Por Tadeu Porto (@tadeuporto), colunista do Cafezinho
O ministro da justiça interino anunciou, ontem, uma operação da polícia federal – nomeada hashtag – que desmontou um grupo de terroristas que poderia atuar no Brasil como um braço do grupo extremista Estado Islâmico.
Apesar de aparecer triunfante numa coletiva, a interpretação do ministério da justiça foi questionada pelo juiz federal Marcos Josegrei, responsável pelas prisões, que destacou o fato de que os suspeitos não podem ser considerados, ainda, terroristas. Caso estranho, bem comentado a pouco pelo colunista Bajonas Teixeira, aqui mesmo no Cafezinho.
O Brasil tem pouquíssima tradição com ataques terroristas e, mesmo assim, o governo Temer prende um grupo de “amadores porraloucas” – segundo palavras do ministro da defesa Raul Jungmann – arrastando a discussão sobre o terrorismo mundial para dentro do território nacional. Oras, não me parece muito inteligente, há pouco menos de três semanas das olimpíadas, provocar um grupo fundamentalista dessa maneira.
Vale ressaltar que, na tragedia de Orlando, por uma ínfima ligação do assassino com o Islã o Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque. Portanto, é natural supor que o EI não só deseja utilizar a violência extrema como vingança como também busca, cada vez mais, audiência e marketing para os seus feitos.
Comentei, há pouco mais de um mês, que aquele post “caça terrorista” da ABIN era a canalhice do governo usurpador disfarçada de ignorância, uma vez que fica clara as intenções dos interinos de utilizar a lei antiterrorismo para perseguir brasileiros e brasileiras.
E a escalada da pilantragem disfarçada de estupidez de Temer continua, agora querendo demonstrar ao país que o ministro da justiça, ex-advogado do PCC, está a pleno vapor na caça ao terror nacional.
Todavia, essa nova bizarrice que Temer aprontou não gera apenas uma piadinha de internet que rende memes e noticias do sensacionalista, mas dá ênfase a uma facção terrorista vingativa, violenta e que adora marketing num momento que o Brasil ganha destaque mundial pelas olimpíadas no Rio de Janeiro, uma das cidades mais famosas do mundo.
Fica, portanto, o questionamento: se o EI quiser se aproveitar da audiência que ganhou da operação midiática (pra variar) da polícia federal, com destaque nos principais países da Terra, para fazer valer verdadeiros ataques profissionais? Ou seja, se efetivamente o terror do EI bater na porta do Brasil, aproveitando a publicidade inicial que o governo golpista o proporcionou, qual parcela de culpa essa bagunça encabeçada pelo ex-secretário de segurança de São Paulo terá?
Pra mim a resposta é tão clara quanto a música “a velha a fiar”, do curta-metragem dirigido por Humberto Mauro, que aprendi a amar e cantar na seriado infantil Rá-Ti-Bum: estava o Estado Islâmico em seu lugar, veio o Temer lhe fazer mal.
Sendo assim, se amanhã ou depois, no Maracanã ou na Barra, na final da Ginástica Rítmica ou do Vôlei Feminino, se o Brasil sofrer um atentado terrorista a lambança que esse governo conservador proporcionou nessa operação policial infantil e infame terá um peso significativo como causa desse ataque. Isto é, Temer, por pura vontade de fazer uma caça as bruxas da resistência ao golpe, brinca com fogo sem ter experiência alguma com pirotecnia.
Queira o destino, então, que a máxima da Inês Brasil não seja um lei universal, afinal, “se me atacá, vou atacá” valer como um todo, podemos esperar uma retaliação de uma agrupamento violento e extremista que pode ser considerado um dos mais perigosos da história recente da humanidade.
Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SindipetroNF)