Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
Observando a acumulação de medidas anti-Lula e PT nas últimas semanas, a começar pela denúncia do dia 14 contra o ex-presidente, percebe-se um óbvio espírito de correria. E a explicação não pode ser outra senão a vontade da Lava Jato de produzir um efeito aniquilador contra o PT nas eleições desse domingo.
Em resumo, depois da denúncia contra Lula, tivemos: 1) a aceitação por Sérgio Moro dessa denúncia, que fez de Lula réu pela segunda vez, no dia 20 de setembro, 2) a prisão de Mantega, no dia 22, 3) a prisão de Palocci no dia 26, 4) a aceitação pelo STF da denúncia contra Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, no dia 28 e 5) a decretação da prisão preventiva, por tempo indeterminado, de Palocci, hoje, dia 30. Como se vê, uma calendário de quem tem pressa.
Cada uma dessas obras, deixa entrever claramente a gritante falta de qualidade do trabalho jurídico apresentado.
Na denúncia do dia 14, por exemplo, tivemos o cômico PowerPoint, com todos aqueles ridículos gráficos apontando para Lula. A qualidade de todo esse material risível, denunciava a imensa falta de cuidado com os detalhes. Na verdade, para falar em bom português, todos esses fios desamarrados denunciam o que se chama, pura e simplesmente, de trabalho porco.
Na manhã do dia 14 se lia na Folha uma matéria que informava que a Lava Jato queria apresentar “pelo menos” uma denúncia contra Lula, e que para isso os trabalhos entraram pela noite do dia 13. Mas não se dizia que pretendiam apresentar a denúncia já no dia 14:
“A força-tarefa da Operação Lava Jato tem buscado concluir nos últimos dias pelo menos uma denúncia criminal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os trabalhos entraram pela noite desta terça-feira (13).”
Qual o sentido de toda essa correria? Nada mais evidente: cumprir um calendário para causar o maior prejuízo político possível ao PT nas eleições que acontecem agora, no dia 02 de outubro. Foram duas semanas de pancadaria da grossa, sem interrupção, com a mídia martelando o jargão da nova política brasileira (prisão, denúncia, operação, réu, preventiva, etc.) ao sabor do calendário acionado pela Lava Jato.
Aliás, é um caso interessante esses das prisões e Mantega e Palocci. Os procuradores da Lava Jato sabiam que, pela legislação brasileira, a partir do dia 27, nenhum eleitor poderia ser preso, apena detido. Ao que parece, para driblar esse dispositivo, a Lava Jato tratou de prender os dois antes. No caso de Palocci, uma dia antes da data limite.
Foi com muito cálculo que se preparou mais essa para o PT. E, ao que parece, o partido não contava nem se preveniu para essa eventualidade. Aliás, é estranho o número de vezes que o PT é pego de calças curtas, desprevenido e perplexo. E, o que mais espanta, é que seus inimigos nem parecem ser tão espertos assim.
Caro leitor, com apoio do Cafezinho estou criando a página MÁQUINA CRÍTICA. O convido para visitar e curtir, ajudando a divulgar o projeto. Abraços. Bajonas Teixeira.