Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho,
O ministério da Escola Sem Partido será também o ministério da escola sem meio trilhão nos próximos 20 anos. Estudo da Câmara dos Deputados concluiu que serão desviados 24 bilhões por ano da Educação, o que, fazendo as contas para os 20 anos que a PEC 241 pretende durar, somará 480 bilhões, ou seja, quase meio trilhão de reais.
Além da tragédia anunciada para a educação, esses números trazem oculto um enorme poder de destruição em massa uma vez que, no Brasil, muitos dos maiores hospitais dos estados – como o da Ilha do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – são hospitais universitários. Sem meios de atender à população, e até de evitar um fantasma debelado só recentemente, a infecção hospitalar, viveremos tempos em que os recentes surtos de zika e microcefalia parecerão brincadeira de criança.
Para o ministro que acredita que pornografia é cultura, esse valor não assusta. Aliás, para um ministro que acredita que pornografia é cultura, educação não passa de pornografia. Na verdade, o governo Temer não tem propriamente ministros, mas operadores de tratores de demolição. A missão de cada um deles não é construir, mas demolir. Foi o que, por exemplo, Alexandre de Moraes começou fazendo na Justiça, desmontado o aparato dos direitos humanos e, de modo mais amplo, as estruturas do estado de direito.
O ministério da Educação deu o pontapé inicial, como todo mundo lembra, sob o augúrio prestigioso da visita de ninguém menos que Alexandre Frota, secundado por outra ilustre figura, o líder do fascista Revoltados Online, Marcello Reis, que solenemente fizeram a entrega do projeto Escola sem Partido ao ministro Mendoncinha, como é mais conhecido. Nada, portanto, do que se verifica agora é surpresa. Já estava escrito há muito tempo no mapa astral dessa gestão ministerial.
Matéria do site Painel Acadêmico explica o furo por onde vazarão os 24 bilhões anuais no orçamento do ministério da Educação:
“Os R$ 24 bilhões correspondem à diferença do mínimo constitucional para 2017, de 18% dos impostos arrecadados pela União, fixados pelo Projeto de Lei Orçamentária, e as aplicações totais previstas, observadas as regras impostas pela PEC 241/2016. Em 2017, a previsão é que o governo invista além do limite constitucional. De acordo com os cálculos da consultoria, cerca de R$ 24 bilhões representam o investimento extra, que fica descoberto com as regras da PEC. Esse investimento a mais não é obrigatório para a União e seguirá sendo opcional com a aprovação da PEC.”
Enfim, da forma mais clara, à céu aberto, o governo Temer prepara a depredação total do país em apenas 24 meses. Não se trata de mudanças de superfície, cosméticas, mas do desmonte de estruturas essenciais, laboriosamente construídas ao longo de décadas, que não serão facilmente recuperadas ao fim da presidência de Michel Temer. Assistir passivamente, sem ocupar as ruas, a efetivação dos projetos desse governo, será um crime quase tão grande quanto os que ele comete.
Caro leitor, com apoio do Cafezinho estou criando a página MÁQUINA CRÍTICA. O convido para visitar e curtir, ajudando a divulgar o projeto. Abraços. Bajonas Teixeira.