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Boletim olímpico: a vergonha que é Temer e o orgulho nacional salvo no campo e na quadra

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho O ministro interino chega para a entrevista coletiva ostentando orgulhoso o casaco amarelo da delegação brasileira. O assunto é o desempenho do Brasil nas Olimpíadas em casa, no Rio de Janeiro, e no auditório do centro de mídia provisório ao lado da prefeitura, montado exclusivamente para […]

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Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

O ministro interino chega para a entrevista coletiva ostentando orgulhoso o casaco amarelo da delegação brasileira. O assunto é o desempenho do Brasil nas Olimpíadas em casa, no Rio de Janeiro, e no auditório do centro de mídia provisório ao lado da prefeitura, montado exclusivamente para o evento, o ministro sorri orgulhoso, fala dos programas de incentivo ao esporte criados e desenvolvidos pelos dois presidentes anteriores, eleitos pelo povo, mas cita nominalmente apenas o interino. Diz que “o presidente Temer” fez isso, aquilo, não mediu esforços para aquilo outro e demais lugares comuns do tipo, e o ministro interino até o último momento se colocou contra o impeachment da presidenta afastada, Dilma Rousseff, enquanto o pai dele, cacique do mesmo PMDB do Rio de Janeiro de Eduardo Cunha, Sérgio Cabral et caterva, já tinha há tempos se declarado a favor.
Temer, como se sabe, fugiu da cerimônia de encerramento dos Jogos, ontem. Na abertura, apesar dos planos para se aumentar o som, as vaias direcionadas a ele foram ouvidas por todos no estádio e pela tevê. Com medo de um novo vexame, o interino cometeu outro, ao quebrar pela primeira vez o protocolo olímpico que previa, como em toda Olimpíada, a passagem de bastão do chefe de governo do país da cidade-anfitriã para, no caso, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, representando Tóquio, próxima sede olímpica. Foi o presidente da Câmara quem assumiu essa função, sem antes deixar de se certificar de que não precisaria falar nada.
VôleiAo presidente interino, traíra, coube a vaia estrondosa da abertura, o sumiço durante todo o evento e o ato final de covardia no encerramento. Foi essa toda a sua participação nos Jogos que foram em casa graças principalmente ao prestígio internacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que tiveram nos programas criados pelo PT, mantidos e desenvolvidos também por Dilma, o alicerce estatal para a quantidade nunca antes vista de medalhas brasileiras, 19 no total, sendo seis de ouro, a derradeira no último dia de competições, com o vôlei masculino, única modalidade tricampeã olímpica no Brasil; e a penúltima ainda mais comemorada, com a vitória, enfim, no futebol. E contra a Alemanha.

A Suécia, a Bélgica e o México já tinham. O Canadá, também. A Hungria tem três, a União Soviética, duas, e a Iugoslávia, a Tchecoslováquia, a Alemanha Oriental e a Polônia já ganharam a sua, assim como a Nigéria e Camarões. Dos oito países campeões mundiais de futebol, sete também ostentavam a medalha de ouro olímpica entre suas conquistas. Só o Brasil, pentacampeão, não tinha a dele. Até a decisão por pênaltis deste sábado.

Futebol ouroDepois da defesa fundamental do goleiro Weverton, o capitão, craque e o que mais for necessário da Seleção, Neymar Jr., que já tinha feito o gol do Brasil no empate em 1 a 1 no tempo normal (aliás, golaço de falta), cobrou o último pênalti de novo com perfeição, encerrou o tabu e, de quebra, garantiu a toda a delegação brasileira a melhor participação olímpica da história nesses Jogos, graças a projetos como o Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas.
Criado em 2008, no segundo mandato de Lula, o programa é uma parceria entre os ministérios da Defesa e do Esporte, inspirada em experiências bem sucedidas em países como a China, a Alemanha, a Rússia e a França. Com o alistamento voluntário, o atleta de ponta passa a receber soldo, plano de saúde, 13º salário e outros benefícios, entre eles o acompanhamento de nutricionista e fisioterapeuta. Como toda a delegação do judô, Rafaela Silva, primeira medalhista de ouro brasileira da Rio 2016, faz parte do programa como terceiro-sargento da Marinha. Thiago Braz, ouro no salto com vara e terceiro-sargento da Aeronáutica, também.
Isaquias-e-erlon-ouroNo caminho até suas vitórias, os dois tiveram o auxílio ainda da Bolsa Pódio, criada em 2011, no primeiro ano do primeiro mandato de Dilma, que ajudou também, entre outros, mais 12 dos 14 integrantes da equipe brasileira de judô e Isaquias Queiroz, que com duas pratas e um bronze na canoagem tornou-se o atleta brasileiro a conquistar o maior número de medalhas em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos.
Horas antes da final do futebol no Maracanã, Isaquias entrou na água da Lagoa Rodrigo de Freitas ao lado do parceiro Erlon de Souza para tentar o ouro na prova dos 1000 metros da canoa dupla, em que os brasileiros são campeões mundiais. Os dois largaram bem e ficaram na frente quase até o fim da prova, quando os alemães Sebastian Brendel (que já havia derrotado Isaquias após disputa acirrada nos 1000 metros da canoa individual) e Jan Vandrey arrancaram de trás e venceram a prova.
taekwondoA “vingança” veio no mesmo dia, com a medalha de ouro mais esperada pela torcida do “país do futebol”, contra a seleção entalada na garganta nacional desde a semifinal da Copa do Mundo de 2014, cujo placar não precisa ser lembrado mais uma vez, por favor. À noite, no mesmo sábado, houve tempo ainda para um último bronze, no taekwondo, com o mineiro Maicon de Andrade, 51º no ranking de sua categoria, acima de 80 kg, que surpreendeu e venceu o britânico Mahama Cho, número 12 do mundo, na luta pelo terceiro lugar do pódio.
Já a última grande vitória brasileira na Rio 2016 teve o sabor da tradição. Primeiro esporte coletivo a conquistar um ouro olímpico para o País, em 1992, em Barcelona, o vôlei masculino brasileiro sagrou-se tricampeão ontem com a vitória inapelável, por 3 sets a 0, sobre a Itália. O placar foi o mesmo da semifinal contra a Rússia, o que mostra que a seleção treinada por Bernardinho, capitaneada pelo líbero Serginho, único remanescente do segundo ouro, em 2004, em Atenas, é mesmo um time de chegada.
Bolt revezamentoE por falar em tricampeonato, Usain Bolt se despediu das pistas no Rio com seu terceiro tri olímpico. Depois das vitórias nos 100m e 200m, sozinho, dessa vez ele encerrou o revezamento 4 x 100 m garantindo a terceira vitória seguida da equipe jamaicana. Bolt foi o único integrante dessa equipe a ter disputado as três finais, em Pequim, Londres e aqui no Rio. Como já havia sido anunciado por ele ainda antes dos Jogos, a corrida marcou a despedida das Olimpíadas do atleta que completou 30 anos durante a Rio 2016. Foi mais um momento inesquecível dos primeiros Jogos na América do Sul, junto com as vitórias e medalhas brasileiras que deixaram o ministro interino todo sorridente no auditório do centro de mídia, com seu casaco amarelo reluzente, a bandeira do Brasil no peito, dizendo que “o presidente Temer” fez isso, aquilo outro, não mediu esforços para mais não sei o quê e por aí vai…

 

luis.edmundo@terra.com.br

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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gilberto

23/08/2016 - 15h00

Qualquer evento que dependa de conduta ética e leal exclui Temer.

Dilson Magno

22/08/2016 - 23h36

Os golpistas que utilizam conceitos torcidos e mentiras veiculadas repetidamente como ferramenta com o objetivo de destruir a democracia, se movimentam entre ladrões e traidores.
Os encontros secretos de Michel Temer com o governo dos EUA, isso é muito sério, é caso de cadeia, esse sim merece ser afastado para sempre da política no Brasil, Ele representa o Judas na nossa soberania.

Victor Silva

22/08/2016 - 22h32

#FORATEMER
#FORAGOLPISTA


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