(Cunha, o homem-bomba. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
Notícia de hoje na Folha afirma que a Procuradoria-Geral da República quer endurecer as negociações com Eduardo Cunha acerca de uma possível delação premiada. Um trecho da matéria:
Na análise de integrantes da PGR, um acordo não seria positivo para a instituição neste momento, a não ser que Cunha apresente um grande volume de provas documentais, restitua o dinheiro que, segundo as investigações, desviou da Petrobras – mais de R$ 150 milhões, nas contas dos procuradores – e cumpra alguns anos de prisão em regime fechado.
Outro ponto que pesa contra o peemedebista são os sucessivos embates diretos travados entre ele e o procurador-geral, Rodrigo Janot.
Fica evidente toda a politicagem que norteia a ação do MPF, a ser verdade o que diz a Folha.
O acordo de delação premiada com Cunha pode não sair por motivos totalmente políticos (‘um acordo não seria positivo para a instituição neste momento’) e pessoais (os embates de Cunha com Janot).
É uma vergonha o Ministério Público, como fiscal da lei que é, atuar pensando na repercussão das suas ações na opinião pública, quando sua obrigação é atuar tecnicamente e com isenção.
A diferença entre o tratamento dado a Cunha e a outros delatores é outra evidência da atuação partidária da Lava Jato.
Enquanto os que delataram petistas devolveram uma parte do dinheiro e cumprem prisão domiciliar em mansões de luxo, Cunha, magoado com o governo golpista e com um potencial explosivo incalculável, terá sua delação dificultada pela PGR, segundo a Folha.
Claro que Cunha é um gângster e deve pagar pelo que fez, conforme a lei.
O problema é essa diferença de tratamento absurda entre os que entram no jogo da Lava Jato, falando o que os meganhas querem ouvir, e os que têm o potencial de implodir o governo Temer, como Cunha.
Vai ser interessante acompanhar a ação da Lava Jato contra Cunha, agora que este perdeu o foro privilegiado e será julgado por Sérgio Moro.
Se Cunha for punido exemplarmente pode chutar o balde e entregar tudo que sabe – se não for em uma delação premiada poderia ser em uma entrevista a algum órgão de imprensa mesmo -, o que traria riscos enormes de um terremoto político com péssimas consequências para o governo dos sem voto. Depois da sua cassação ele já prometeu escrever um livro contando os diálogos com todos os personagens que conversaram com ele sobre o impeachment.
Se for poupado para que não abra a boca, a Lava Jato confirmaria cabalmente o seu viés político e a sua participação no golpe. A leniência de Moro com Cláudia Cruz virou piada nas redes, desmoralizando mais um pouquinho a operação. Eventual leniência com Eduardo Cunha seria a desmoralização completa da Lava Jato.
A cassação do mandato de Cunha pela Câmara colocou uma bomba nas mãos de Sérgio Moro.