O ex-ministro da Educação no governo de Dilma Rousseff, Renato Janine Ribeiro, escreveu o seguinte no Facebook: ‘Então eu não estava errado, quando antevi que poucos chefes de Estado viriam’.
O comentário faz referência a um texto escrito por ele em maio, relembre:
Aceitei o MEC sabendo da crise econômica, só não conhecendo o seu tamanho. E à medida que ela foi se mantendo, com cortes seguidos no orçamento, percebi — como disse várias vezes, após deixar o ministério — que nem o impeachment, nem a mera derrota do impeachment nos tirariam dela. Pena que o País acabou nessa disputa inútil.
Um dos resultados do afastamento da presidente é uma enorme perda de prestígio internacional do País. Os jornais e seus comentaristas não dizem isso, mas leiam, por exemplo, a Radio France Internationale.
É bastante óbvio. Hoje, qual chefe de Estado se disporá a prestigiar, ao lado de Temer, a abertura das Olimpíadas? Obama tinha sido convidado, mas não deu resposta. Alguém tem dúvidas? Vocês imaginam um chefe de Estado ou governo da Europa Ocidental, da América do Norte vindo aqui? Os africanos e asiáticos, desdenhados na nova política externa, não têm por que vir. Aqueles que a nova política externa admira não vão se expor.
Há gente dizendo que Obama e Merkel reconheceram o novo governo. Não é isso. Faz já algum tempo que acabou a praxe, após golpes de Estado militares ou revoluções armadas, de ser ou não reconhecido o novo governo. Hoje, isso não se faz. Todos vão manter business as usual, mas não muita coisa além de business.
Temer fará alguma visita oficial como chefe de Estado? Se sim, a que País? Algum governante virá aqui? Cada dois anos, a Alemanha faz reuniões bilaterais com uns poucos países, menos que dez. Em 2015, estive na reunião — todos os ministros alemães e brasileiros. Vocês acham que, salvo alguma mudança extraordinária, ela se reunirá em 2017 com o gabinete Temer au grand complet?
Eu diria que já será bom demais para o novo governo se Macri e mais um ou outro vier para as Olimpíadas. O Itamaraty, em que pese a aparente alegria de suas lideranças com o novo governo, deve estar bastante preocupado. (link)
Abaixo artigo de Luís Nassif que motivou o desabado do ex-ministro:
Às Olimpíadas de Londres comparecem autoridades de 95 países. Em Pequim foram 86. No Brasil, serão 48. Para turbinar a lista o Itamaraty incluiu na conta de autoridades de segundo e terceiro escalão, vices, chanceleres, vice-governador de entidades geográficas não independentes, a diretora da OMS (Organização Mundial de Saúde) e príncipes herdeiros.
Serão as primeiras Olimpíadas na América do Sul. No entanto, somente dois chefes de estado da região confirmaram presença: da Argentina e do Paraguai. Não virá nenhum chefe de estado dos BRICS. Do G20, apenas o presidente da França, François Hollande (que disputa a sede das Olimpíadas de 2024) e o governador-geral da Austrália, Peter Cosgrov.
A única explicação para essa fraqueza é a instabilidade política do país e a dificuldade das nações de reconhecerem legitimidade no interino.
Luís Nassif
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