Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
A Lava Jato e o impeachment foram as estratégias adotadas pelas elites brasileiras após quatro grandes derrotas: a primeira eleição de Lula em 2002, a segunda, em 2006, a eleição de Dilma em 2010, e sua reeleição em 2014. Derrotadas na luta eleitoral, e com remotas perspectivas futuras de chances de volta ao poder, as elites optaram por distorcer a justiça para fazer dela uma arma política.
Contra o grande voto – popular, democrático, igualitário –, as elites impuseram o pequeno voto (no STF, no CNJ, na Câmara, no Senado), e as decisões monocráticas, do juiz Sérgio Moro.
A Lava Jato é uma operação de guerra midiológica, que nada tem que ver com a justiça, embora se revista com os ritos, com a linguagem, e manipule o aparato institucional criado pela democracia brasileira. Em sua essência, ela é um método de guerra político-midiática.
Cada uma das ações da Lava Jato – a condução coercitiva de Lula em 04 de março; a divulgação dos áudios da conversa com Dilma em 16 de março; a aceitação da denúncia que o tornou réu pela primeira vez, por obstruir a justiça, em 30 de julho; o bloqueio de sua nomeação como ministro da Casa Civil, por Gilmar Mendes no STF, em 18 de março; a denúncia pelos procuradores de Curitiba do MPF, em 14 de setembro, e a pronta aceitação dessa denuncia por Moro, em 20 de setembro, fazendo dele réu pela segunda vez –, são todas operações sem fundamento jurídico, ridículas e risíveis, que só se justificam como guerra midiológica dirigida a produzir a morte política do principal alvo da operação Lava Jato, o ex-presidente Lula.
A guerra midiológica visa também minar a capacidade de combate, de resistência e de iniciativa das forças populares. Aniquilar o ânimo de luta do inimigo sempre foi o alvo decisivo em toda estratégia de guerra. A guerra midiológica alcança a vitória se seus adversários se deixam arrastar pela prostração e a inércia, entregando os pontos. Um resultado disso foi depressão profunda que tomou conta de vastos segmentos de resistência ao golpe, no sábado e no domingo (17 e 18 de setembro), logo após a denúncia.
E isso reflete um momento de fraqueza e falta de orientação dos setores que estão comandando a resistência, uma vez que a denúncia era esperada há muito tempo e mais que anunciada. Não souberam preparar uma resposta imediata à altura.
Os atos contra Lula, incluindo sua transformação em réu pela segunda vez, ontem, dia 20, por Sérgio Moro, são escaramuças numa frente de combate. Uma guerra de desgaste, cuja finalidade é esvaziar politicamente a imagem de Lula através de atos que fustigam permanentemente o seu capital político e moral. É uma estratégia de cerco, assédio, e de estrangulamento.
O contra-ataque deve ser feito nas ruas, com grandes manifestações, e de imediato, lembrando que nas vésperas da denúncia, o movimento de indignação vinha num crescendo e acumulando forças, chegando a levar 100 mil pessoas às ruas no dia 04 de setembro. Isso bem indica que não há qualquer motivo para desânimo nem depressão. Ao contrário, o acertado é realizar grandes demonstrações de repúdio à Lava Jato e desmascará-la cada vez mais.
E, para compreender o acerto dessa estratégia basta observar isso: se Lula foi conduzido coercitivamente para depor no aeroporto de Congonhas, em 04 de março, e apenas denunciado em 14 de setembro, mais de seis meses depois, foi porque uma forte resistência nas ruas assustou os golpistas.
Agora é preciso multiplicar por 10 essas mobilizações. Além de estarem sendo aguardadas por todos que estão indignados com as últimas ações nefastas da Lava Jato, elas serão pedagógicas e vão mobilizar novos setores, que começam a compreender a natureza do golpe. Além disso, servirão para neutralizar a influência da mídia e seu trabalho de produção de inércia.
A luta atual é a do grande voto – no qual as elites não ganham -, contra o pequeno voto, em que a mídia facilmente adula ou ameaça os juízes e os convence a votar do jeito que elas, elites da mídia e do dinheiro, querem. Mas ao violentar o direito, quebrando a lógica jurídica, as elites expõe com muito descaramento a luta que travam para destruir a democracia.
Essa exposição gera revolta e deixa claro que a Lava Jato é só um front avançado da guerra midiológica, como todos pudemos observar nos últimos dias. É preciso dar voz ao sentimento de indignação e revolta que as últimas investidas da Lava Jato acendeu em milhões de brasileiros.
MÁQUINA CRÍTICA pela Democracia e contra o Golpe
Bajonas Teixeira
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