Expostos ao ridículo e humilhados, procuradores de Curitiba estão se escondendo da mídia

Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

Uma avalanche de sarcasmos, ironias e piadas, após a apresentação em Powerpoint da Denúncia contra Lula, deixou os procuradores da Lava Jato traumatizados e em pânico diante das respostas pedidas pela mídia e pela sociedade. Embaraçados pelas questões que não conseguem responder, buscaram se abrigar longe dos olhares do público.

Ao tentar falar com os procuradores, que apresentaram no dia 14, quarta-feira, a Denúncia contra Lula, a reportagem da Folha ouviu da sua assessoria de imprensa que “eles não estão atendendo a imprensa nesta semana”.

A resposta, além de cômica, é inaceitável, já que os procuradores públicos não podem se furtar a dar à sociedade esclarecimentos, ainda mais quando pretenderam, no show-coletiva usado como palco para a Denúncia, ter desmontado o maior (e único) esquema de corrupção da história do país. Como se esconder logo depois disso?

Como é possível que, tendo acabado de oferecer a denúncia capital contra todo o gigantesco, tentacular e conspiratório (tudo teria sido montado para perpetuar o PT no poder) esquema de corrupção, na semana seguinte, esses paladinos da justiça resolvam que não vão atender a imprensa?

É uma atitude tão desequilibrada quanto foi a apresentação histriônica da Denúncia. Mas é compreensível quando se observa que a reação geral, mesmo daqueles que nutriam as maiores esperanças de ver Lula e o PT liquidados com a denúncia, oscilou da incredulidade inicial para a aberta ironia ou total silêncio, ao fim.

Não é exagero dizer que os procuradores da Lava Jato, se saíram pior que os chamados “Três Patetas do MP de SP” que, em 11 de março, pediram a prisão de Lula para garantir “a ordem pública, a instrução do processo e a aplicação da lei penal”. Naquela época, ao confundirem Engels com Hegel, e cometerem outras asneiras do gênero, os moços paulistas foram fartamente ridicularizados.

Ninguém fez a comparação, mas quem recorde o episódio, concluirá que os procuradores de Curitiba conseguiram superar os colegas de São Paulo. E, nada mais compreensível, já que os federais estão acima dos estaduais.

O ataque veio de todos os lados. A primeira motivação foi a mais visível, o Powerpoint tosco. Depois, foram as ridículas representações gráficas que apontavam para Lula no centro do esquema. Tão insípidas e apelativas, que causaram mal estar até nas fortalezas do golpe. O UOL no dia seguinte, trazia uma matéria ilustrada com aberta ironia aos procuradores:

 

Enquanto o escárnio com o powerpoint viralizava, começou a circular, ainda na tarde do dia 14, os questionamentos à falta de provas e, junto com isso, ao conceito de prova inventado ou adotado pelos procuradores: “”Provas são pedaços da realidade, que geram convicção sobre um determinado fato ou hipótese.” Logo após a coletiva, publicamos no Cafezinho o artigo A Lava Jato contra Lula – Denúncia delirante apoiada em provas imaginárias comentando o absurdo dessa definição.

Logo depois, começou a circular a frase atribuída aos procuradores, “não temos prova, mas temos convicção”. Tudo isso gerou milhões de piadas, memes e comentários nas redes.

A Globo tentou defender, fazendo uma matéria especialmente dirigida a demonstrar que os procuradores não disseram isso.

Depois, veio um batalhão de juristas para criticar a falta de provas e outros defeitos da Denúncia inepta, que a Folha resumiu assim:

Entre os pontos fracos da denúncia, dizem, estão a fragilidade das provas, o fato de Lula ser apontado como chefe de uma quadrilha, mesmo sem ser denunciado por isso, e a espetacularização da ação dos procuradores.

Até o presidente da OAB criticou o show e a espetacularização dado pelos procuradores.

Vendo que não podia defender os seus bravos espadachins da Lava Jato, a Globo caiu num mutismo profundo, esquecendo que dois dias antes Lula, figura tão pouco grata à emissora, havia sido objeto de denúncia tão estridente. Embora na quarta e na quinta-feiras seus comentadores tivessem pintado o apocalipse para Lula e o PT, de repente, desde a sexta-feira, o toque de silêncio se impôs. Desde muito cedo na manhã de sexta, a morte trágica do ator Domingos Montagner dominou toda a home do G1, o que se repetiu no sábado e no domingo, e em boa parte dessa segunda-feira, 19.

Na home do G1 cedo, na sexta-feira, 16, havia 12 matérias relacionadas à morte do ator, e nenhuma sobre a Denúncia contra Lula. Enfim, sendo ridicularizados por todos os lados, sem contar com o apoio luxuoso da sua maior promotora de eventos, a Globo, os denunciantes da Lava Jato se recolheram em cava depressão.

Mesmo para seus maiores entusiastas, para o conjunto da mídia, a única palavra para definir o sentimento geral deixado pelo show de Powerpoint e falsas provas que apresentaram é essa: vergonha. Por isso, esses bravos rapazes deram no pé.

Enfim, depois do trio de São Paulo que pediu a prisão em 11 de março, agora os artistas do MPF de Curitiba, nos fazem ver que não é tão fácil liquidar Lula e a democracia. Trata-se de uma luta titânica para a qual esses nanicos não parecem nem um pouco apetrechados.

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Bajonas Teixeira
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Bajonas Teixeira:
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