(Charge: Ribs)
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
Desde os primórdios da Lava Jato análises na blogosfera de esquerda já vaticinavam: o objetivo da operação é condenar Lula para tirá-lo da eleição de 2018.
Há prova maior do viés político de um processo quando todo mundo já sabe quem será o acusado no início das investigações, mesmo antes de ser apresentada qualquer prova?
Depois de mais de dois anos de investigação, o que acharam de ‘prova’ contra Lula foi a reforma em um apartamento que ele não é dono nem nunca utilizou.
O ‘comandante máximo do esquema de corrupção identificado no petrolão’, nas palavras de Deltan Dallagnol, teria sido comprado pelas empreiteiras por uma reforma em um apartamento na luxuosa praia de Guarujá, que, repito, Lula nunca utilizou, e outra em um sítio de um amigo, o qual Lula sempre falou que, de fato, frequentava.
Este trecho da matéria do Globo sobre a denúncia do MPF contra Lula resume perfeitamente o espetáculo farsesco que a Lava Jato nos proporciona:
Para embasar a denúncia, o procurador citou o poder de decisão do ex-presidente para nomear postos de alto escalão, sua proximidade com pessoas acusadas na Lava-Jato e com o PT, além do depoimento de políticos que relataram o conhecimento de Lula sobre o esquema de corrupção. Entre eles estão o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) e Pedro Corrêa (PP). O procurador não informou se eles apresentaram mais provas de envolvimento do ex-presidente com os crimes, além do relato testemunhal.
Analisemos o embasamento da denúncia.
‘O poder de decisão do ex-presidente para nomear postos de alto escalão’ foi conferido a Lula por duas vezes pela população brasileira através do voto direto. É o poder inerente ao exercício da presidência da República. Utilizar esse poder como base para justificar que Lula é o grande chefe da ‘proinocracia’ (sic) é uma verdadeira aberração argumentativa.
‘Sua proximidade com pessoas acusadas na Lava-Jato e com o PT’. Na falta de provas, ‘proximidade’ com acusados vira base para denúncia. Por esse critério podem começar a preparar mais powerpoints ridículos, porque terão que ser denunciados quase todos os deputados, senadores, ministros e, obviamente, o presidente golpista. Sobre a ‘proximidade de Lula com o PT’: não se trata de proximidade, Lula é simplesmente o líder máximo do partido. E a vinculação de alguém a um partido só serve de base para denúncia penal em um tipo de regime, e esse regime não é a democracia.
Por fim, temos a última grande ‘prova’ contra Lula: o ‘depoimento de políticos que relataram o conhecimento de Lula sobre o esquema de corrupção’. Para contrapor mais essa robusta evidência dos crimes de Lula basta a frase seguinte da própria matéria do Globo: ‘O procurador não informou se eles (os delatores) apresentaram mais provas de envolvimento do ex-presidente com os crimes, além do relato testemunhal.’
Se o procurador não informou, por óbvio não existem ‘mais provas’.
Na verdade, não existe uma mísera prova contra Lula, mas somente ilações que lembram muito a teoria do domínio do fato utilizada para condenar petistas no mensalão.
Mas quem precisa de provas quando a Justiça, a mídia, o STF, o Congresso e o Executivo estão tão afinados, não é mesmo?
A direita não brinca em serviço: após retomar o controle do Estado através de um golpe, agora quer esmagar qualquer chance de perdê-lo novamente nas eleições de 2018.