e chamadas de ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é poupado inclusive das páginas de dentro dos jornais de hoje. Em meio ao silêncio, rumores dão conta de que a prisão de Lula é iminente, a pedido dos procuradores sem a “mínima noção de economia”, que estão ajudando a quebrar o País, como afirma o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, em entrevista à Carta Capital.
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Procurador da República, Aragão revela na entrevista seu interesse por economia, seus estudos sobre Estados falidos quando atuava no Instituto do Direito Internacional da Paz e dos Conflitos Armados de Bochum, na Alemanha, e a experiência ao lado do embaixador Sérgio Vieira de Mello no trabalho de reconstrução estatal do Timor Leste. Ex-coordenador da 5a Câmara do Ministério Público Federal (MPF), de defesa do patrimônio público, ele reiterou os “riscos à economia e ao País da inviabilização de inúmeras empresas pela Lava Jato”.
Além dos cálculos de consultorias que apontam R$ 120 bilhões de prejuízo à economia nacional provocado pela operação de Curitiba, Eugênio cita a perda de competitividade no mercado internacional, segundo ele “imensurável”. “A mão de obra que detém a tecnologia vai para o exterior na mesma hora, é capturada, não fica no Brasil. Para montar outra empresa com o mesmo ativo tecnológico, leva décadas”. Ministro do governo Dilma Rousseff de março deste ano até o afastamento da presidenta, Aragão lembrou ainda da “completa falta de medida” dos procuradores ao comparar a condenação a 43 anos de prisão do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, “pai da tecnologia nuclear no Brasil”, com a de Suzane Richthofen, que pegou 39 anos por ter sido cúmplice no assassinato dos próprios pais. “O MP precisa atuar mais como bombeiro, pra ver se a sociedade se reencontra”.
E na agenda quase obrigatória da Lava Jato nas capas dos jornais, o Globo destaca a denúncia contra o deputado federal Luiz Sérgio, “do PT”, e a Folha avisa que a “Odebrecht pode ter mais 30 delatores”. O Estadão, curiosamente, não dá uma linha sobre a operação na capa, que tem a foto enorme de um relojoeiro preparando o relógio da Estação Júlio Prestes, em São Paulo, para o horário de verão que começa à meia-noite deste sábado para domingo. A imagem vem ao lado do título da chamada, “acerte os ponteiros”, e os mais paranóicos podem até pensar em alguma mensagem subliminar, sobre a hora já sabida, segundo rumores, da prisão de Lula, enquanto os maiores partidos do golpe em curso, PMDB e PSDB, acertam os seus ponteiros caso haja, de fato, eleição.
Na mesma capa do Estadão, bem embaixo do relógio, o colunista João Domingos avisa que, “a depender da reforma política, PMDB e PSDB poderiam se fundir”. A tese, segundo Domingos, é “reforçada pela visita do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao presidente Temer”, e pelo apoio do tucano à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, a PEC do Teto nos gastos públicos. A ideia seria “consolidar no País uma forte tendência política de centro, em que costuma votar a maioria dos eleitores””, afirma o colunista do diário paulista.
No Globo, na coluna sob o título “pensando em 2018”, Merval Pereira vislumbra ainda um possível racha entre os três caciques tucanos, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, com os dois últimos flertando, respectivamente, com PSB e PMDB. Esta “é a 1a vez que os possíveis derrotados já se posicionam para deixar a legenda”, diz o jornalista que, no entanto, relata também as negociações visando 2018 de Aécio com o Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias e Investimentos do governo Temer.
Merval, aliás, abre o texto elogiando a “engenhosa” ideia de que o antigo vice Michel Temer não tem nada a ver com o presidente atual. Nascida, segundo o jornalista “da reconhecida especialidade do constitucionalista” Temer, a ideia, de acordo com Merval “vai ser ajudada pela mistura de siglas que está em gestação nas conversas para a eleição de 2018”. Na tentativa de expandir a aguardada mistura para além do esperado conluio entre peemedebistas e tucanos para todo o sempre do golpe, Merval lança no ar, até, uma chapa a ser encabeçada por Alckmin, no PSB, com Ciro Gomes de vice, pelo PDT, segundo ele “uma impossibilidade que está sendo aventada nessas especulações”.
Mas todo o jogo político depende, também, da economia, o que justifica a euforia coletiva da mídia corporativa com os cortes, anunciados pela Petrobras, de 3,2% no preço da gasolina cobrado das distribuidoras, e de 2,7% no diesel. É a primeira queda nos preços desde 2009 e as ações da Petrobras subiram 3,17%, avisa o Globo, enquanto Míriam Leitão, na coluna “Petrobras e os preços”, também comemora, ainda que deixe no ar possíveis problemas à vista no mar de rosas da “liberdade para a formação de seus preços”, exaltada pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente.
“É preciso haver competição entre os postos para que a queda dos preços chegue aos consumidores”, avisa Míriam Leitão, num dos três assuntos destacados em negrito dentro de sua coluna. A nova política torna mais atraente a fatia à venda da BR Distribuidora, diz a Folha no subtítulo, enquanto ao lado de sua manchete de capa, o Estadão informa que a Petrobras “negocia venda da Liquigás”, divisão de gás de cozinha da estatal. Avança assim o processo de desmantelamento da maior empresa brasileira, em meio aos riscos da decisão evidentemente política, sob a interferência do governo para que a Petrobras entre também na “tropa pela meta da inflação”, como lembra o jornalista Fernando Brito, do blog Tijolaço.
Citando a alta de 13,5% no preço internacional do petróleo nos últimos 30 dias, Brito lembra que “também não havia pressão inflacionária nova em setembro, quando o aumento de preços ‘deu um refresco’”, afirma o jornalista, que conclui o texto sem o otimismo de Míriam e de seus colegas da mídia familiar. “Para quem já viu este filme, o enredo é conhecido”.
Enquanto isso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela estudo que estima em R$ 868 bilhões as perdas da assistência social com a PEC 241, até 2036. E na primeira página, embaixo do otimismo com a redução do preço nos combustíveis, a Folha mostra a foto do engenheiro agrônomo Fernando Cardoso, a trabalhar com o seu notebook aos 102 anos, na ativa. Uma solução, talvez, para o rombo da Previdência.
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17Abril2016
16/10/2016 - 07h46
Esse eh o “pra frente Brasil” que o golpe-16 consegue dar
Marivane
15/10/2016 - 18h37
quero ver diminuir nas bombas de gasolina