Foto: Beto Barata/PR
Grande mídia ignora confissão de Temer, exceto por acusação falsa de colunista do Estadão
por Glenn Greenwald, no The Intercept
Ontem, Inacio Vieira do The Intercept Brasil expôs uma das mais significativas provas das verdadeiras motivações por trás do impeachment da presidente eleita, Dilma Rousseff. Em palestra para um grupo de empresários e dirigentes da política externa americana, o atual presidente, Michel Temer, admitiu que não foram as pedaladas fiscais que deram início ao processo de impeachment, mas a oposição de Dilma à plataforma neoliberal, composta de cortes em programas sociais e privatizações, proposta pelo PMDB.
Mas o que é ainda mais revelador do que o casual reconhecimento das motivações golpistas de Temer é como a grande mídia brasileira — unida em torno do impeachment — ignorou completamente o comentário do presidente. Literalmente, nenhum dos inúmeros veículos do Grupo Globo, nem o maior jornal do país, Folha, e nenhuma das revistas políticas sequer mencionou os comentários surpreendentes e incriminadores de Temer. Foi imposto um verdadeiro apagão. Enquanto diversos jornalistas e sites independentes abordaram a admissão do recém-empossado, nenhum dos grandes veículos de comunicação disse uma só palavra.
A única exceção à cortina de silêncio que se fechou foi a colunista do Estadão, Lúcia Guimarães, que investiu horas no Twitter humilhando-se, num enorme esforço em negar que Temer havia dito o que disse. Começou por insinuar que o The Intercept Brasil teria feito um “corte” suspeito no vídeo que alterava sua genuinidade — basicamente acusando Inacio Vieira de cometer uma fraude — sem apresentar nenhuma prova quanto a isso. Tudo em função de proteger Temer.
Após um colunista da Folha enviar um link para o vídeo completo, Lúcia escreveu que só poderia acreditar que Temer havia feito a afirmação quando visse os drivesoriginais das câmeras exibidos simultaneamente. Ela acrescentou que o que torna suspeita a reportagem é o fato de Temer ser um autor de um best-seller de direito constitucional, que não diria um “despautério” desses. Apenas quando a transcrição oficial completa do Palácio do Planalto foi publicada, a colunista finalmente admitiu que Temer havia dito a tal frase, mas, em vez de retratar as acusações falsas ou se desculpar com Inacio Vieira e com o The Intercept Brasil por ter sugerido que o vídeo teria sido fraudado, ela apenas publicou a parte relevante do discurso de Temer, como se ela mesma tivesse descoberto a citação e estivesse informando seus seguidores. Mesmo após admiti-lo, a jornalista alegou de forma ligeiramente amargurada que os oponentes do impeachment estavam transformando a questão em um carnaval e comemorando a revelação.
Mesmo tento sido forçada a fazê-lo por ter se complicado para defender Temer, ao menos uma colunista do Estadão reconheceu a existência de uma reportagem de tamanha importância. O resto da grande mídia brasileira a ignorou por completo. Imagine a seguinte situação: o recém-empossado presidente de um país admite para uma sala repleta de oligarcas e imperialistas que ele e seu partido deram início ao processo de impeachment da presidente eleita por razões políticas e ideológicas, e não pelos motivos previamente alegados. Toda a grande imprensa brasileira finge que nada aconteceu, se recusa a informar os brasileiros sobre a admissão do presidente e ignora as possíveis repercussões sobre o caso do impeachment.
Há um motivo para a organização Repórteres Sem Fronteiras ter reduzido a posição do Brasil em seu ranking de liberdade de imprensa para 104 e denunciado a grande mídia corporativa como uma ameaça para a democracia e liberdade de imprensa no país. Como explicou a ativista brasileira Milly Lacombe: “Temer confessa o golpe, existe uma gravação com a confissão e nossa mídia corporativa esconde o que ele disse. Tá bom ou precisa de mais?” Um dos mais palpáveis exemplos foi dado através deste lamentável silêncio.
moizés montalvão
14/02/2020 - 13h49
O fato do verdevaldo reclamar que ninguém deu atenção à “denúncia” de Temer, nem mesmo o tradicional aliado verdevaldiano (a Folha), indica duas coisas: 1) que a alegação de Temer é muito alucinada; 2) que o Intercept, que nunca foi importante, agoniza tragado por suas próprias ilações doidivanas…
Vera Sueli Urbine Miranda
24/09/2016 - 23h12
Póde ser ignorância minha mas, o local onde ele fez estas afirmações, só tinha pessoas que queriam um Brasil de quatro! Daí o erro foi não saber que o discurso era público!
JDB
24/09/2016 - 22h07
É sério isso?
Milly Lacombe é ouvida na reportagem como uma autoridade no jornalismo?
Rogério Ceni mandou lembranças.
Cláudio Lapolli
24/09/2016 - 12h46
!!”
Paulo Lima
23/09/2016 - 20h04
Guy de Maupassant foi um grande escritor francês no séc. 19, autor dos mais profundos e instigantes contos que descrevem a miséria humana de então. Em seu doc-romance Bel-Ami, descreve a imbricação do jornalismo com o desenvolvimento do capitalismo na França em seu período de expansão colonial imperialista na África…No Brasil, quase 2 séculos passados, jornalistas ainda, du Bourgois, de tudo não fazem para, transformando ficção em realidade, ainda serem bel -ami, du Roy ou Duroy, cegos pelo poder e brilho, do vil metal. Cada sociedade, modo de produção, gera bens característicos, e igualmente respectivas mazelas. O capitalismo, cruelmente, porque desprovido da justa razão humana e eivado na concupiscência, fuck all time, a todos, sem se importar com o Outro. Sujeito sem Verdade, o fascismo e a tirania, em qualquer lugar ou tempo, sempre serão humanamente rejeitados. Guy de Maupassant também foi jornalista, mas como contista é que ganhou, no texto, a eternidade. Fora Temer! Eleições Gerais Já! E no Rio, David Miranda, vereador e Jandira Prefeita!
Dan Moche Schneider
23/09/2016 - 16h24
Traíra golpista.
João Ostral
23/09/2016 - 15h57
Não é só o Serra que está com demência avançada, o Temer mostra claros sinais também. Tamo ferrado. Entregues a um bando de loucos.
Atreio
23/09/2016 - 15h16
temos q dar um basta nisso.
todos nós juntos. fortes.
grandes. cada vez maiores.
os ratos não tem fôlego nem capacidade para impedir.
CORAGEM SEMPRE
TEMER JAMAIS
Torres
23/09/2016 - 15h14
o viés político mudou.
Dilma não acompanhou, perdeu apoio político.
crise econômica, estelionato eleitoral, inflação galopante, deficit fiscal…
Dilma caiu.
João Ostral
23/09/2016 - 15h58
Outro demente.
Torres
23/09/2016 - 16h58
outra vez sem argumentar nada?
coisa mais inútil.
Miriam Andrade Guimarães
24/09/2016 - 00h14
Torres não veja a política como uma gangorra! Dilma caiu porque não quis trair o povo brasileiro. Isso muito me honra! Diante de uma Presidenta , que sofreu Impeachment, sem crime de responsabilidade fiscal, sugiro que os 54,5 milhões de brasileiros exijam do STF, acovardado que anule o IMPEACHMENT,Em nome da DEMOCRACIA, Diretas, já , só se a Presidenta eleita quiser. Só as Políticas inclusivas e nacionaldesenvolvimentistas do PT, tendo no comando Dilma Rousseff construirão a verdadeira Ponte para o Futuro soberano do Brasil!
Torres
24/09/2016 - 00h52
Miriam, Dilma traiu seus eleitores quando fez uma campanha milionária paga com caixa 2.
já não tinha apoio popular há muito tempo, muitos dos que votaram nela se arrependeram.
Diretas já é algo inconstitucional, então precisaria que Temer renunciasse e que o congresso aprovasse uma emenda constitucional, algo que não vai ocorrer.
as políticas do PT destruíram nossa economia, que estava razoavelmente estabilizada.
lamento, mas não defendo o PT de forma alguma.
foi um partido em que acreditei e que, em minha opinião, traiu a todos que acreditam em seu discurso.
Marcus Padilha
23/09/2016 - 18h34
ah claro. tinha me esquecido que o brasil eh um pais parlamentarista…
Torres
23/09/2016 - 18h36
não se esqueça do seguinte, o presidencialismo é de coalizão.
Dilma não tinha mais coalizão.
perdeu o poder, de fato, assim.
e por consequência, perdeu o cargo.
Miriam Andrade Guimarães
24/09/2016 - 00h28
Que eu saiba o Presidencialismo não tem como pressuposto que o vice-presidente traia a Chefe da Nação eleita por 54,5milhões de brasileiros! Ninguém se casa com alguém, pensando que será corno ! Ou pensa???
Torres
24/09/2016 - 00h57
Miriam, o PMDB sempre foi o partido mais tosco do Brasil.
o PT traiu e foi traído, afinal em 2014 traiu o PMDB lançando Chinaglia para concorrer ao cargo de presidente da Câmara, em uma clara traição do acordo que fizeram.
eu nunca confiei no PMDB.
e sei que o PT e o PMDB se aliaram para manter o poder e para roubar as estatais.
PT e PMDB se deram muito bem juntos, roubando juntos, fodendo o país juntos.
ninguém se casa com uma prostituta pensando que ela vai agir como uma freira.
nesse caso, o casamento foi no bordel e a comemoração foi feita com muito dinheiro.
Miriam Andrade Guimarães
24/09/2016 - 00h23
Os golpistas não esperaram as eleições de 2018!!! Esses deram o Golpe parlamentar, judiciário e midiático!!!Todos patrocinados pelas multinacionais do Petróleo, já que o viés político desse Golpe, também, trouxe uma mudancinha básica no “BRAZIL”, Toma jeito, desligue a REDE BOBO e vai procurar saber mais sobre a História do Brasil e do Mundo!
Torres
24/09/2016 - 00h54
Miriam, eu acompanho todo o discurso da esquerda lendo muito dos sites progressistas.
só vejo discurso político por aqui.
Dilma, sem apoio popular e político, já não governava.
era uma verdadeira zumbi ocupando o cargo de presidente.
era preciso mudar.
Diogo Palmeira
24/09/2016 - 15h32
Rapaz. Até poderia me juntar ao pessoal que diz que é injusto, ilegal (e é). Mas pense, Dilma não perdeu apoio por imcompetência, e sim por uma sabotagem sistemática e traiçoeira. O Dólar chegou a esses patamares por questão politica. A lava-jato é política. Pautas-bombas? Cunha? Ou você revê seus conceitos, ou apenas admite que vale tudo pelo poder, inclusive sabotar o país.
Torres
24/09/2016 - 15h40
perdeu apoio pq quis comandar a câmara, traindo o pacto com o PMDB.
isso tudo é anterior ao que vc diz, Diogo.
as causas estão lá atrás, antes de dolar, pautas bomba e etc.
e a realidade é que vale tudo pelo poder.
Dilma fodeu o Brasil para ganhar a eleição. fez de tudo pelo poder.
seus adversários não seriam diferentes.
Neto Carvalho
26/09/2016 - 08h21
A Constituição Federal brasileira dispõe sobre as regras para a mudança periódica do presidente da República, por meio de eleições diretas, secretas e universais. Fora disso, só a caracterização de um crime de responsabilidade cometido pelo presidente pode ensejar a instauração do processo para o impedimento do chefe do executivo. Sem crime de responsabilidade não há impeachment do chefe do executivo. No Brasil, o afastamento da Dilma por falta de apoio popular ou político foi um miserável golpe de estado.
Torres
26/09/2016 - 09h23
a constituição trata do ideal, Neto, mas sua prática permite julgamentos puramente políticos no caso do impeachment.
e afinal, a constituição diz muita coisa apenas ideal, como direito á saúde pública, educação e moradia, coisas que apenas existem na imaginação.
na prática, um presidente apenas cai quando perde apoio político, com ou sem crime de responsabilidade.
com crime de responsabilidade e apoio político, os presidentes são sempre inocentados, antes mesmo da abertura do processo.
quando os presidentes tem apoio político, esse apoio impede a abertura do impeachment.
então esse discurso não cola. tudo é resolvido na política, no acordo.
e por fim, em 2014 Dilma pedalou e não contabilizou a dívida, gerando falso superavit.
isso é fraude fiscal.
mereceu o impeachment.
Vinicius
24/09/2016 - 11h19
A perda de apoio político, nem outro fator, pode determinar o Impeachment de um presidente, a não ser o crime de responsabilidade. Qualquer outra justificativa que tente validar a legalidade do processo é contra aos princípios da constituição. Você não pode expulsar um funcionário utilizando de justa causa por questões de ordem pessoal, mas sim por falta grave prevista em lei. Dilma caiu não porque cometeu crime, mas sim por não seguir a agenda que o PMDB defineu. Isso se chama golpe.
Torres
24/09/2016 - 13h55
isso seria o ideal, não o real.
na prática, Dilma já não governava.
mas em 2014, Dilma cometeu fraude fiscal, com pedaladas não contabilizadas entregando superavit fiscal falso.
isso já justifica sua saída.
Vinicius
24/09/2016 - 14h27
O entendimento das pedaladas não era o mesmo em 2014 e em 2015. Quando o TCU mudou a forma de contabilização, o Governo resolveu todas as pendências e pagou as supostas pedaladas em dezembro de 2015. Não se pode chamar de falso, sendo que o entendimento do TCU ainda não considerava o atraso como crédito.
Torres
24/09/2016 - 15h42
nem se trata de entendimento das pedaladas.
é apenas a contabilização delas. Dilma não contabilizou a dívida com os bancos, deixando sobrar perto de 50 bilhões no caixa em 2014. esse dinheiro gerou um superavit falso.
isso é fraude fiscal.
na realidade, tivemos deficit fiscal ainda em 2014.
Dilma escondeu isso.
fraude.
merece ir pra casa.
Vinicius
24/09/2016 - 16h23
Na verdade, o TCU nunca solicitou a anexação da dívida nos relatórios fiscais de forma semestral. Apenas anual. E o governo faz o balanço trimensalmente. Houve uma mudança do entendimento do TCU em 2014 para que as dívidas constasse nesses relatórios de forma mais frequente. Por isso não se pode falar em fraude, sendo que anteriormente, esses dados não eram obrigados de constarem nos documentos semestrais. O ponto chave de todo o debate sobre as pedaladas é esse. Em nenhum governo anterior, as dívidas eram colocadas nos relatórios intermediários, apenas no relatório anual. Depois desse entendimento criado pelo TCU, o governo alterou esses dados e pagou as dívidas com os bancos no período fixado pelo TCU. Dilma não poderiam sofrer Impeachment sendo que na última gestão dela, não houve crime de responsabilidade.
Torres
24/09/2016 - 16h41
foi no fim do ano, Vinicius.
dados anuais. deficit ou superavit fiscal são vistos pelo período anual.
não estou falando das pedaladas em si, mas da não contabilização delas.
cometer essa fraude já é motivo suficiente.
e só não pôde ser julgada por isso por uma falha na lei.
a constituição não previa reeleição.
apenas isso.
inocente Dilma não é.
isso me basta.
Josias Dias da Costa
29/09/2016 - 13h38
Falou e disse!