E depois do golpe? Sim, mas qual deles?

artigo enviado pelo comentarista Monopólio da Informação – Combata Isto (Charge: Aroeira/ O Dia)

E depois do golpe? Sim, mas qual deles?

Há vários cenários em curso! E nenhum deles é animador diante dos diferentes processos golpistas que foram colocados em ação.

Supondo-se, por exemplo, que o senador Requião esteja correto e o golpismo via impeachment não consiga os 54 votos. Ainda assim, diante da conjuntura política atual, o governo Dilma tornou-se inviável do ponto de vista governamental. Somente com muito esforço coletivo de todos os setores comprometidos com a democracia é que esse ainda poderá ser propositivo e conduzir avanços (conduzir qualquer coisa, na verdade) caso o golpe parlamentar acabe não passando.

Isso quer dizer que pelo menos um dos projetos golpistas já consolidou-se: o mesmo que foi implantado contra Cristina Kirchner! E que incapacitou tão completamente ao governo argentino que esse saiu das urnas derrotado (mesmo diante de um adversário que, muitos sabiam, prometia a erosão do Estado de Bem-Estar na Argentina). O caso argentino é um exemplo claro de como as diferentes “soluções” golpistas caminharam juntas para inviabilizar os governos da Era Kirchner.

Se Dilma sobreviver ao impeachment só terá como encaminhar novas eleições (o que também é uma vitória do golpismo) se Temer renunciar à vice-presidência. Caso contrário seria entregar de forma estúpida o poder a ele (vitória golpista novamente), isso depois da luta esganiçada para impedi-lo de assumir o governo.

Sem novas eleições restaria tentar seguir até 2018, isso supondo-se – o que não irá acontecer – que um Congresso nas mãos do DEM, PSDB e PMDB não irá usar de outros meios para implodir o governo (ainda mais diante da fragilidade com que esse emergiria da tentativa de impeachment). O mais provável é que mais do que inviabilizar à governabilidade, como Cunha fez, aqueles partidos simplesmente mudem a Constituição como fizeram contra Jango (impondo-lhe o parlamentarismo) e partilhem o poder entre si.

Isso tudo, claro, se não houver votos para o golpe no Senado.

Mas mais do que o governo (uma Torre), a democracia (a Rainha) e a nação (o Rei) é que estão diante de vários xeques e sem quase nenhuma peça importantes no tabuleiro.

São muitas combinações golpistas que se traduzem através dos diferentes processos continentais de desestabilização em curso aqui e em toda a região, os quais já varreram quase todos os governos de orientação nacionalista e desenvolvimentistas na América Latina através da combinação de uma gama complexa de recursos! Com isso, principalmente nos casos da Argentina e ainda mais no do Brasil, o golpismo foi avançando sobre diferentes cenários enquanto construiam-se processos de sabotagem combinados mas não necessariamente articulados entre si. Em outras palavras, são vários golpes em simultâneo, o que torna tal estratégia extremamente eficiente e impede, ao mesmo tempo, que a sociedade enxergue com clareza e reaja a todos esses processos.

No caso brasileiro, não faltaram alertas sobre isso às esquerdas não petistas, antipetistas e aos setores que compõem ao governo em queda. Mas poucos perceberam ou deram atenção clara a isso até que os avanços dos processos em curso ganhassem condições de quase irreversibilidade! Diante disso e dos diferentes cenários em andamento, a única saída sensata é uma aproximação programática (de ação) urgente entre todas as forças sociais anti golpistas, já que “seria muito” exigir dessas uma unidade de princípios!

Em outras palavras, o PSOL precisa crescer, mas o PT não pode desaparecer! Vão precisar um do outro. Esses dois exemplos são alguns dos casos, entre vários, que as Esquerdas e os setores comprometidos com a democracia e a justiça social precisam enfrentar e dar conta, se quiserem sobreviver e estabelecer alguma condição de luta que possa, a médio prazo, sair vitoriosa.

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