Primeiro desafiaram nossa consciência, nossa ética.
Não entendemos, nos calamos.
Afinal não era conosco.
Sem reação nossa, eles seguiram.
Assistimos atônitos à escalada de feitos que achávamos impossíveis.
Boquiabertos, hesitamos.
Mas eles continuaram. Desafiando nossa incredulidade.
Muito tarde, reagimos.
Saímos nas ruas, eles nos esconderam.
Nos manifestamos, protestamos.
Nos deletaram do presente virtual, das folhas dos jornais.
Gritamos, exclamamos, reclamamos, escrevemos, relatamos,
Choramos no vazio…
Encontramos novos meios de nos expressar,
Fizemos novos amigos,
Ocupamos escolas e ministérios,
Analizamos, mostramos provas.
Cantamos E, criativos, criamos.
Falávamos com nós mesmos?
A ousadia deles foi crescendo.
Ignoraram nossas vozes, nossos votos, nossas cores e nossos gêneros.
Rasgaram nossa Constituição.
Fizeram de nossas leis farelo.
Nos creem burros e sem memória.
Acham que não entendemos política e nem jurídica.
Inventaram pedaladas e decretos.
Votações adiantadas, escândalos desproporcionais
O desprezo deles por nós é grande,
Até pararam de fingir.
Proibiram atos de protesto perante o Mundo,
E na nossa cara, jogaram abertamente.
O brilho das Olimpíadas ofuscou os nossos olhos.
Embranquecidas nossas vistas, aconteceu.
Quase sem vermos,
Quase sem protestos,
Quase sem gritos,
Sem esperança.
O Golpe.
Quase consumado?
E nós?
Vamos aceitar?