Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
Todos estão pedindo a cabeça de Alexandre de Moraes, na direita e na esquerda, na mídia e fora dela, na Globo e na Folha. É uma das situações de consenso mais generalizado nos últimos tempos. Na história, uma das coisas mais banais é a cegueira diante de um risco político trágico. Foi assim, com um certo cabo em Munique, que todos menosprezaram vendo nele apenas um palhaço de bigodinho cômico.
Mas no Brasil hoje, essa seria a última coisa a se dizer. Ninguém, ao que parece, está subestimando o perigo chamado Alexandre de Moraes. Em especial, depois das suas fanfarronadas antecipando operação da Lava Jato em evento eleitoral do PSDB. Para se ter uma ideia da amplitude da repulsa, Alexandre Garcia, uma dos jornalistas mais identificados com os imperativos da Globo, pediu ontem em seu programa de rádio a demissão do ministro.
“Não sei se ele recebeu um cala a boca do presidente, que disse que o assunto está encerrado. Mas é motivo para um ministro desses não continuar no ministério da Justiça.”
Josias de Souza, o articulista da Folha de São Paulo, escreveu na segunda-feira em seu blog em tom de quase desespero:
Se o ministro discorda dos desejos do chefe, pede para sair. Se faz o contrário do combinado, é mandato embora. Quando o presidente se irrita com seus ministros e eles vão ficando nos cargos, a irritação torna-se o caminho mais curto para a desmoralização.
Juca Kfouri deixou o futebol de lado e fez um post com o título Urge demitir o ministro da Justiça:
“Convenhamos que diante de tal ministro da Justiça, discutir arbitragem de futebol no Brasil passa a não ter nenhuma importância.
Terá Michel Temer a coragem de demiti-lo?”
Não. Temer não teve coragem de demitir. Ele preferiu o caminho mais curto, o da desmoralização. É possível que a base da escolha seja o enraizamento de Alexandre de Moraes no PSDB de São Paulo, e sua função orgânica, como construtor de um estado policial. Em SP, ele já havia mostrado, com a retirada violenta dos estudantes que ocupavam escolas, seu desprezo pelo estado de direito.
No ministério da Justiça, infiltrou agentes para prender os “terroristas” e fazer aquele show lamentável nas vésperas das Olimpíadas. Logo depois, vimos outro infiltrado, o capitão do exército ‘Balta Nunes’, armando ciladas para prender manifestantes inocentes. Uma possível “ação conjunta” entre o ministério da Justiça e o Gabinete de Segurança Institucional, está sendo apontada nesse episódio.
Alexandre de Moraes é um tentáculo essencial do poder de Temer. Seu segurança. O homem mais adequado para agir como neo-bandeirante para as elites do capital em São Paulo, pronto a impor a ordem à ferro e fogo, sem qualquer escrúpulo. E, inclusive, pode, dependendo do andar da carruagem, ser o homem escolhido por essas elites para ser o sucessor de Temer. Foi por tudo isso que sua cabeça não rolou.
Caro leitor, com apoio do Cafezinho estou criando a página MÁQUINA CRÍTICA. O convido para visitar e curtir, ajudando a divulgar o projeto. Abraços. Bajonas Teixeira.