Jean Wyllys prega o fim da unidade da esquerda no Rio de Janeiro

Por Theo Rodrigues, colunista do Cafezinho

 

“A esquerda só se une na prisão”. Eis aí uma frase que a sabedoria política conhece há algum tempo e que os partidos políticos da esquerda teimam em reafirmar com seus atos cotidianamente.

No dia 3 de junho deste ano, os quatro principais partidos da esquerda carioca – leia-se PT, PcdoB, PSOL e REDE – reuniram-se em torno de um pacto até então inédito na história da cidade.

A partir da avaliação consensual de que as três candidaturas postas para a disputa da prefeitura em 2016 – Jandira Feghali, Marcelo Freixo e Alessandro Molon – eram legítimas, os partidos ali reunidos decidiram por um pacto de não agressão no primeiro turno, uma aliança em torno do candidato que fosse ao segundo turno e a construção permanente de um programa unificado para a cidade.

Infelizmente, o pacto parece não ter durado muito mais do que três meses.

Hoje, em sua conta no Facebook, o deputado federal do PSOL, Jean Wyllys, rompeu o acordo firmado entre as forças políticas e sociais da esquerda carioca.

Claro, sinais de que o rompimento poderia ocorrer já podiam ser observados em algumas brigas de militantes do movimento estudantil.

Contudo, um ataque partindo de um dirigente nacional do partido como Jean Wyllys não era esperado.

Descompromissado com a aliança da esquerda no Rio, o texto de Wyllys agride a líder comunista quando diz o seguinte:

“A verdade é que a candidatura da Jandira tem como única finalidade disputar parte do eleitorado de esquerda que vota no PSOL e ajudar Pedro Paulo, candidato do PMDB, a passar para o segundo turno”.

Ora, mas de onde Jean Willis tirou essa acusação?

Quem tem acompanhado a agenda de Jandira verá que a maior parte das suas atividades de campanha tem acontecido na zona oeste e na zona norte da cidade.

Aliás, o principal comício de sua campanha, que contará com a presença do presidente Lula, acontecerá na próxima segunda-feira, 26/08, em Bangu.

Ou seja, Jandira não está disputando o eleitorado de Freixo na zona sul da cidade, como Wyllys acusa.

Ao contrário do que Wyllys diz, Jandira tem sido a principal adversária da campanha do PMDB nas regiões populares do Rio.

Após o grave retrocesso democrático imposto pelo impeachment de Dilma Rousseff, o segundo turno para a eleição do Rio poderia significar um exemplo para o Brasil.

Um segundo turno onde movimentos sociais e partidos políticos de esquerda poderão se encontrar – seja com Jandira, Freixo ou Molon – e mostrar ao resto do Brasil que a unidade é possível.

Só nos cabe esperar que Jean Wyllys não tenha estragado tudo isso.

Theo Rodrigues: Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.
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