Por Tadeu Porto*(@tadeuporto), colunista do Cafezinho
Se o governo Temer, como era de se esperar, apelou vergonhosamente para a ditadura [não se iludam, não há outro nome para a censura nos estádios] existe, pelo menos, um ponto positivo: podemos exercer a criatividade para driblar o cerceamento da liberdade de expressão.
Geralmente, a imposição arbitrária de regras encontra na sensibilidade da arte uma dificuldade semelhante a segurar água entre os dedos. E esse dribles magníficos que a imaginação aplica sobre métodos conservadores podem gerar verdadeiras obras históricas.
Falar de flores, rodas vivas, moscas, bêbados e equilibristas significaram muito mais do que as interpretações simples dessas palavras em contextos artísticos. Claro que não tenho a pretensão aqui de ver um novo Chico Buarque em ação no governo usurpador – espero de coração que ele caia bem antes – mas fiquei mesmo curioso em saber quais vão ser as fintas que nossa esfera progressista vão dar na opressão já desenhada e aplicada, principalmente nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro.
Eu mesmo não consegui segurar minha curiosidade e, em alguns minutinhos aqui, pensei em algumas saídas:
- Anagramas com “fora temer”: a ideia de cada homem ou mulher usar camisas com uma letra correspondente abre caminho para um espaço interessante, o uso de anagramas. “rato refem”, “fato errem”, “formar rete” são algumas variações dentre muitas (ainda mais que podemos pensar em novas letras que possam entrar por acaso);
- Variações com o verbo temer: uma frase, do tipo, “Vamos Brasil, sem temer” seria uma ótima frase de incentivo para nossos atletas;
- Cartazes em outros idiomas: colocar o “fora temer” em outros , dificulta a vida dos “capitões do mato” do governo golpista (principalmente com diferente alfabetos, como grego, cirílico ou árabe), tem alto potencial para viralizar e ainda ajudaria a divulgar o golpe pelo mundo;
- Mensagens criptografadas: como será que se representam “fora, temer e golpe” no código morse?
Bom, são apenas alguma pequenas ideias que me ocorreram. Tenho certeza que milhares de cérebros democráticos estão pensando nas saídas para essa imposição arbitrária de um governo covarde que não consegue suportar meia duzia de vaias. Sou capaz de apostar meu novo livro do Harry Potter, que chegou as minhas mãos hoje, que em menos de uma semana teremos ideias fascinantes que não deixaram nada a desejar para os grandes feitos de 64 à 85.
Aliás, se alguém tiver alguma inspiração diferente, manda pra gente do Cafezinho que podemos tentar dar alguma publicidade à sugestão. Amanhã, afinal, há de ser um novo dia, apesar de tudo que temos a temer.
Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SindipetroNF)