Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
por Ricardo Azambuja, colaborador do Cafezinho
Ninguém é insubstituível. Nem um Pablo Escobar, nem um Eduardo Cunha. O último suspiro de um é a morte; do outro, a cassação. Esta última com tamanha quantidade de votos de outrora “amigos” que traduz-se em traição de pares, punida com a morte no narcotráfico e com m… no ventilador na arena política.
O alcance e tamanho do estrago que fará Cunha agora dependerá de seu desejo de vingança e da atuação do judiciário, que até então tem se mostrado focado no PT. Isso pode mudar com a nova diretriz estratégica da grande mídia, que já começa a estampar em capas e telejornais indicativos de que o novo governo tenta abafar a Lava Jato. Temer sofrerá respingos ou até granizo se a campanha por Diretas Já continuar a crescer e se espalhar pelas ruas do país.
Numa análise bastante lúcida, que leva em conta que a arquitetura do golpe parlamentar contra Dilma originou-se nos escritórios de Wall Street e em órgãos de inteligência americanos, com “amigos” confidentes brasileiros na política, mídia e judiciário, escolhidos a dedo para implantar um modelo mais acessível à fome do grande capital internacional, a continuidade da fama de corruptos escancarada na cara de boa parte de nossos políticos é um peso enorme para as mudanças nada sutis que os neoliberais querem emplacar.
De outro lado, ainda resta os que acreditam que a pressão popular vai se dissolver no tempo, assim como suas falcatruas serão perdoadas e esquecidas, um retorno da confortável impunidade secular da elite tupiniquim. Para apressar esse processo, baseiam-se na “teoria do louco” – uma estratégia cunhada por ninguém menos que Richard Nixon, em que os líderes cultivam uma imagem de beligerância e imprevisibilidade para forçar os adversários a ser mais cuidadosos. O reflexo disso está nas ruas, na injustificada violência policial contra os manifestantes do Fora Temer.