Por Tadeu Porto (@tadeuporto)*, colunista do Cafezinho
Foi assustador.
As análises consonantes com meus pensamentos (e coração apertado) que encontrei até agora são do Azenha, no Viomundo, e Fernando Brito, no Tijolaço, e as compartilho para que ainda não saiu do bar preso no ciclo vicioso dos 10% [Garçom troca a Globo News que a eleição me faz sofrer e o coração não aguenta…].
Por aqui no Cafezinho, nosso editor chefe, Miguel do Rosário, resolveu inovar (pra variar rs) e fazer um vídeo com o também colunista, Theo Rodrigues, comentando os resultados. Ficou bem bacana e eu recomendo dar uma visitinha lá na página do Cafezinho no Facebook.
Pra mim é incontestável: no geral, foi uma grande derrota da esquerda.
Não dá pra mentir, disfarçar, e tenho certeza que sequer adiantou colocar em forma de canção para soar melhor [detalhe: nesse momento estou plugado na playlist “life sucks” do Spotify]. O crescimento dos partidos de aluguel, da “apolítica”, da direita e do fascismo nas eleições municipais é de preocupar qualquer um.
O fato das maiores capitais do país terem: um “gestor”, Dória em São Paulo, e um ex-ARENA, ACM Neto em Salvador, já eleitos em primeiro turno; e disputas de segundo turno que envolverem favoritos como a direita privatista tucana com João Leite em BH e Nelson Junior em PoA, um fundamentalista no RJ, Crivela da Universal derrubam o ânimo de qualquer um.
Mas o clima está tão pesado, em qualquer cidade do Brasil, que vou dedicar minhas palavras com foco no meu otimismo cotidiano e tentar apresentar, de maneira semelhante ao nosso.
A começar pelo argumento, muito bem estruturado pelo nosso colunista Bajonas: o PMDB sofreu uma clamorosa derrota. Tal fato, além de ser uma vitória a mais contra o golpe, abre um caminho grande para o fratricismo liberal, cuja disputa de olho nas próximas eleições (que particularmente não acredito que chegue até 2018) podem atrapalhar o avanço efetivo desta agenda.
Fica de positivo, também, os fracos nomes que apareceram para representar a onda de direita, afinal, não vejo algum tipo de Carlos Lacerda, Paulo Francis ou Delfim Neto nas figuras políticas que emergiram das cinzas. Fica difícil acreditar, por exemplo, no futuro de um político tão boçal quanto João Dória Jr, mesmo sabendo da semelhança do seu caso com o também fraco empresário Márcio Lacerda em BH em 2008, que só foi acabar esse ano (Lacerda tinha apoio de Aécio e Pimentel e Dória está escorado num isolado Alckmin).
E claro, a grande novidade – e esperança – vai para o avanço do PSOL, principalmente na figura do candidato carioca, Marcelo Freixo. O deputado estadual do Rio representa a nova maneira de fazer política, focada na internet e nas ruas, totalmente contrastada com a alta coalizão de Dória, oito partidos e 20min de televisão, dependente de amigos empresários para a velha campanha focada em doações que garantem muito marketing e pouca proposta.
Se existe disputa entre o velho e o moço, com forte chances de vitória para este tento em vista a política saturada e desgastada praticada no país, a esquerda começou a corrida com um pezinho na frente.
E finalizo por aqui, destacando que na playlist que citei acima, em algum momento randômico, escutei a música I won’t give up, do Jason Mars.
De hoje até o fim do segundo turo: Uh! Freixo 50!!
*Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense