Um leitor enviou para O Cafezinho o artigo ‘Escola Sem Partido: Um Caso Concreto’
Por ser este um espaço democrático, mas sobretudo por curiosidade antropológica, publicamos o artigo sem sequer fazer críticas. O autor é um entusiasta do projeto Escola Sem Partido. Tirem suas próprias conclusões.
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Escola Sem Partido: Um Caso Concreto
por Bordin Burke
O projeto “Escola Sem Partido” ambiciona romper com uma tradição fortemente arraigada no Brasil: a utilização das salas de aula como verdadeiros palanques de proselitismo em favor do ideário Esquerdista. Um dos países onde a doutrina de Antonio Gramsci mais floresceu – rendendo frutos do naipe de Maria do Rosário e Marilena Chauí –, o Brasil nunca logrou impedir que seus alunos, desde a mais tenra idade, fossem transfigurados em papagaios do antiamericanismo, anticapitalismo, e outros ismos da agenda comunista. Aulas de história e geografia, especialmente, vêm se prestando tão somente a propagandear ideologias “progressistas”. E o objetivo principal do ESP é, justamente, determinar que sejam oferecidas aos alunos diferentes perspectivas, permitindo que eles próprios posicionem-se e tracem seus caminhos rumo ao Conservadorismo, ao Liberalismo ou ao Coletivismo. E é justamente essa oportunidade de escolha, reiteradamente negada em nossos colégios, que um professor de Canoas/RS vem tentando proporcionar a seus estudantes.
Professor de Física e Matemática, Wilson Delfino dos Santos Júnior tem feito o contraponto à cartilha de Paulo Freire na Escola Estadual de Ensino Médio Barão do amazonas. Diante do olhar perplexo de alunos acostumados a ouvir sempre as mesmas abordagens com viés de Esquerda, ele procura demonstrar, no transcurso de suas aulas, conceitos básicos de microeconomia, de forma a estimular o empreendedorismo (e mudar a imagem dos empresários de “capitalistas exploradores” para pessoas que geram valor para a sociedade), explicar como são formados os preços no mercado, e até mesmo elucidar conceitos como “utilidade marginal” – citando, inclusive, economistas da Escola Austríaca.
Demasiadamente complexo para alunos do ensino médio? Não quando esse professor utiliza tal método durante uma aula de funções do primeiro grau, por exemplo, relacionando curvas de demanda e oferta com gráficos matemáticos.
A melhor forma de contra argumentar as ruidosas reações da maioria dos professores, os quais alegam que “seria impossível” cumprir o que propõe o ESP, sob o pretexto de que a lei representaria uma mordaça, é demonstrar, na prática, como seriam as aulas no futuro: sem alunos lobotomizados por um único discurso, e usufruindo da chance de analisar vários pontos de vista e eleger qual deles norteará sua vida.
Alguns deles, aliás, já fascinados pela didática do Sr Wilson, fazem parte do time de futebol “Opressores”, que disputa o torneio do colégio, cujo uniforme ostenta a figura de Ludvig Von Mises, e estampa o nome de pessoas que contribuíram com a disseminação dos ideais liberais e conservadores no Brasil e no mundo, como Friedrich Hayek e Rodrigo Constantino. Já estão nas quartas-de-final. Go, oppressors!
O nome do time, aliás, é um claro deboche com o sentimento da Esquerda que, quando contrariada em seus dogmas universais, costuma sentir-se ofendida, muito embora, da boca para fora, defenda a diversidade. E aí entra o papel do ESP, na medida em que tornará o cenário atual (totalmente homogêneo em educadores marxistas), mais “temperado”, com aulas permeadas pelo Liberalismo econômico e pelo Conservadorismo. E que vença o melhor. A concorrência é sempre benéfica para os consumidores, e não será diferente com nossos alunos.
O pânico dos defensores do status quo com o ESP apenas denota que os educadores-militantes sabem que a ideologia marxista não subsiste ao confronto de ideias, sendo facilmente refutada pela própria realidade. Sem doutrinação maciça desde a infância que solidifique artificialmente a inveja como meio de vida (se eu não tenho o que quero é porque alguém tirou de mim – como se a economia fosse um jogo de soma zero e como se as conquistas não exigissem esforço), as tendências socialistas de nosso povo devem minguar, contribuindo para mitigar a mentalidade populista e assistencialista do brasileiro.
Já passou da hora do monopólio artificial da Esquerda em sala de aula acabar, e o Escola Sem Partido promete derrubar as barreiras para entrada de novas visões nas lousas, permitindo que os alunos vejam o mundo por ângulos diferentes. A propósito, este seria um bom tema para a próxima aula do professor Wilson…
Em tempo: enquanto este texto era redigido, o Opressores FC foi eliminado do torneio. O futebol imita a vida: a Esquerda prevalece na escola. Eis porque o Escola Sem Partido é um projeto dos mais importantes da história nacional. Palavras do capitão da equipe após a desclassificação: “Sem problemas. Se nosso time era fraco, deveria ser eliminado mesmo, sem nenhuma espécie de protecionismo (tal qual empresas ineficientes devem falir no livre mercado e ser incorporadas por aquelas que geram mais valor a menores custos). Os consumidores do esporte (expectadores do campeonato) saem ganhando, e nós somos estimulados a atuar em outras áreas, até encontrar o sucesso. Graças a essa eliminação, um dos alunos do time pode ficar desiludido com o futebol, começar a jogar vôlei e virar atleta olímpico – o que jamais ocorreria se fosse instituída uma “cota para pernas de pau”.