Cena do filme Carandiru, 2003 (Foto: Marlene Bergamo/Divulgação)
por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
A frase é do juiz Marcelo Semer: ‘Podemos escolher entrar num Estado policial. O que não podemos escolher é sair dele’.
Depois que um conluio macabro entre a mídia oligopolizada, o sistema de justiça e parlamentares aproveitadores rasgou a constituição e derrubou a democracia brasileira, as portas para o autoritarismo ficaram escancaradas.
Decisão de ontem do Tribunal de Justiça de São Paulo anulou os julgamentos que condenaram 74 policiais pelo massacre do Carandiru, em 1992.
O relator do processo, o desembargador Ivan Sartori, afirmou que não houve massacre, mas legítima defesa.
Uma legítima defesa peculiar, digamos assim: 111 presos foram mortos; 84 deles ainda não tinham sido condenados; 90,4% das vítimas foram alvejadas na cabeça e pescoço; nenhum PM morreu (fonte: Agência Brasil, aqui e aqui)
A PM brasileira não é só polícia, mas legisladora e julgadora: está acostumada a instituir e decretar a pena de morte para os alvos de sempre, os pretos e pobres.
Cinco dias após o massacre do Carandiru, adivinhem quem foi nomeado secretário de Segurança do estado de São Paulo: ele mesmo, Michel Fora Temer.
Ao assumir o posto, o atual presidente golpista afirmou que recomendaria ao comando-geral da Polícia Militar repouso e meditação para os envolvidos em ações como o massacre.
Simbólico.
Depois do golpe na democracia o Tribunal Regional Federal da 4ª Região já decidiu que a Lava Jato está acima da lei.
Agora o TJ decreta que o que houve no Carandiru não foi massacre, mas legítima defesa.
A escolha já foi feita, estamos vivendo sob um Estado policial.
O problema agora é como sair dele.