Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
Ontem a Globo não informou no portal do G1 que se trabalhava para que a votação da PEC 241 fosse aprovada em ritmo relâmpago, ainda na noite da segunda-feira. Não se viu nenhuma manchete denunciando as intenções do governo Temer. No UOL apareceram sinais, embora tênues, de que o governo Temer estava trabalhando nos bastidores para votar a PEC. Mas nada foi dito sobre a o ritmo frenético imposto para que a votação fosse concluída à noite, sem qualquer adiamento. Nos blogs da esquerda, raros sinalizaram nessa direção.
O resultado foi que muita gente foi pega de surpresa com a aprovação da PEC, embora, como é claro, fosse a ação mais óbvia e previsível do governo Temer. Para quem observou o andamento do ponto de vista da esquerda, é forçoso concluir que ela foi vencida sem esboçar reação digna de nota. No futuro, isso pode aparecer como uma derrota decisiva e esmagadora. Um marco negativo na história da esquerda brasileira. Mais ainda por se tratar de uma política que, além de mexer na Constituição, define um programa econômico draconiano para os pobres nos próximos anos.
O que foi decidido, em primeira votação, foi sobre que ombros se lançará o peso da solução para a crise econômica, e quem sofrerá, ao longo de duas décadas, todas as consequências nefastas da política de Temer para “colocar o Brasil nos eixos”.
Ontem, enquanto estava sendo tratorado por sua total falta de previdência e argúcia, o PT denunciava que o governo Temer conduzia a votação “a toque de caixa”. Ora, quem poderia imaginar que fosse de outro modo? Só o mais perfeito idiota. E foi esse o papel que o PT fez.
Ao ser surpreendido pelo ritmo impresso à votação da PEC, denunciou sua própria incapacidade de conduzir a luta contra o golpe, e de ser uma oposição eficaz ao governo Temer. Ninguém imaginaria haver a mais remota chance da esquerda vencer na votação da PEC na Câmara. A questão não era essa. Era a da luta política que, como se sabe, não se esgota em votações dentro dos parlamentos.
Difícil de entender é que o PT não se tenha mobilizado, de modo suficiente e a tempo, e mobilizado suas bases sociais. Numa guerra, e isso já aconteceu incontáveis vezes na história, os generais que não preparam seus soldados mantendo-os prontos para entrar em combate vão parar nas cortes marciais. O resultado obtido pelo partido no dia 02 de outubro, mostra que a história brasileira já montou uma corte marcial para efetuar o julgamento do PT.
Havia sinais consistentes de que o governo Temer faria a votação? Evidente. Isso se deduzia da relativa vitória do PMDB, que obteve muitas prefeituras, embora a maioria em cidades com menos de 200 mil habitantes. E a isso se somavam a vitória consistente do PSDB, por um lado, e o encolhimento aberto do PT, por outro. Na verdade, já se anunciava dentro do governo Temer que seria a hora de aproveitar o desnorteamento do PT para aprovar a PEC.
Tudo foi anunciado. O lamentável veio, sobretudo, da prostração de um partido que assistiu quase inerme à mais aberta conspiração de classe para, com medidas que não escondem nada, desonerar inteiramente as elites, como se vivendo em Marte nada tivessem que ver com as origens da crise econômica no Brasil, e jogar todo o peso sobre os trabalhadores e os pobres do país.
Um marco muito concreto, muito nítido, disso que se chama “luta de classes”. Uma iniciativa que fará, quando cumpridos todos os passos requeridos, o relógio da história retroagir três décadas, em vingança contra a presença dos pobres na política brasileira nos últimos quinzes anos. Exatamente nesse momento, o PT fracassa vergonhosamente e só consegue ir ao …. STF para pedir ajuda!
Como ir ao STF se, como ocorreu nas últimas cento e cinquenta vezes que o PT e Lula foram ao STF, suas demandas foram liminarmente negadas? Foi como ir à casa do incendiário clamar por ajuda para apagar o incêndio. Ridículo.
O PT torna-se a nova Mula Sem Cabeça da política brasileira. E isso, para piorar, justamente no momento em que precisa enfrentar alguns Cavaleiros do Apocalipse.
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