Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
O Fernando Brito, do Tijolaço, comentou, na última segunda, uma notícia do Estadão que traz essa declaração bastante estranha do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima:
Questionado pelo Estado se os investigadores estão perto de um entendimento com a Odebrecht e a OAS, as maiores empreiteiras que ainda não formalizaram colaboração, ele declarou: “As coisas estão muito longe de serem resolvidas, quem vai (fazer). Acreditamos que só tenha espaço para mais uma”.
É o leilão da delação em seu auge.
Quem dá mais para ter a sua delação aceita? Qual a delação que vale mais?
Ganha um doce quem descobrir.
Se há várias empreiteiras querendo delatar e o procurador fala que só há espaço para mais uma, fica claro que o que se quer é a delação bomba para sacramentar o impeachment, que já está bem encaminhado, por sinal, após a votação de ontem.
Entrevistas anteriores desse sinistro procurador não deixam margem para dúvida quanto aos objetivos da Lava Jato.
Na Folha, em setembro do ano passado:
O que queremos mostrar é que não estamos investigando a Petrobras. Nós nem começamos a investigação por ela”, afirma Lima. “Estamos desvelando a compra de apoio político-partidário pelo governo federal, por meio de propina institucionalizada nos órgãos públicos. Se não reconhecerem isso, vai ser um problema
A história de que a Lava Jato investiga apenas fatos vai para o espaço com essa declaração.
Só Suzana Vieira e seus amigos ainda acreditam nela (e depois o norte e o nordeste é que não sabem o que está acontecendo).
Na verdade se perseguem fatos para sustentar a tese preestabelecida de “compra de apoio político partidário pelo governo federal”, como bem referiu o Brito aqui.
Em abril desse ano, para a Época:
ÉPOCA – Qual a distância que a Lava Jato tem a percorrer para alcançar o chefe da quadrilha do petrolão?
Carlos Fernando dos Santos Lima – Temos claro hoje que a pessoa do ex-presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) tem uma responsabilidade muito grande nos fatos. Há uma linha de investigação que aponta ele na cadeia de comando. Temos indicativos claros de que havia conhecimento dele a respeito dos fatos e o governo dele era o principal beneficiado do financiamento da compra de base de apoio parlamentar. Infelizmente não estamos com esse processo aqui. O tempo será dado pelas circunstâncias da decisão do Supremo de mandar para Curitiba as investigações ou não.
Se os “indicativos claros” são os apontados na última manifestação do MPF, em retaliação ao recurso de Lula à ONU, não são sequer indicativos e muito menos claros.
Simplesmente não há provas contra o ex-presidente.
Mas isso não interessa, a Lava Jato tem sua tese e seu alvo definidos há muito tempo.
As provas, arranja-se.
Se não aparecerem as provas, tudo bem também, nada que uma teoria do domínio do fato não resolva.
A nova investida contra Lula é uma reprise do mensalão, com o mesmo tipo de ilações e malabarismos argumentativos para condenar petistas.
Com todas as evidências do partidarismo da Lava Jato, essa história de que será aceita somente mais uma delação, justo alguns dias antes da votação que selará o golpe de estado fruto da conspiração entre mídia, judiciário, MPF, parlamentares e o vice decorativo, cheira muito mal.
É o há muito tempo conhecido modus operandi da Lava Jato: delate as pessoas certas e você receberá seu prêmio.
Resta rir um pouco de tudo isso, para acumular forças para o longo combate contra o arbítrio que se avizinha.