por Wanderley Guilherme dos Santos, no Segunda Opinião
O Partido dos Trabalhadores não pode sair vitorioso das eleições de 2018 – essa é cláusula pétrea do golpe. Essa é a razão da impunidade de todos os arbítrios e sobre a qual até a oposição teme discursar. A intenção de liquidar eleitoralmente o Partido dos Trabalhadores seria materializada pela exposição de pessoas alegadamente suspeitas a ações repressivas cinematográficas, com excepcional cobertura da mídia. Os associados à força-tarefa Lava-Jato apostavam no caráter fluído das elites brasileiras. Consagrada a investigação como impoluto cerco à imoralidade política, ninguém desafiaria a acusação de complacência com a corrupção, criticando o modo de trabalhar inaugurado pelos procuradores ou a audácia do Juiz Sergio Moro. Acertaram na mosca. Hoje, as elites econômicas, políticas e jurídicas dão embaraçosos espetáculos de covardia, mal disfarçada em contorcida linguagem técnica. Creio que a maioria empresarial apoia por interesse, a minoria por covardia; os políticos, em sua maioria absoluta, aplaudem por histórico padrão de interesse e covardia, em porções variáveis. E a elite jurídica brasileira, servil, como de hábito, até o último átomo de sua alma transfigurada.
Mas a dose tem sido insuficiente e, depois de tanta arbitrariedade, aos usurpadores do poder executivo, aos homiziados na burocracia, aos acocorados juízes e, diretamente, aos associados às violências da Lava-Jato, não restará convincente subterfúgio jurídico a ampará-los, em desfecho contrário ao plano. Por isso, a decisão tácita de procuradores, do Ministério Público, das instâncias superiores do aparelho jurídico, do Executivo, do Legislativo e da imprensa, é radical e pétrea: o PT não pode, em hipótese alguma, sair vitorioso das eleições, em 2018. Enquanto houver tempo, as múltiplas investigações-filhotes, utilizando a mesma metodologia, buscarão mascarar a tirania jurídica com narrativas aberrantes, certas da eficácia da imprensa na tarefa de agitação e propaganda. A matéria principal, diariamente, repetirá a calúnia de que o maior partido a representar as camadas populares foi o patrono de gigantesco assalto aos recursos da Nação.
Sergio Moro escolheu ignorar que a corriola de marqueteiros detinha o domínio dos fatos. Eram cientes da legislação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral, compelindo os partidos, na prática, a fabricar recursos, via caixa 2, com que cobrir os orçamentos extorsivos das campanhas. Com o caixa 2, crime eleitoral, surgiam oportunidades para ilegalidades propriamente penais. Mas o grosso dos crimes eleitorais, milhões de reais ilegalmente apurados, destinavam-se às contas bancárias dos marqueteiros, crime catalogado em inúmeras rubricas do Código Penal. Os orçamentos exorbitantes, explorando oportunidade de extorsão criada pela legislação (basicamente, tempo de televisão como moeda eleitoral + autorização para coalizões mamutes + proibição de fundo comum de recursos= caixa 2), estão na origem da maioria dos crimes cometidos. Mas, beneficiária das fortunas contrabandeadas, com pleno domínio dos fatos, a corriola de marqueteiros está livre e passa bem.
Em outro cenário, o delinquente Alberto Youssef e altos funcionários da Petrobrás, organizados à socapa dos partidos, promoveram a predação da empresa em escala de rara comparação internacional. Cinco ou seis cabeças formavam o estado-maior da quadrilha, atuando coordenadamente, por confissões e provas irrefutáveis. Durante anos. Foram julgados, condenados, e premiados pelo Juiz Sergio Moro com tornozeleiras domésticas, não obstante deterem o domínio e o usufruto dos fatos devastadores da Petrobrás. Não copiavam a prática dos marqueteiros. As oportunidades de roubo estavam nas licitações para compras e para obras. Juntar as duas quadrilhas serve para confundir o público e libertar os principais criminosos dos dois grupos. O que tem Nestor Cerveró a ver com as campanhas eleitorais? Rigorosamente, nada. E qual o interesse de personagens como Duda Mendonça e João Santana em licitações de sondas de petróleo? Nenhum. Duas árvores de frutas podres, elas compõem os subsistemas de corrupção que, associados a políticos cafetões das legendas, reduziram os partidos a marionetes, espremidos entre a legislação, a extorsão marqueteira e a competição selvagem de grupos capitalistas, traduzida em investimento nas campanhas. A mágica transformação dessa complexa rede de empresários, marqueteiros, construtoras, e políticos com alguma influência, em projeto clandestino de um único partido materializa o plano de destruir a representação popular.
Dilma Rousseff não enfrentou problemas no Legislativo para aprovar a lei antiterrorismo, codinome de repressão a movimentos reivindicatórios. Com a proximidade das eleições de 2018, a Lava-Jato buscará o pódio da glória, tendo dizimado as expectativas eleitorais dos partidos populares. Ou, não. Se não, a lei antiterrorismo será mobilizada para reprimir manifestações dos eleitores simpáticos ao PT e a aliados. E se ainda for pouco, o governo de Michel Temer recorrerá ao “estado de defesa”, evocando capítulo amargo da Constituição. A cláusula pétrea golpista é inegociável: o Partido dos Trabalhadores não pode, em hipótese alguma, sair vitorioso em 2018.
Leonardo Koppes
17/10/2016 - 19h13
Essa palhaçada toda do judiciário começou quando GM despachou dois habeas corpus em menos de 24 horas para liberar o banqueiro bandido. Aquele era o momento da sociedade reagir e forçar o impedimento desse canalha. Depois desse episódio o que passa a mente desses degenerados é “podemos fazer qualquer coisa, ninguém reage mesmo…”
silvio lisboa
09/08/2016 - 17h20
Ola meu grande WGS
se o temer continuar como golpista efetivado por este senado podre e se achar presidente: AS ELEIÇÕES DE 2018 NÃO ACONTECERAM. GOLPE TEM QUE SER GOLPE !!!
EM 1966 O QUE FEZ A DITADURA ??? CANCELOU AS ELEIÇÕES E FICARAM NO PODER APESAR DA PROMESSA DE DAR O GOLPE E ” DEVOLVER O GOVERNO ” . ESSE PORRA DO TEMER , DO SERRA ETC FARAO A MESMA COISA.
SE FICAREM NEM ELEIÇÃO TEREMOS , COM OU SEM PT
Tamosai
09/08/2016 - 14h01
Excelente texto de um dos maiores cientistas políticos do Brasil. Retrata com fidelidade a perseguição e a demonização de tudo ligado ao PT e a falta de interesse de investigar os outros partidos, especialmente o PSDB e o PMDB. Se Cunha, Temer, Serra, Aécio e Alckmin fossem do PT já estariam presos.
Leandro Torreal
09/08/2016 - 12h55
a culpa é de todo mundo.
só o PT é inocente nessa história.
Italo Rosa
09/08/2016 - 22h42
Você deveria desconfiar das verdades indiscutíveis que lhe são servidas. Procure ser crítico, cético. A quem interessa o golpe? Muitas pessoas inteligentes estão sendo vítimas desse conto do vigário. Com o cinismo dos senadores, a parcialidade da justiça, perdemos nós todos. O Brasil sofre prejuízos talvez irreparáveis. Procure pensar com independência.
Leandro Torreal
10/08/2016 - 01h32
ah, sim.
pode deixar.
tenho anos de militância na esquerda e tb anos de estudo em gestão pública e economia.
Dilminha destruiu a economia do país.
os prejuízos foram causados por ela.
Italo Rosa
10/08/2016 - 16h53
você já percebeu quem são os parceiros do golpe? e que além da direita mais retrógrada está a sombra do tio sam de olho no Pré-Sal e no desmantelamento do BRICS? Estou respondendo a você porque você se identificou como militante à esquerda no espectro político. Se a turma entreguista do PSDB, DEMOCRATAS, e o Centrão estão envolvidos nessa ruptura democrática, não é por se alinhar ao interesse do país. É um golpe para retirar do povo (que elegeu o PT 4 vezes consecutivas) o protagonismo político. Não consigo entender como um esquerdista, como você se declara, seja tão ingênuo a ponto de acreditar nessa lavagem cerebral servida pela mídia golpista e pelo MP e aquele juizinho parcial, e com a conivência e omissão do STF. Nós brasileiros estamos sendo esbulhados do nosso futuro como país soberano e menos desigual. Se você fosse um direitão como tantos que aparecem por aqui arrotando asneiras, eu entenderia. Mas alguém com sua visão de mundo fica difícil de entender.
Leandro Torreal
11/08/2016 - 00h05
meu caro, se Dilma não tivesse criado inflação, destruído empregos e cometido fraude fiscal em 2014, eu seria seu defensor.
o PT perdeu apoio popular e político. Dilma não tinha mais nenhuma condição de governo.
militei na esquerda até que descobri o ranço autoritário, o desprezo pela alternância de poder, a mesma corrupção vinda dos que alegavam ética.
eu estou comemorando o fim do governo do PT.