(Charge: Vitor Teixeira)
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
O exército de zumbis midiáticos comemora mais uma prisão como se fosse um gol.
Onyx Lorenzoni, deputado do DEM, fala que as críticas são ‘mimimi’, numa atitude incrivelmente madura para um parlamentar.
Mas as evidências de que a prisão de Mantega é mais uma ação política da Lava Jato, visando prejudicar o PT e junto com ele toda a esquerda nas eleições municipais que acontecem em poucos dias, estão escancaradas.
Vejamos.
A ordem de prisão temporária foi dada por Moro em 16 de agosto. A desculpa para o seu cumprimento só agora, mais de um mês depois, é que a PF estava envolvida nas Olímpiadas e não teria efetivo para realizar a prisão antes.
Ora, a prisão temporária é autorizada pela lei quando for ‘imprescindível para as investigações do inquérito policial’, ou seja, para que o investigado não possa atrapalhar as investigações (as outras hipóteses autorizadoras não se enquadram no caso de Mantega nem mesmo em tese).
Qual o sentido de cumprir a ordem de prisão temporária mais de um mês depois, quando o investigado já teve mais de 30 dias para destruir provas e atrapalhar as investigações?
Logicamente, nenhum.
Mas as eleições estão aí, e sem a ajuda do aparato midiático e das ações políticas da ‘Justiça’ a direita não sobrevive às urnas.
Mantega foi preso por causa de um depoimento de Eike Batista.
Mas Eike Batista não acusou o ex-ministro no seu depoimento, conforme apurou o jornalista Fernando Molica.
Moro distorceu o depoimento para prender Mantega.
Eike tentou entregar uma lista com doações feitas a vários partidos, de cunho ‘oficial e privado’, mas os procuradores apenas ignoraram (a semelhança com o vídeo do Porta dos Fundos é incrível).
Já Aécio Neves, citado por vários delatores diretamente como integrante de esquemas de desvios de dinheiro público, simplesmente não é incomodado.
Cunha, que está sob a jurisdição de Moro após a cassação do seu mandato de deputado, envolvido em inúmeros crimes, permanece tranquilamente solto também.
A revogação da ordem de prisão de Mantega, feita por Moro depois da enxurrada de críticas que recebeu, é mais uma evidência de que a prisão é política: como os requisitos que autorizam a prisão estavam presentes pela manhã e sumiram ao meio-dia?
O timing da Lava Jato sempre coincide perfeitamente com a agenda política da direita.
Ontem, dia em que foi cumprido o mandado de prisão de Mantega, foi o dia da paralisação nacional convocada pelas centrais sindicais contra o governo golpista, mas ninguém viu isso no noticiário porque ele estava todo ocupado com mais uma ‘prisão manchete’ de Moro.
Às vésperas das eleições virou padrão um ataque pesado ao PT vindo da Lava Jato e amplificado histericamente pela mídia cartelizada.
A ‘Justiça’ e a mídia interferem no processo eleitoral e deturpam a democracia sem que haja maiores consequências.
Mas o seu amigo coxinha acha que tudo isso é ‘mimimi’.
Guilherme Boulos definiu bem a situação: ‘já foi o tempo em que acreditar na isenção da Lava Jato era caso de ingenuidade. Agora é pura má-fé.’