Debate na Band entre os candidatos a prefeitura do Rio de Janeiro, em 2012 (Foto: Metro)
por Marcelo Salles*
A Band fará o primeiro debate entre candidatos que disputam o cargo de prefeito do Rio de Janeiro na quinta-feira, dia 25. Para tanto, foram realizadas diversas reuniões com as assessorias dos candidatos. Pela lei de Cunha, a emissora é obrigada a convidar todos os candidatos cujas coligações tenham “mais de nove deputados federais” e pode convidar outros desde que 2/3 desses obrigatórios concordem.
Pois bem. A Band convidou o candidato Marcelo Freixo, que está em segundo lugar nas pesquisas. Os sete que possuem presença garantida tiveram que deliberar. E eles votaram da seguinte forma: sim para Freixo (Jandira, Crivella, Molon e Osório); não para Freixo (?#?pedropaulobatemasnaodebate
Para ser aprovado eram necessários cinco votos dos sete. Diante do quadro, a Band fez nova consulta, perguntando quem concorda com todos os candidatos registrados – são onze. Disseram sim Jandira, Molon, Crivella, Bolsonaro e Índio da Costa. E votaram não #pedropaulobatemasnaodebate e Osório.
Então a Band decidiu fazer o debate com os onze. Chamou uma reunião com todos os partidos/coligações que registraram candidaturas, que aconteceu sexta-feira (19) na sede da emissora. As regras foram apresentadas a todos, em detalhes. Após o comunicado, a assessoria de Índio da Costa pediu a palavra.
Disse que não estava entendendo o que aconteceu, que saiu da reunião anterior achando que o debate seria apenas entre os sete. Abriu uma discussão sobre a redação da ata. Alegou que o texto permitia diversos entendimentos. Mas a ata era clara, defendeu a assessoria de Freixo: somam 5 dos 7 os que defendem a participação do deputado do PSOL ou debate entre os 11, e como a lei faculta à emissora o direito de convidar quem ela quiser, a Band havia decidido fazer com os 11.
A Band colocou em consulta o documento. A representação de #pedropaulobatemasnaodebate fez coro. E a Band abriu nova votação, com a pergunta específica sobre a participação dos 11. O representante do Índio fez de tudo para que o processo deliberativo fosse feito apenas na presença de sete assessorias. Queria que os representantes das candidaturas que não se enquadram na lei do Cunha não assistissem ao processo.
Mas a Band achou que não seria adequado que ninguém saísse. Então os representantes de Índio e #pedropaulobatemasnaodebate reuniram-se a sós numa salinha, que serve como metáfora para o que vem acontecendo no Rio nas sucessivas gestões do PMDB.
O resultado da votação para a participação dos onze candidatos foi o seguinte. Disseram sim Molon, Jandira, Crivella e Bolsonaro (este por facetime, sendo o último a votar, quando já estava certo que não era mais possível chegar aos 5 votos). Disseram não #pedropaulobatemasnaodebate, Índio e Osório.
Ao fim e ao cabo de todo esse processo, ficou claro que o maior interessado em retirar Freixo do debate é o PMDB de #pedropaulobatemasnaodebate. Índio foi apenas massa de manobra. Sua candidatura é inexpressiva, servirá apenas como linha auxiliar do candidato do partido golpista. Os outros que garantiram a exclusão de Freixo foram Bolsonaro e Osório.
Bolsonaro foi enquadrado pelo partido, o PSC, pois nas primeiras reuniões votou sim para Freixo, e no final os advogados do partido impuseram a condicional de que o sim deveria valer apenas para os 11. Curte a fama de valentão mas foge ao debate.
A parte quente da campanha ainda não começou. Começará na semana que vem com a cobertura diária das emissoras e o horário eleitoral em rádio e tevê, passando pelas sabatinas e debates. Os que roubaram o Rio de Janeiro do povo querem tornar #pedropaulobatemasnaodebate prefeito. Estão investindo pesado. A máquina do PMDB – a mesma do golpe de Estado contra Dilma – vai fazer com que seu candidato cresça nas pesquisas. Além disso, querem aniquilar a candidatura com maior densidade eleitoral no campo progressista.
Essa máquina terá de conviver com o ônus de retirar do debate o candidato em segundo lugar nas pesquisas. As pessoas vão querer saber a razão. A imprensa carioca não fala de outra coisa. Freixo foi destaque a semana inteira nos jornais, rádios e tevês locais, além das redes sociais. No dia do debate estará na Cinelândia e comentará, ao vivo pelas redes sociais, o que falarem na Band. A própria Band enviará equipe para cobrir o ato público. O debate, em si, atinge 4 pontos de audiência, o equivalente a 120 mil domicílios. Por ter sido retirado do debate, Freixo já teve mais mídia do que toda essa audiência.
Ou seja: a estratégia do PMDB pode ter saído pela culatra. Porque além de não garantir menos mídia ao político que mais temem no Rio, terão de arcar com o ônus de colarem em seu candidato, o #pedropaulobatemasnaodebate, a fama de covarde. E esse é um perfil que o carioca tradicionalmente não elege para cargos executivos.
*Marcelo Salles é jornalista