Moro diz que Justiça Criminal do Brasil não tem tradição de enfrentar a corrupção sistêmica
Juiz responsável pelos processos da Lava Jato proferiu palestra em Novo Hamburgo (Foto: André Ávila/ Agência RBS)
O juiz federal Sérgio Moro afirmou na noite desta quarta-feira, durante palestra, em Novo Hamburgo, que a sociedade brasileira necessita adotar uma agenda de superação e enfrentamento da corrupção sistêmica. Para ele, além do endurecimento da atuação da Justiça Criminal, o Legislativo precisa aprovar medidas que reforcem a punição e facilitem a produção das provas. Também disse que o Executivo é responsável por implementar medidas de controle e transparência dos contratos públicos.
Moro, que é responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, e que desmontou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou centenas de milhões de reais na Petrobras, fez palestra sobre o “Enfrentamento da corrupção sistêmica” no Teatro da Feevale. O evento foi promovido pela Fecomércio-RS, Rádio ABC, Grupo Sinos e Sindilojas Novo Hamburgo.
De acordo com Moro, quanto mais impunidade mais haverá corrupção. “A Justiça Criminal brasileira não tem a tradição do enfrentamento à corrupção sistêmica. Claro que existem direitos fundamentais a serem respeitados, mas a Justiça Criminal precisa ser firme”, afirmou. “Há que ter uma abordagem pragmática da presunção de inocência.”
Ele admitiu que este tipo de atuação tem recebido muitas críticas. “Falam do excesso de prisões cautelares. Mas diante de um quadro de corrupção sistêmica, deve existir um quadro de relativa excepcionalidade. Há necessidade de remédios mais amargos. Remédios excepcionais para frear este círculo vicioso”, revelou. Moro exaltou a quebra do paradigma que permitia que pessoas poderosas jamais encontrassem uma resposta da Justiça.”
O juiz federal foi recebido como celebridade. Foi aplaudido de pé, pessoas filmavam e tentavam tirar fotos do palco a todo o momento.