Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
No esforço de modernizar o Brasil com os modelos de Dom João VI, Jânio Quadros e Castelo Branco, Michel Temer já deu ordens aos seus ministros para inovarem. E as ideias já estão chegando. O pacote inclui a volta da TV preto e branco, da senzala social compartilhada, a implementação da Escola Pública Militar e da obrigatoriedade da Ave Maria em rede Nacional.
A volta da TV preto e branco é um projeto de iniciativa conjunta do ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação e do ministério da Fazenda, visando reduzir custos para empresas e consumidores, além de eliminar o efeito da baixa resolução dos vídeos das reportagens que a Rede Globo obriga seus repórteres a fazerem com celular.
A exigência que os ministros não abrem mão é de que haja perfeita sincronia de som e imagem em todos os aparelhos.
O ministro do trabalho, já anunciou para a imprensa o projeto de lei que legaliza a volta da escravidão, com a jornada de 12 horas. Alguns trabalhadores vagabundos que perdem quatro horas por dias só no transporte, reclamaram que chegando em casa teriam tempo apenas para dormir. Mas o projeto, que visa a proteção integral do trabalhador, não esqueceu nada: as empresas vão ser obrigadas a instalar senzalas sociais e compartilhadas (Projeto SS) “no turno noturno”, como disse o ministro.
Ainda no modelo Dom João VI de revitalização colonial, o frango será ressignificado sendo instituído como iguaria nobre, que sumirá da mesa dos plebeus. O frango em breve só será autorizado nos salões mais aristocráticos dos bairros nobres.
O ministério da Cultura trouxe para o pacote o resgate do ‘kit selfie’, tradição que estava sendo esquecida, formado por um espelhinho e um pente flamengo colocados no bolso das calças masculinas. Parece que o objetivo é agradar o presidente Temer que, segundo interlocutores próximos, sente muita saudade desses adereços da sua mocidade. O kit estava em desuso desde que foi abolido no governo do general Médici, embora, às escondidas, a tradição tenha se preservado até o general João Figueiredo – “E quem for contra eu prendo e arrebento”, teria dito na época o general.
A pasta da Cultura vai propor também a obrigatoriedade da Ave Maria em cadeia nacional seguida da Hora do Brasil e o Novo Código de Posturas Femininas, que proíbe as mulheres de pilotarem motos. Elas só poderão ir na garupa e de ladinho. A exceção será para as que pilotarem lambretas, que permite postura mais descente para as “belas, recatas e do lar”.
O ministro Mendoncinha não quis ficar de fora. A disciplina de Moral e Cívica, menininha dos olhos dos pedagogos da Ditadura Militar, vai novamente se tornar obrigatória para as novas escolas do ensino médio sem partido. O Ministro da Educação tem afirmado que a Moral e Cívica, que formou boa parte do ministério Temer, tem a missão de substituir e corrigir os efeitos deletérios da filosofia e da sociologia ensinada por subversivos.
Bispos e pastores evangélicos da bancada do Feliciano e do Bolsonaro poderão iniciar o serviço nacional de purgação digital: cura gay online, desencapetamento em rede social, e caixinha libertadora estão na programação. O SUS deve implementar o Programa Nacional de Prevenção do Desvio Gay.
A pasta da Justiça está finalizando vários projetos, segundo informou o ministro. Um deles, em fase avançada de elaboração, é o projeto que torna crime hediondo e inafiançável o preconceito contra Feliciano e Bolsonaro.
Outro projeto que o ministério da Justiça vai propor é que todas as escolas públicas que tiverem problemas de disciplina sejam transferidas para a PM. Como todas têm problemas de disciplina, será instituído a EPM, Escola Pública Militar. Indisciplina agora vai dar cadeia, e sem precisar sair do estabelecimento do novo sistema escolar, que será chamado Sistema Prisional Educativo de Segurança Máxima.
Para a classe média golpista que apoiou o impeachment, e que vivia na época da Guerra Fria, levantando a bandeira anti-comunista e anti-URSS (ninguém explicou a ela que a URSS deixou de existir há mais de 20 anos), o Ministério da Saúde vai apresentar o Pró-SUS, que é o novo modelo de negócios dos Planos de Saúde: consultas agora poderão ser marcadas com até 30 dias, e serem atendidas em no máximo um ano.
MÁQUINA CRÍTICA contra os ZUMBIS DA MÍDIA
Bajonas Teixeira
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