Presidente Dilma Rousseff durante “Ato Contra o Golpe” organizado pelo “Povo Sem Medo” na Casa de Portugal (Foto: Paulo Pinto/AGPT)
por Denise Assis
O anúncio feito pela presidenta, Dilma Rousseff, de que irá ao Senado defender-se das acusações que lhe imputam, e foram utilizadas pela Câmara dos Deputados, para tirá-la do poder, ignorando os 54 milhões de votos que a levou ao Planalto, causou mal estar nos que engendraram o seu afastamento.
Chegaram mesmo a dizer que sua ida à sessão que a julgará, “dará legitimidade ao processo”. Ora, a persistirem neste raciocínio, os que a acusam estão assumindo que toda a tramitação é ilegítima, e que necessita de sua presença para materializar aquilo que todos nós sabemos que não existe, ou seja, o dolo. Assim concluiu a equipe de peritos chamados pelo próprio Senado, para avaliar as tais “pedaladas fiscais” e a assinatura de decretos que, conforme os técnicos não existiram.
O que está por trás destas “advertências”, na verdade, é a vontade de que isto não aconteça. Dilma desistindo, eles, os senadores, continuarão com a encenação de que estão seguindo um rito previsto na Constituição, quando todos nós sabemos que o impeachment sim, é uma figura que está na Carta Magna, mas para torná-lo factível é preciso que o presidente da República tenha cometido “crime de responsabilidade”, ou “falta grave”. Do contrário ele é apenas um pretexto para se tirar o poder de quem foi colocado lá pelo povo, e não por manobras que tornam o cargo de presidente ilegítimo.
Observem que o argumento é tão frágil quanto inverídico e aponta justamente para o contrário. Dilma não indo, empresta ao processo um ar de “normalidade conveniente”.
O que temem estes senhores que usurparam o seu poder, é que ao comparecer ao Senado, a presidenta leve consigo um número considerável de pessoas, deixando evidente que há, sim, uma expressiva parcela da população que a apóia, está ao seu lado e deseja a manutenção do seu mandato, não se deixando manipular por uma mídia golpista, por um Judiciário omisso e conivente, e por um congresso corrupto, que se esconde atrás de sua saia, empurrando-a para a fogueira, a fim de que deputados corruptos salvem as próprias peles.
Como vão explicar que a ópera bufa que encenam, não será aplaudida por unanimidade, tal como querem fazer crer? Como irão justificar para os correspondentes estrangeiros (certamente eles irão cobrir o julgamento), que a vilã tem seguidores, que a defendem e nela acreditam?
O desassombro de Dilma, que por esta vida já trilhou caminhos tão arriscados quanto o que se avizinha, tem tirado a noite de sono de muitos desses senhores. E se a conhecemos, em toda a sua determinação e coragem, a presidenta irá, sim, ao Senado, deixar claro que não faz o jogo deles, que quer entrar para a história pela porta da frente, onde a colocaram os 54 milhões de brasileiros que a elegeram. Siga firme, Dilma. E que em todo o seu cortejo, haja alguém acenando e lembrando que você não se sentará naquele plenário, só. Estaremos com você, torcendo para que a sua força seja a nossa força, para impedir que nos surrupiem o direito de escolher por quem queremos ser governados.
Denise Assis é Jornalista