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Faz sentido a delação premiada do chefe da organização criminosa?

por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho O principal argumento dos defensores da delação premiada como método de investigação é o de que sem ela fica muito difícil chegar aos peixes grandes da organização criminosa. É um bom argumento, considerando a sofisticação necessária para organizar esquemas que envolvem roubos e desvios de cifras astronômicas. No caso […]

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por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

O principal argumento dos defensores da delação premiada como método de investigação é o de que sem ela fica muito difícil chegar aos peixes grandes da organização criminosa. É um bom argumento, considerando a sofisticação necessária para organizar esquemas que envolvem roubos e desvios de cifras astronômicas.

No caso da Lava Jato, que investiga o pagamento de propinas a diretores e gerentes da Petrobras por grandes empreiteiras organizadas em cartel, certamente os donos e diretores dessas empreiteiras estão entre os peixes grandes buscados pela investigação.

Qual seria o sentido, então, de fechar acordo de delação premiada com os cabeças das empreiteiras? Se o grande objetivo das delações é chegar ao chefão da organização criminosa, faz sentido uma delação do próprio chefão? Logicamente não, ainda mais diante do fato de que este obteria os generosos benefícios concedidos aos delatores.

Pois é o que está prestes a acontecer na Lava Jato. Marcelo Odebrecht, herdeiro e diretor (agora afastado) da empresa da família, está negociando a sua delação, sob a tortura da prisão preventiva eterna.

Se os grandes corruptores também podem ter suas penas abrandadas para que delatem outros integrantes do esquema, sobra quem? Os que estão do outro lado do balcão, políticos e funcionários públicos. São os bodes expiatórios da corrupção, nos quais a mídia cartelizada nacional sempre bota os holofotes.

Lógico que não são coitados e devem ser enxotados da vida pública. Mas o grande agente da corrupção certamente é o corruptor. É quem tem o poder econômico para sequestrar o interesse público através da compra de parlamentares (inclusive legalmente, através do financiamento da campanha eleitoral) ou, no caso da Lava Jato, de diretores e gerentes da Petrobras.

A Lava Jato é uma operação política, seletiva e que tem como sua fiadora e principal aliada os grandes grupos de mídia. Não surpreende, portanto, que ela adote a mesma linha dos seus parceiros: criminalização da classe política, especialmente da esquerda e do PT.

A caçada a Lula (condução coercitiva ilegal, investigação sobre reforma em sítio e pedalinhos, vazamento ilegal de áudio para a Globo, etc.) não deixa dúvidas sobre quem eles esperam que seja delatado pelos corruptores.

Esse pessoal que chega ao poder por meio de eleições é o grande problema do Brasil. Os gloriosos procuradores e juízes, filhos das classes mais abastadas que chegaram aos seus cargos após sofridos anos de estudo nos melhores colégios, faculdades e cursinhos, junto com a poderosa mídia amiga, cevada na ditadura, são a solução.

 

 

 

 

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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