Foto: Marcus Schreiber/AP
Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho
A judoca Rafaela Silva foi eliminada nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, por ter dado um golpe irregular. Foi defenestrada, insultada pela estupidez inevitável das redes sociais, sofreu ataques racistas – muito provavelmente de quem marchou de amarelo pedindo sem saber, ou sabendo, por isso que estamos vivendo hoje – e agora, quatro anos depois, conquista a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos da Rio 2016. Foi de uma mulher a nossa vitória inaugural nos Jogos, o que de novo, voltando um pouquinho só à política, pode querer dizer muita coisa, mas só não foi de um homem por causa de um vietnamita, no caso Xuan Vinh Hoang, que acertou o tiro perfeito, na mosca, o único jeito que ele tinha pra tirar o ouro do brasileiro Felipe Wu.
Felipe não quis nem saber e comemorou muito a prata na prova de tiro esportivo de ar 10 metros, a primeira medalha brasileira dos Jogos em casa, no primeiro dia de pódios, repetindo finalmente, 96 anos depois, as primeiras medalhas do Brasil na história dos Jogos Olímpicos, o bronze em equipe na pistola de 50 metros, a prata de Afrânio da Costa na prova dos 50 metros de pistola livre, e o ouro de Guilherme Paraense na pistola de tiro rápido de 25 metros das Olimpíadas da Antuérpia, em 1920.
Outro que igualou a melhor colocação de sua modalidade numa Olimpíada foi Hugo Calderano, do tênis de mesa, que com apenas 20 anos de idade venceu seus três primeiros jogos, o terceiro contra o número 15 do mundo, o atleta de Hong Kong Tang Peng, e parou no japonês Jun Mizutani, número 6 do planeta. A campanha repetiu a de seu xará, Hugo Hoyama, que também chegou às oitavas nos Jogos de Atlanta, em 1996, e Calderano poderia ter ido ainda mais adiante, porque teve três set points no sexto set, para empatar o jogo em 3 a 3, mas deixou Mizutani empatar e vencer no vai a dois, fazendo 4 a 2 na série melhor de sete.
E no futebol tivemos mais um show de Marta e cia., que golearam a Suécia por 5 a 1 enquanto os homens, a equipe liderada por Neymar não passou de mais um 0 a 0 contra uma seleção de pouca expressão internacional, antes a África do Sul, agora o Iraque, e a possibilidade que surge forte, plausível até, de o futebol brasileiro, masculino, ser eliminado na primeira fase na Olimpíada em casa, caso não vença a Dinamarca nesta quarta-feira. Sorte que se isso acontecer, continuaremos muito bem representados nos Jogos Rio 2016 no esporte que é a paixão nacional. Pelas mulheres, claro.
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