Menu

Por que destruir o símbolo Lula?

por Roberto Amaral Apesar de seu significado, de suas consequências e de sua brutalidade política, a tentativa de destruição eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, em curso, não é a ameaça mais grave que paira sobre o futuro imediato das forças populares, mesmo porque a vida política não se reduz ao processo eleitoral e […]

17 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Santo André- SP- Brasil- 15/08/2016- Ex-presidente Lula e sua esposa Marisa Letícia durante encontro das mulheres e militantes que marca os 10 anos da lei Maria da Penha, na Casa Portugal. Foto: Heinrich Aikawa/ Instituto Lula

por Roberto Amaral

Apesar de seu significado, de suas consequências e de sua brutalidade política, a tentativa de destruição eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, em curso, não é a ameaça mais grave que paira sobre o futuro imediato das forças populares, mesmo porque a vida política não se reduz ao processo eleitoral e porque não existem, nesse âmbito, derrotas definitivas, nem absolutas. Basta ouvir a história.

O movimento reacionário que nos governa hoje pensando em um projeto de poder de muitos anos –à margem dos mecanismos da democracia representativa e da soberania popular – volta suas poderosas baterias (políticas, midiáticas, policiais, judiciais) apenas incidentalmente, ou taticamente, para a figura do ex-presidente e eventual candidato à Presidência, pois seu alvo verdadeiro, de vida e morte, é o símbolo Lula, com toda a sua profunda carga emocional.

Simbologia que não se reproduz senão a espaços largos de anos e em condições objetivas e subjetivas que raramente se repetem.

O símbolo Lula é um produto social; como construção coletiva, não pertence a si mesmo. É instrumento do imaginário: é, hoje, a leitura que dele fazem seus contemporâneos. A imagem de Lula caminha para além dos limites de país, simbolizando para o mundo afirmação das possibilidades dos trabalhadores.

O processo social não conhece a autogênese. Lula, tanto quanto o partido que fundou, o Partido dos Trabalhadores (PT), são (independentemente um e outro de seus muitos erros) o fruto da acumulação das lutas sociais, são o resultado das tantas batalhas em defesa da democracia, dos conflitos sociais e de classe, são a condensação de mais de um século de conquistas sindicais reunindo, numa só herança, desde os anarquistas do início do século passado até o varguismo que a socialdemocracia de direita, da UDN de Carlos Lacerda ao tucanato de Fernando Henrique Cardoso, intenta destruir.

Ambos, Lula e o PT, são um só fruto dos avanços políticos mais consequentes do fim da ditadura militar, direitos consagrados pela Constituição de 1988 que ainda ambos, Lula e o PT, equivocadamente, se recusaram a assinar.

O ‘risco Lula’ não se reduz ao seu notório potencial eleitoral a ameaçar os sonhos continuístas do assalto neoliberal, até porque outras alternativas haverão de ser construídas; o perigo, a ameaça, residem principalmente – e nisso está sua maior gravidade – no que o líder popular representa e simboliza para as grandes massas como exemplo de afirmação histórica da classe trabalhadora.

A destruição política de Lula, ainda que necessária para o projeto de regressão ao passado, é perseguida pelos algozes de hoje (muitos deles aliados de ontem) como instrumento de destruição da expectativa, prelibada, de os trabalhadores conquistarem o poder e o exercerem diretamente, isto é, sem a clássica e corriqueira delegação a um representante da classe dominante.

No caso concreto, duas imagens precisam ser derruídas: a do operário transformado em político vitorioso e a do Lula presidente, isto é, de um governante de raro sucesso. Esta é a tarefa urgente, mas não é tudo – pois o projeto da classe dominante é quebrar as veleidades auto-afirmativas da classe trabalhadora. Trocando em miúdos, os trabalhadores precisam conhecer o seu lugar. Este é o recado que nos mandam.

Certa feita, ainda presidente da República, Lula se auto-qualificou pela negativa, isto é, como ‘não de esquerda’. Ignorava ele que personagem histórico não ocupa, necessariamente, o papel que se escolhe, mas aquele que, consoante suas circunstâncias e as contingências históricas, lhe é dado desempenhar num determinado momento.

Assim, independentemente de sua vontade e da vontade de seus adversários de classe, Lula, hoje, não apenas atua no campo da esquerda como é, a um tempo, o mais importante líder desse segmento político e o mais importante líder popular em atuação. E é isto o que conta para a crônica de sua condenação.

Muitas vezes, na política, e estamos em face de um caso concreto, o personagem histórico se aparta de sua trajetória pessoal, linear, e passa a viver uma nova vida no imaginário popular: ele é ou passa a ser o que simboliza perante as massas. Tiradentes é o ‘protomártir da Independência’, a princesa Isabel ficou nos manuais da história do Brasil como ‘a redentora’, Deodoro como ‘o proclamador da República’.

Getúlio Vargas superou o papel de chefe da revolução de 30 ou de ditador para ser recepcionado pela história como o pai da legislação trabalhista, o pai dos pobres e herói nacionalista. Assim foi chorado pelas massas órfãs, ensandecidas, desarvoradas com o choque de seu suicídio. Os símbolos são a argamassa da política.

Voltando: o que Lula representa hoje, além de uma razoável expectativa de poder? No plano simbólico ele nos diz, ditando lição subversiva, que o homem do povo pode chegar à presidência da República sem precisar atravessar a margem do rio onde só se banham os donos do poder; subvertendo a ‘ordem natural das coisas’, ele nos diz que o povo pode pretender escrever sua própria história.

Isto é intolerável em sociedade que, desde sua origem – da oligarquia rural aos rentistas do capitalismo moderno –, se organizou segundo a disjuntiva casa-grande e senzala, células incomunicantes, cujos personagens têm, ‘por natural’, papéis definidos e próprios que não se podem confundir: de um lado os mandantes, de outro, os mandados, de um lado os senhores de direitos, de outro os portadores de deveres e obrigações. De um lado o capital, de outro o trabalho, seu servidor. A díade imutável de nossa monótona história.

Pela primeira vez na República um trabalhador, operário de macacão e mãos sujas de graxa, se fez líder trabalhista e presidente. Não se trata mais de um quadro da classe dominante operando a mediação entre capital e trabalho, como Getúlio, como Jango conduzindo as massas e dialogando em seu nome com a classe dominante, como um dos seus. Com Lula as massas se expressam, pela vez primeira, sem a intermediação do populismo. E isso não é pouco.

Pela primeira vez os trabalhadores, majoritariamente, se identificam com um partido criado e liderado por um dos seus. Não são mais pingentes de partidos da estrutura clássica que generosamente abrem espaços para a manifestação dos quadros da classe média, que neles podem atuar defendendo os interesses dos dominados: nem é mais o PTB, nem são mais os Arraes ou os Brizolas que falam pelos trabalhadores.

Nem são mais os comunistas do capitão Prestes, ou os intelectuais de esquerda que traíram sua origem de classe para se aliar aos trabalhadores, às grandes massas dos excluídos, aos deserdados da terra, para lembrar Frantz Fanon.

E isso não é pouco.

Nesse mundo dividido entre desenvolvidos e subdesenvolvidos, entre centro e periferia, entre mandantes e mandados, não cabe aos de baixo levantar a cabeça, pensar em riqueza e desenvolvimento, senão tão-só assistir aos banquetes dos poderosos e sonhar que sempre lhes sobrarão migalhas.

Nesse mundo conflagrado, no mundo da recessão, no reino do neoliberalismo, neste país conformado com a injustiça social e praticante das desigualdades, de renda e de toda ordem, a ascensão das massas, a revelação de sua capacidade organizativa e a construção de uma liderança própria constituem, aos olhos da casa-grande, péssimo e perigoso exemplo. Precedente que os donos do poder não querem ver repetido, e para evitá-lo tudo farão. Sem medir meios.

Assim se explica o empenho em que se aplica a oligarquia governante visando a destruir essa liderança que fugiu ao seu controle, no intento de impedir que outras, tão ousadas, lhes sigam as pegadas e o mau exemplo. É preciso, pois, desconstituir a boa memória de seu governo e destruir sua honra.

É preciso destruir o líder e ao mesmo tempo, desestimulando-a, vacinando-a contra ‘aventuras’ futuras, quebrar o ânimo da classe trabalhadora. Nesta tarefa todos estão empenhados, para dizer a essas massas, que Lula não passa de um mito, que seu partido não passa de uma fraude a ser exorcizada, que essa experiência foi na verdade um rotundo fracasso, uma mentira, uma lenda.

A classe trabalhadora, mais uma vez vencida, diz-nos a oligarquia dos proprietários, terminará por aprender uma velha lição: não está em suas posses conduzir as próprias rédeas. Volte, pois, para o chão de fábrica.

Enfim, a reação autoritária pretende ensinar à classe trabalhadora que seu papel é subalterno ao do capital e que ela tem de se conformar em ser caudatária da classe dominante.

Resta-nos aceitar passivamente a depredação, ou resistir com toda a veemência – e não apenas, claro está, em nome da integridade física e moral do indivíduo Lula; menos ainda para livrá-lo (e seu partido) do julgamento da história a que todas as lideranças políticas devem, ao fim e ao cabo, estar submetidas. Mas para preservar um patrimônio que nos ajudará a atravessar a noite da restauração conservadora, brutal, impiedosa, despida de todo escrúpulo, e já iniciada.

O símbolo é um patrimônio coletivo.

Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Messias Franca de Macedo

20/08/2016 - 21h14

… Parcela significativa da população brasileira é constituída por pessoas más, perversas, ingratas, cretinas, estúpidas, desumanas…

… O subproduto genômico dos deserdados e depravados portugueses…
Se o povo brasileiro fosse a simples decorrência da miscigenação dos índios com os africanos, seríamos um dos povos mais civilizados, generosos e fraternos da atualidade!…

Dilma Coelho

20/08/2016 - 19h23

VAMOS TODOS JUNTOS.
PRECISAMOS SALVAR NOSSA DEMOCRACIA.
PRECISAMOS MELHORAR NOSSA DEMOCRACIA.

    Jar Borah

    26/08/2016 - 19h59

    Nossa. Quantos foram ???? Mudou algo ?????

    Tchau querida

ari

20/08/2016 - 18h33

Moro no sertão norte da Bahia, sobrevivendo como pequeno produtor rural.
Um quase vizinho, latifundiário, resumiu, com perfeição o problema: “Não admito que tirem meu dinheiro para dar a esses vagabundos” (beneficiários do bolsa família).
Interessante que ouvi essa frase repetida em termos menos agressivos numa rádio de Juazeiro/Ba e também pelo bispo de Petrolina, inimigo dos abandonados e excluídos, crítico de todas as afirmativas em favor dos mais fracos, especialmente o bolsa família.
É sempre bom lembrar que “a história da humanidade é a história da luta de classes”. Infelizmente Lula e o PT não levaram isto a sério.

Apolônio

20/08/2016 - 17h00

Lula é evidentemente um símbolo. Lula hoje é uma instituição. Temos que preservá-lo. Ele, com Dilma, são o símbolo da resistência democrática. Nós internautas, que mourejamos nos blogs progressistas, temos a missão e o dever moral de ir conversando com as pessoas, onde quer que elas estejam, afim de dizer de fato, o que realmente está acontecendo em nosso país. Quando tiver passeatas, manifestações pela democracia e defesa de direitos, engrossemo-nas.

Fofoqueira Divina

20/08/2016 - 16h09

JÁ ESTÁ PROVADA A INOCÊNCIA DE LULA NO CASO DO TRIPLEX, OU SEJA, MAIS UMA VITÓRIA DESTE GUERREIRO DO POVO BRASILEIRO. E AGORA, QUERO VER SE MORO NÃO FAZ UM BATE-VOLTA LÁ EM PARATY COM UM POUQUINHO MAIS DE PROFUNDEZA, SERÁ QUE TEM PEITO PRA ISSO?

    Wladimir

    20/08/2016 - 19h13

    Deixa de fococar e vai ler um pouco. O “triplex” que voce se refere, não e o mesmo triplex que o Lula e acusado de ser dono, triplex este que ele visitou com o dono da OAS, que a dona Marisa pediu melhorias e colocaram ate elevadores.

      Simone Gauche

      20/08/2016 - 22h40

      Ah, sim… porque se ela não tivesse pedido fariam um prédio de “luxo” só com escadas.

        Wladimir

        21/08/2016 - 16h57

        A burrice e infinta.
        Nao e elevador que serve a todo edificio “jenia”.
        “Ela” a dona Mariza, pediu um elevador privatvp pra ligar os últimos andares do triplex.

          Simone Gauche

          21/08/2016 - 22h32

          Ilustríssimo ser de inteligência infinita….

          Novamente: em um prédio de luxo, cobertura, o mínimo que se espera é um elevador privativo, para que os moradores tenham um meio de acesso alternativo às escadas – pensando inclusive em pessoas com limitações de mobilidade. Por que o “luxuosíssimo” e “suntuoso” triplex não teria?

          Você ouviu isso da própria dona Marisa ou também se baseou na declaração do amigo do primo do filho do vizinho do sujeito que trabalhou na obra?

          Achar que isso é luxo é de uma pobreza…

          Wladimir

          22/08/2016 - 08h28

          Isso é luxo se o triplex foi entregue sem.
          Isso é corrupção se o dignatário dono (Lula) recebeu não só o elevador, como todas as outras melhorias de graça da OAS, em retribuição a “favores”…

          Simone Gauche

          22/08/2016 - 08h52

          Afff
          Então esse triplex era bem meia boca mesmo, nem elevador privativo tinha.
          Toda a documentação apresentada sobre a compra de cota do empreendimento da Bancoop pela Dna Marisa, que desistiu do negócio muito antes da OAS assumir as obras e que pleiteou devolução do valor pago por ela (à prestação) depois que desistiu da compra… Nada disso importa pois o dono é o Lula, né?

          Ah, é… saiu na veja e no JN. Então só pode ser verdade.

          Wladimir

          22/08/2016 - 22h48

          A d. mariza se esqueceu de avisar o marido, pois em 2014 ele estava la com o dono da OAS pra acertar as reformas…
          A sim, ela desisitiu depismque descobriram a maracutaia…

    Jar Borah

    26/08/2016 - 20h00

    Olha querida.

    Precisa se atualizar hein ???? Luleco vai para cadeia kkkk indiciaram o caboclo

Dilson Magno

20/08/2016 - 15h56

Snowden revela que a NSA espia todo o mundo no Japão.

Os segredos (entre os quais a vigilância sobre o Brasil, sobre a Presidente Dilma Rousseff e sobre a Petrobras) foram publicados numa série de matérias para o jornal inglês The Guardian em que Greenwald trabalhava. Snowden vive na Rússia desde 23 de junho de 2013 onde chegou procedente de Hong Kong Era de Hong Kong que Snowden se comunicava virtualmente com Greenwald.

Os “Shadow Hackers” publicaram duas séries de arquivos. Uma pode ser acessada livremente e outra segue encriptada. Os hackers dizem que divulgarão essa informação adicional para arrecadar um milhão de bitcoins — moeda digital, que neste caso seria trocada pelo valor de US$ 575 milhões — por meio de um leilão online.
http://br.sputniknews.com/mundo/20160820/6093387/edward-snowden-revela-documentos-NSA-foram-hackeados.html

Espero que divulguem a real intenção da NSA no golpe no Brasil, não pensem que esse juiz Sérgio Moro teria tal capacidade de investigar a corrupção na Petrobrás, isso tudo tem a mão dos Americanos desmoralizando a Petrobrás e em seguida usurpando a mesma através de seus testas de Ferro no Brasil, em especial os políticos desta Lista de entreguistas!

Os 33 Senadores que deram a partida para a falência da Petrobrás… Políticos vendedores do patrimônio Público, Você que votou nesses Pilantras espero que não volte a votar nesses pilantras, gravem bem os nomes desses bandidos entreguistas para que nunca mais dêem um voto a esses bandidos e depois não reclame que o Brasil está sempre sendo atacado por criminosos capitalistas… Esse tipo de político o Brasil tem que se livrar no voto já que não temos uma justiça capaz de eliminálos, com certeza esse políticos vendem até a mãe deles para se manter no poder, um lixo no nosso senado que vergonha… Segue a lista dos Bandidos políticos que não nos representam: Ricardo Franco, Ronaldo Caiado, Eurico Oliveira, Garibaldi Alves Filho, Marta Suplicy, Romero Jucá, Rose de Freitas, Sandra Braga, Valdir Raupp, Waldemir Moka, Ana Amélia, Gladson Cameli, Ivo Casol, Wilder Morais, José Medeiros, Blairo Maggi, Fernando Bezerra Coelho, Lúcia Vânia, Roberto Rocha, Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, Antonio Anastácia, Cássio Cunha Lima, Dalíro Beber, Flexa Ribeiro, José Serra, Paulo Bauer, Tasso Jereissati, Omar Aziz, Otto Alencar, Sérgio Petecão, Douglas Cintra, Fernando Collor.
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/saiu-a-lista-dos-entreguistas
A esposa do juiz Sérgio Moro, que está à frente da Operação Lava Jato, advoga para o PSDB do Paraná e para multinacionais de petróleo. A denúncia foi publicada no Wikleaks. O fato já seria suficiente para inviabilizar a participação do juiz Moro no processo que apura a corrupção na Petrobrás (Operação Lava Jato). O Código de Processo Civil, em seu artigo 134, manda argüir o impedimento e a suspeição do juiz: “IV- Quando nele estiver como advogado da parte o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta: ou na linha colateral até o segundo grau”. http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Sergio-Moro-um-juiz-a-servico-da-TV-Globo-e-do-PSDB/4/33770

    Fofoqueira Divina

    20/08/2016 - 16h06

    Parabéns, companheiro, pelas suas afirmações. É preciso desbaratar essa quadrilha já nas próximas eleições de 2018, mas agora nestas eleições municipais deste ano, precisamos dar início à quebradeira desses partidos que fazem parte desses canalhas golpistas!

      Oobservador Observador

      20/08/2016 - 21h02

      Alices


Leia mais

Recentes

Recentes