Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
por Luciana Oliveira, em seu blog
Este texto foi escrito propositadamente antes de Dilma Roussef, presidente eleita com mais de 54 milhões de votos dar lugar a Michel Temer, catapultado em histórica conspiração num processo de impeachment ilegítimo.
Ao fim, direi que sabia, o povo brasileiro sabia, os intelectuais de maior prestígio sabiam e a imprensa internacional sabia que a votação seria um massacre contra a democracia, em prol da corrupção.
Nada poderia ser mais convincente ao voto favorável ao impeachment que a possibilidade de negociar a impunidade de mais da metade dos parlamentares que compõem o Senado Federal. Foi essa a barganha também na Câmara, que tem mais de 300 deputados em dívida com a justiça por vários crimes.
Não é uma pechincha, os aliados ao golpe só tinham essa oportunidade de manter a liberdade e o dinheiro fruto de corrupção, coisa que pra muitos vale mais que a própria vida.
Só que a história não é linear e o futuro pode repetir o passado, invertendo vencedores e derrotados.
O empossado ainda terá que cortar umas cabeças pra provar que não houve pacto pra conter a sangria da Operação Lava Jato e este, será seu maior desafio. Haja articulação política pra administrar a degola com o apoio que precisa para aprovar medidas impopulares.
Dilma atingiu um alto índice de desaprovação com a perda de apoio parlamentar, mas não desatou os laços com suas bases de apoio na sociedade. Temer nunca teve, não tem e nunca terá popularidade. Vai sair como entrou, refém de um Congresso Nacional que faz negócios, ao invés de política.
Os que usurparam o poder soberano das urnas começam o novo ciclo em desvantagem, porque não conseguiram provar que não houve golpe.
O empossado vai desfilar com a mortalha da ausência de crime de responsabilidade praticado pela presidenta eleita, babujada pela grande mídia e judiciário e embainhada com os crimes dos julgadores.
Vencerão, sem conseguir provar que o impeachment foi um pretexto para um golpe e aí, os que caíram se levantarão nos bracos do povo.
A história não é linear, ufa!