A reportagem da Veja/Lava Jato contra Toffoli é um recado para todo o STF

(Charge: Latuff)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

A reportagem de capa da Veja desta semana contém todas as características clássicas do ‘jornalismo’ da revista: nada de fatos e evidências mas muito de especulações e ilações visando atacar a reputação do alvo da vez.

O alvo da vez é o Ministro do STF Dias Toffoli.

O Luis Nassif levantou aqui a hipótese de que se trata de vingança dos meganhas da Lava Jato porque Toffoli concedeu habeas corpus a Paulo Bernardo.

Nassif desmonta a reportagem em poucas linhas: não há na matéria rigorosamente nenhum fato que incrimine o ministro.

Faz sentido a hipótese de vingança da Lava Jato contra Toffoli.

Toffoli assumiu sua vaga no STF sob uma saraivada de críticas da direita por causa de sua atuação anterior como advogado do PT.

Com o passar do tempo foi aproximando-se de Gilmar Mendes, votando no mesmo sentido em muitos processos. Hoje agem em conjunto, parecem melhores amigos (Gilmar inclusive criticou a Veja, tradicional aliada do ministro tucano, por essa reportagem).

Mas, como o golpe já está praticamente consumado e Toffoli decidiu contrariamente aos interesses da Lava Jato no caso de Paulo Bernardo, qualificou-se para ter a reputação assassinada pela Veja, integrante VIP do clubinho da imprensa amiga da Lava Jato.

A reportagem contra Toffoli também é uma maneira de intimidar todo o STF.

Algo como: ‘Nós temos podres de todo mundo; se não agirem direitinho iremos detonar todo mundo’.

O recado serve especialmente para Lewandowski, que preside o julgamento final do impeachment no Senado e poderia, em tese, alterar os seus rumos.

A preocupação da Veja justifica-se porque os conspiradores não podem deixar que nenhum detalhe altere o caminho do golpe, tendo chegado ao ponto que estamos. O seguro morreu de velho.

Mas Lewandowski já deu várias mostras de que não se oporá ao golpe de Estado que está prestes a ser consumado. Uma delas foi o fato de que rejeitou todas as questões de ordem que pediam a suspensão do processo de impeachment.

Mais uma vez fica evidente o absurdo poder que o conluio mídia/judiciário detém no Brasil hoje: qualquer citação que apareça nas inúmeras delações que estão nas mãos da Lava Jato, mesmo que não haja indício algum de crime, pode ser usada para destruir politicamente o inimigo da vez.

Uma revista conhecida pelo baixíssimo nível de jornalismo que pratica tem o poder de destruir reputações até de ministros do Supremo Tribunal Federal porque é ‘amiga’ da Lava Jato.

O Estado policial brasileiro versão século XXI cresce a passos largos.

 

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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