Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
Mesmo o julgamento político, se não estamos num país de psicopatas – sejam jurídicos ou midiáticos – deve ter um limite. No Brasil, porém, sem qualquer temor pelo ridículo que é a repetição indefinida do mesmo, vão se multiplicando as grotescas denúncias contra Lula.
Aqueles gestos involuntários, maníacos, e automáticos, que um psicótico costuma realizar em seu circuito irrefreável de repetições, o Judiciário exercita diante do nosso nariz, sem que nenhum psiquiatra ouse avançar um diagnóstico.
Veja-se o calendário das repetições automáticas anti-Lula e PT das últimas semanas:
- A denúncia contra Lula, apresentada num grande show midiático para causar abalo, feita no dia 14 de setembro.
- A aceitação dessa denúncia pelo Juiz Sérgio Moro, tornando Lula réu pela segunda vez, no dia 20 de setembro, o que também teve vasta cobertura na mídia, como não poderia deixar de ser.
- A prisão do ex-ministro de Lula e Dilma, Guido Mantega, no dia 22 de setembro.
- A prisão do ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-Ministro da Casa Civil de Dilma, Antonio Palocci, no dia 26.
- A aceitação pelo STF da denúncia contra Gleisi Hoffmann e de seu marido, Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento de Lula, e ex-ministro das Comunicações de Dilma, no dia 27.
- A decretação, por Sérgio Moro, da prisão preventiva, por tempo indeterminado, de Palocci, ontem, no dia 30.
- Hoje, 13 de outubro, a aceitação da terceira denúncia contra Lula.
Um mínimo de sensatez levaria o sistema de Justiça, em qualquer lugar, mesmo os menos parciais, a perceber que a insistência no mesmo, a partir de certo momento, é prova indiscutível de insanidade. Nesse instante, mais que justiça ou injustiça, se demanda um atestado médico que prove que não estamos lidando com instituições loucas.
Mas no Brasil, as elites estão tão cegas no ataque ao pano vermelho, que permitem que seus juízes destruam mesmo os menores resquícios que ainda restam de crédito na justiça no país.
Será que acreditam que dá na mesma? Depois do show de incoerências e baboseiras regadas a PowerPoint do procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dellagnol, parecia impossível que o surto frenético não se detivesse, ao menos para não carimbar na testa uma prova ululante de estupidez.
Na verdade, a exasperação da idiotia levou mesmo a certa depressão nas cidadelas do golpe, na mídia e na política, mas isso durou só o tempo de preparar novas emboscadas. O estapafúrdio de uma Denúncia demente, como o foi a do dia 14 de setembro, se resolveu de forma muito simples: criando outra ação da justiça, não menos esdrúxula. Assim, atropelando o estapafúrdio com o esdrúxulo, e o ridículo com o absurdo, se vai transformando em escombros qualquer percepção jurídica razoável.
Bastaria a concentração extravagante de tantos fatos, em menos de um mês, como vimos no calendário acima, para nutrir as mais sérias desconfianças em relação à justiça brasileira. O que Lula fará eu não sei, mas eu não aguardaria o veredito para concluir que essa justiça não pode produzir justiça.
Ps: A imagem que ilustra esse artigo, e que fala por si, foi usada por Josias de Souza, da Folha de São Paulo, em post recente.
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