(O ‘líder político’ do STF, Gilmar Mendes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
Leiam este trecho da coluna da Monica Bergamo, na Folha:
Temos, portanto, novos suspeitos de terem vazado para a Veja as informações sobre o nome de Dias Toffoli na negociação da delação premiada de Léo Pinheiro, da OAS: os procuradores da Lava Jato que tocam a operação em Curitiba.
Mas essa não parece ser a melhor hipótese (muito menos a de que foram os advogados de Léo Pinheiro, que evidentemente não têm nenhum interesse em melar a delação do próprio cliente).
Os procuradores do Paraná provavelmente teriam previsto que um ataque a um ministro do STF poderia gerar reação pesada contra a Lava Jato, o que de fato ocorreu prontamente através de Gilmar Mendes.
Janot certamente sabe que outra hipótese é a mais provável: a de que a reportagem da Veja é uma jogada combinada entre a revista e Gilmar, parceiros de longa data.
Afinal, a reportagem cumpre dois objetivos para o golpe: intimidar os ministros do STF e ao mesmo tempo permitir que se ponha um freio na Lava Jato, agora que ela já cumpriu o seu objetivo.
Os antecedentes de Gilmar Mendes reforçam esta hipótese: como bem lembrou o Tadeu Porto aqui no Cafezinho, esse vazamento de 2016 assemelha-se demais ao grampo sem áudio de 2008, que contribuiu para a anulação da Operação Satiagraha.
E por que Janot não expõe ao público claramente a possibilidade óbvia de que Gilmar tenha a ver com o vazamento?
Provavelmente é o medo de bater de frente com o homem mais poderoso do Brasil pós golpe, o ministro do STF que é o grande aliado da mídia concentrada e dos partidos que agora controlam o executivo e o legislativo – ressaltando sempre o absurdo de termos um ministro da nossa suprema corte agindo de forma escancarada em conluio com a mídia conservadora e partidos políticos -.
Janot apenas conseguiu gaguejar ontem: “a Lava Jato, hoje, está incomodando tanto e a quem e por quê?”.
Ora, essa pergunta demonstra que Janot sabe que os procuradores do Paraná não teriam interesse em vazar as informações sobre Toffoli correndo o risco de dar a desculpa perfeita para que a turma do “estancamento da sangria da Lava Jato” entre em ação.
Gilmar Mendes e seus amigos do PSDB, do PMDB e da mídia, pelo contrário, têm todo o interesse em frear o poder do MPF e de Moro, agora que o PT já foi apeado do governo federal.
A pergunta do Procurador Geral da República foi respondida pelo Miguel do Rosário no seu artigo de terça: