Charge: Amarildo/ Gazeta (ES)
por Luciana Oliveira, em seu blog
“A cabeça era de ouro, o peito e os braços, de prata e o ventre e os quadris, de bronze. As pernas de ferro se apoiaram em pés feitos de uma mistura de ferro e barro. De repente, uma grande pedra, cortada sem ninguém tocar nela, esmagou os pés da estátua, e então esmagou o resto da imagem. O que restou da estátua foi levado pelo vento, mas a pedra se tornou em uma montanha que encheu a terra toda.” (Daniel 2:31-35)
Nada mais conveniente que essa passagem bíblica pra resumir a queda de Eduardo Cunha, o gigante que se espatifou confiando numa base tão frágil.
Ele emporcalhou a política brasileira, violou o regimento interno da Câmara dos Deputados, a Constituição Federal ao aceitar um pedido de impeachment sem crime de responsabilidade e foi o principal responsável pela ruptura democrática no país.
Foi de uma ardileza ímpar em manietar parlamentares sem a menor preocupação com a estabilidade econômica e política do país. Não há como dissociar Eduardo Cunha de tudo que aconteceu de ruim desde a eleição de Dilma Roussef e de tudo o que ainda está por vir.
Aquele a quem como súditos contemplavam de baixo pra cima, desmoronou com olhares impiedosos de cima pra baixo. A base que sustentou o megalômano não suportou a pressão popular que como a pedrinha do sonho de Nabucodonosor tomou proporção destruidora. É o oposto de Dilma Roussef, a quem perseguiu implacavelmente e que segue sustentada por uma base sólida.
Não foi rápido, nem fácil, mas a implosão do falso ídolo fortalece a mentalidade de que a política jamais deve servir a golpes à democracia. Nada de bom se extrai do mau exemplo, nem existe bandido útil, nem a vingança deve balizar a ação legislativa.
Eduardo Cunha não saiu pequeno desse episódio pavoroso, como político, simplesmente se esfarelou. Caso cumpra a ameaça de delatar seus julgadores, nem por isso sua imagem se reconstituirá.
Aquele que muito e a muitos conquistou com arrogância, prepotência e petulância virou ruína.
É imprevisível o que será revelado sobre os escombros com tantas muralhas e torres e jardins que Cunha ergueu em décadas na política.
Quando Cunha desmoronou, o relógio marcava 0h18, num dia 13.