(Sérgio Moro. Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
As piadinhas sobre o sumiço da Lava Jato depois do impeachment são injustas com Sérgio Moro.
A Lava Jato não sumiu, apenas diminuiu o seu ritmo e agora intervém pontualmente, somente quando é necessário garantir que a narrativa do golpe não saia dos trilhos.
Vejam o caso de Léo Pinheiro: após vazamentos no sentido de que a sua delação inocentaria Lula e envolveria Aécio Neves e José Serra (aqui, aqui e aqui), a Veja saiu com uma capa afirmando que o ex-diretor da OAS incluiria também Dias Toffoli em sua delação, o que foi usado como pretexto para que a PGR anulasse a delação de Léo Pinheiro.
Duas semanas depois, Moro manda Pinheiro para o regime fechado, sendo que ele já estava em prisão domiciliar por determinação do STF.
A justificativa de Moro é o pagamento de propina ao senador Gim Argello para que empresários não fossem convocados a depor na CPI da Petrobras, em 2014.
A Lava Jato, após rasgar o acordo com o réu, condena-o a regime fechado por uma suposta propina paga há anos.
A liberdade de Léo Pinheiro virou joguete das conspirações.
É como um recado aos últimos delatores da fila: delações que não nos ajudem no próximo passo da operação – dar um jeito de condenar Lula – acabarão dessa forma.
Enquanto isso, a Camargo Correa, outra empreiteira investigada na Lava Jato, pode ser vendida aos chineses.
E assim os objetivos do consórcio midiático/judicial com a operação vão sendo atingidos, um a um: primeiro a queda do governo, agora os golpes finais nas empreiteiras, ficando o caminho livre para que empresas estrangeiras dominem uma das únicas áreas em que o Brasil competia internacionalmente.