Qual o limite de Dilma? Com quase 70 anos, encarou com altivez interrogatório que durou 14 horas

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa extraordinária para votar a Denúncia 1/2016, que trata do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff por suposto crime de responsabilidade. Mesa: primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado Federal, senador Vicentinho Alves (PR-TO); presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros (PMDB-AL); presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski; secretária-geral da Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), Fabiane Pereira de Oliveira Duarte; advogado da presidente afastada, José Eduardo Cardozo; em pronunciamento, presidente afastada Dilma Rousseff. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

por Luciana Oliveira, em seu blog

Desde o início do processo de impeachment a presidenta afastada, Dilma Roussef, é achincalhada nas redes sociais com forte apelo misógino. A desconstrução de sua imagem foi determinante pra convencer uma parcela da população de que ela não tinha condições de continuar governando o país.

Ao se submeter à uma verdadeira sessão de tortura no interrogatório que durou 14 horas, Dilma frustrou seus inquisidores e surpreendeu toda a nação. Sem sombra de dúvidas, algo que o conspirador interino não suportaria, já que não teve coragem de falar por 10 segundos no encerramento das Olimpíadas com medo de vaia.

Mais que demonstrar força, coragem e consciência tranquila, Dilma provou que a estão julgando sem crime, respondendo a dezenas de perguntas sem qualquer vínculo com a denúncia que embasa o impeachment.

Quando destacou a necessidade da relevância da provas que afastam o crime de responsabilidade, foi ignorada, deixando flagrante que apesar da vestimenta legal, o processo em curso é um golpe.

Dilma ficou rouca com a inquirição cavilosa, negou 14 vezes que tenha cometido crime de responsabilidade e os senadores que ignoraram os limites impostos pela Constituição Federal para se mudar o resultado das urnas, é que calaram.

A insistência do senadores em elencar motivos diversos da denúncia para justificar a perda de mandato ficou para a história como prova da ardilosa trama de tomada de poder, para a qual Dilma não se curvou.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Roberto Cabrini, no último dia 21, ao ser questionada sobre como suportou a tortura ao ser presa pelos militares, Dilma disse que acreditava não ter chegado a seu limite.

“Qual é seu limite?”, retrucou Cabrini.

“Não sei, não cheguei”, respondeu.

Na última oportunidade que teve de falar à nação como presidenta eleita, mais uma vez Dilma provou que ainda tem disposição de lutar em defesa da democracia.

Deixou o plenário de cabeça erguida, respondeu sem abatimento a 48 senadores e não esqueceu de dizer que o interino Michel Temer é subordinado às ordens do deputado afastado da presidência da Câmara, Eduardo Cunha.

Dilma saiu como entrou, sem crimes. Deu às costas a um parlamento com mais da metade dos políticos em dívida com a justiça e vai esperar que mais uma vez a história seja implacável com seus perseguidores.

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