por Brenno Tardelli, no Justificando
Como um jantar promovido por ruralistas para o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral e Ministro da Suprema Corte, Gilmar Mendes, e o Presidente Interino Michel Temer a fim de discutir estratégias para assegurar o impeachment não chocam o noticiário nacional?
O encontro aconteceu ontem, na casa do ministro interino ruralista Blairo Maggi, que foi governador do Estado do Mato Grosso, terra natal de Gilmar. Ao jornal O Globo, insuspeito para servir de assessoria do governo interino, senadores da base aliada disseram que uma das estratégias seria antecipar a votação do impeachment, artifício oportuno, uma vez que Temer perde popularidade a cada dia que passa.
E assim, às claras, sem qualquer receio de constrangimento, um Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, figura fundamental para o processo político articula uma manobra para beneficiar um político e prejudicar outra. Gilmar ocupa cargo fundamental para a política do executivo nacional, pois, dentre outras participações, julgará a chapa Dilma/Temer por uso de verba de campanha. Enfim, como pode um sujeito dessa função fazer o que ele faz?
Gilmar pode. Como disse Gustavo Gindre – não o conheço, mas pela sua postagem tem um senso de justiça maior do que a grande maioria dos juristas -, ele pode muito. Se você tiver dificuldade em saber as razões, sente-se e assista o programa Coisas que Você Precisa Saber. Junto a Igor Leone, tive a chance de escrever uma mini biografia sobre essa figura. Deixei muita coisa de fora, infelizmente, pois a modernidade não costuma consumir conteúdos que ultrapassem um determinado tempo. Mas a minibiografia dele está aqui:
Por que a mídia não aborda em extensos editoriais o jantar de ontem? Será que a pauta não é relevante?
A questão sempre pode ser respondida com o inverso: imagine Ricardo Lewandowski, Presidente do Supremo que será o responsável por conduzir o julgamento do impeachment, jantando com Dilma, Lula e a base do PT para discutir estratégias que assegurem a volta da Presidenta? Aí sim, a pauta ganharia relevância, entende?
O pior é que não é a primeira vez que Gilmar arregaça as mangas para trabalhar como político – entenda, não há problema algum em ter sua militância partidária, desde que você não seja um ministro do Supremo, óbvio. Gilmar poderia fazer exatamente o que faz de forma legítima, apenas deveria estar na tribuna de uma das casas do legislativo, simples.
Como que a outra parte vai estar em pé de igualdade quando o juiz se vale de táticas não jurídicas ou processuais, mas apenas políticas, em um jantar que não houve convite para todos. Apenas um teve o privilégio de cochichar no ouvido de Sua Excelência.
A existência de um ministro como Gilmar é um deboche a qualquer país que se pense como uma democracia séria, no qual, como dizem os cínicos, as instituições funcionem.
*Brenno Tardelli é diretor de redação do Justificando
Denise Espirito Santo
04/08/2016 - 16h09
Gilmar é um mafioso e agente institucional do PSDB para assuntos relacionados à lavanderia de dinheiro sujo – caso Opportunity e GOLPE! Numa democracia, esse verme seria afastado da vida pública
Esther
06/08/2016 - 01h49
também deu o HC para Daniel Dantas e para o médico paulista que estuprava pacientes
Antonio Passos
04/08/2016 - 12h29
O Brasil merece uma mudança de nome, HIPOCRISIL seria mais adequado.
João Ostral
04/08/2016 - 10h46
Qualquer tentativa de Gilmar julgar seus perseguidos político, estes deve se recorrer a ONU. Ponto.
Já existem muitos elementos publicamente visíveis, suficientes para abrir um processo de atentado a ética profissional, a constituição, aos direitos humanos, etc.
maria nadiê Rodrigues
04/08/2016 - 09h59
Até o JB Online divulgou a declaração de uma jovem que foi estuprada por Feliciano, com provas robustas da safadeza do sujeito cheio das moral. Por que os blogues progressistas não comentam isso?
migueldorosario
04/08/2016 - 10h53
nem tive tempo para ver isso ainda. pode linkar aqui?
João Ostral
04/08/2016 - 10h53
Crimes é para periferia e PT, a casa grande não comete crimes, só traquinagens perdoáveis.
Lafaiete
04/08/2016 - 09h58
Observem a pose de todo poderoso de um e de submisso do outro!
Pobre Brasil! Até quando?
Marcvs Antonivs
04/08/2016 - 09h49
Para que não reste mais dúvida alguma: esse golpe foi dado pelo judiciário. A classe política foi apenas o meio para se atingir o objetivo. Apenas um idiota não consegue ver o alinhamento entre a obscenidade de Curitiba com o ministério público, PGR e stf. Dessa forma o Brasil estréia uma novidade, pelo menos por essas bandas: o golpe togado. Já tivemos: golpe CÍVICO-MILITAR: a proclamação da república foi um caso clássico que aliou o recém criado Partido Republicano aos militares comandados pelo Ministro da Guerra do imperador (se há presença constante na nossa história é a presença de traidores!!!); golpe CIVIL: o golpe de Vargas em 1937 é um exemplo perfeito; Golpe MILITAR: em 1964 embora os civis tivessem iniciado o golpe houve um claro golpe dentro do golpe. Quando os civis abriram os olhos os militares já tinham tomado conta do boteco. E agora temos o golpe CÍVICO-JURÍDICO. O judiciário está usando de maneira clara a classe política para perpetrar o golpe. Não acredito, nesse momento, que os togados vão assumir completamente o controle, mas que estão dosando tudo, estão.
frederico
04/08/2016 - 09h35
O que se vai falar quando dois grandes FDPs se encontram. Não há o que falar, há sim que se cobrar do Supremo uma reprimenda pública a Gilmar Mende.kkkkkkkkkkkkkkkk Essa piada foi boa né?!?!?!?!?
Comedor de coxinha
04/08/2016 - 09h01
Fazer o que. Esperar pra ver no que da. Coisa boa tenho certeza que não vai ser…. Muita gente que sai nas ruas hoje contra o PT vai ser prejudicada também. Pagaram pra ver no que vai dar. Agora a conta vai chegar….
Marcos Augusto Neves
04/08/2016 - 08h55
Regredimos 30 anos ou mais, estamos vivendo um Estado de exceção, onde uma elite ignóbil tenta garantir seus privilégios, e o pior; ninguém faz nada! Pobre Brasil.