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Russos já preveem saída brasileira do BRICS com José Serra no comando do Itamaraty

por Carlos Eduardo, editor do Cafezinho Na esteira dos britânicos, que recentemente cederam à pressão de grupos conservadores nacionais e decidiram por deixar o bloco da União Europeia, no movimento que ficou conhecido como ‘Brexit’, o governo interino de Michel Temer vem demonstrando claramente que planeja se afastar dos BRICS, bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, […]

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por Carlos Eduardo, editor do Cafezinho

Na esteira dos britânicos, que recentemente cederam à pressão de grupos conservadores nacionais e decidiram por deixar o bloco da União Europeia, no movimento que ficou conhecido como ‘Brexit’, o governo interino de Michel Temer vem demonstrando claramente que planeja se afastar dos BRICS, bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Sob a gestão do ministro interino das Relações Exteriores, senador José Serra (PSDB-SP), o Itamaraty não esconde que a atual administração é alinhada com os interesses norte-americanos e pretende dar às costas para as relações multilaterais na Ásia e África.

Circula nos corredores do Itamaraty a informação de que o atual governo interino de Temer mantém ligação direta com a Casa Branca, em Washington, restaurada após o golpe de Estado, e que a presença do Brasil entre os maiores credores do Tesouro norte-americano tornou-se incômoda, a ponto de o governo atual permanecer “na geladeira”, como afirmou um diplomata brasileiro ao jornal Correio do Brasil, em condição de anonimato.

Desde que assumiu a presidência do Brasil, Michel Temer ainda não foi recebido por nenhum dos líderes dos BRICS. Sinal de que já preveem um ‘Braexit’ (acrônimo para Brasil e a palavra exit, saída em inglês).

Do ponto de vista econômico, o Brasil tem muito mais a ganhar com o BRICS do que em relações unilaterais com os Estados Unidos.

Um exemplo prático é que no futuro, com o banco dos BRICS, podemos ter uma economia menos suscetível a variação do dólar e menos dependente da moeda norte-americana, como explicou o ex-ministro Celso Amorim em entrevista ao DW Brasil, em 2015.

Mas para os golpistas nada disso vem ao caso. O governo interino de Michel Temer não segue nenhuma lógica econômica, se trata do mais puro entreguismo.

Abaixo segue o artigo da agência oficial do governo russo, Pravda.

***

BRICS preparam-se para um “Braexit”: adeus, Brasil

“Só para lembrar: a última vez que os EUA instalaram governo fantoche foi em 2014, quando, em mais um “golpe sem derramamento de sangue” (sic), derrubaram o presidente da Ucrânia e lá instalaram um bilionário oligarca. É cenário comparável ao do Brasil, em 2016″ (Zero Hedge, 13/5/2016)

no Pravda

É possível que o novo governo pró-EUA no Brasil force uma “Braexit” e derrube a muralha que protege os BRICS? Segundo Oliver Stuenkel, professor assistente de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, “muitos (sic) brasileiros acreditam que é hora de deixar” os BRICS.

Há apenas três anos, a maior nação da América do Sul declarou que desejava desconectar-se da Internet controlada pelos EUA, por causa da vigilância ilegal que a Agência de Segurança Nacional dos EUA sobre o país, que incluíam gravar as conversas telefônicas da (então) presidenta Dilma Rousseff. Hoje, o mesmo país, sob governo (interino) de Michel Temer, considerado por muitos em todo o mundo como informante dos EUA, tende fortemente na direção do campo norte-americano. Parece também estar-se movimentando para longe do grupo BRICS, do qual o Brasil é membro fundador.

A ‘conversão’ do governo brasileiro não acontece por acaso. É efeito do descomunal revide contra o Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff, orquestrado por uma coalizão de direita praticamente dominada por população crescente de extremistas evangélicos. De apenas 5% da população em 1970, os evangélicos já são hoje 22% dos 200 milhões da população do Brasil. Estão a caminho de se tornarem maioria já em meados do século.

As igrejas evangélicas com conexões fortes com quartéis-generais nos EUA – e não raras vezes controladas pelas ‘matrizes’ – já são atores muito ativos nas eleições no país, e já conseguiram reverter várias leis sociais brasileiras progressistas. É muito provável que os fiéis dessas igrejas ‘de televisão’, criadas à imagem de muitas que há nos EUA, logo passem a interferir também na política exterior do Brasil. Com isso, certamente o Brasil se afastará – e provavelmente se porá em campo adversário – de países como Rússia e Índia, onde ainda predomina um ethos liberal progressista.

“Campanha contra os BRICS confirma a importância dos BRICS” – Ryabkov

Em apenas 35 anos, é possível que o Brasil tenha população majoritariamente pró-EUA. É tempo mais do que suficiente para que os BRICS preparem-se para a vida sem Brasil. Há quatro vias claras para conseguir isso.

Expandir, expandir, expandir!

Ser pequeno só é virtude se você for anão em circo de excentricidades. Se a OTAN pode trabalhar com 28 membros, os BRICS, claramente muito mais importantes que a OTAN, também podem. Tendo surgido e amadurecido em torno de um núcleo de cinco nações, os BRICS devem agora se abrir para outras frentes, para ganhar mais tração. O grupo capturou a imaginação mundial como corpo capaz de pôr fim à fracassada agenda neocolonial do Ocidente. Outro trunfo dos BRICS é a ideia de crescimento equitativo, que é atrativa para um conjunto diversificado de nações.

O grupo deve investir nessa boa-vontade e convidar economias de dimensões medianas como Indonésia, Malásia, Argentina, Nigéria e Egito. Algumas dessas economias nem precisarão ser convidadas, porque querem vir. A Argentina seria excelente candidata, porque pode substituir o Brasil como representante da América do Sul. Além disso, se o Brasil decidir sair, a inclusão da Argentina obrigará o governo golpista a repensar a decisão. Ninguém no Brasil aceitará sem protesto que seu grande rival do sul substitua o Brasil numa organização poderosa como os BRICS.

Temer, o Interino

Wikileaks revela que o presidente interino do Brasil, Michel Temer, forneceu informações de inteligência ao Conselho de Segurança Nacional e a militares dos EUA, quando ainda na função de líder do partido PMDB que integrava a coalizão governante. Conforme aquela organização internacional de divulgação de informação considerada ‘secreta’ pelos interessados em ocultá-la, Temer manteve contato extraoficial com a embaixada dos EUA no Brasil e forneceu informação que o governo dos EUA considerou “sensível”, para conhecimento “exclusivo do governo dos EUA”. Dois telegramas chamam especialmente a atenção: um, datado de 11/1/2006, o outro de 21/6/2006. Um é documento enviado de São Paulo, Brasil, para – dentre outros destinatários – o Comando Sul dos EUA em Miami.

Mas em que sentido isso diz respeito aos BRICS? Se Temer é efetivamente instrumento da ação política dos EUA, pode bem introduzir uma cunha na maquinaria do grupo BRICS e paralisá-lo, mais ou menos como a Grã-Bretanha operou como cavalo de Troia dos EUA na União Europeia.

Temer, um dos articuladores do golpe para derrubar a presidenta Rousseff, ativa defensora dos BRICS, está, ele próprio sob investigação policial.

É provável que Temer e seu grupo lancem o Brasil em período de agitação e instabilidade. Como se lê no website “Zero Hedge” de inteligência financeira: “Só para lembrar: a última vez que os EUA instalaram governo fantoche foi em 2014, quando, em mais um “golpe sem derramamento de sangue” (sic), derrubaram o presidente da Ucrânia e lá instalaram um bilionário oligarca. É cenário comparável ao do Brasil, em 2016.”

O grupo BRICS deve garantir que Temer não tenha meios para sabotar a coesão dos BRICS, que já está tendo de lidar com a tensão geopolítica entre Índia e China, por causa da presença de uma considerável frota da Marinha da Índia no Mar do Sul da China e da recusa, por Pequim, de aceitar New Delhi no Grupo de Fornecedores Nucleares.

Aprender com o destino de Dilma Rousseff

No governo da presidenta Rousseff, a economia brasileira andava devagar, mas andava. Contudo, como pilar fundamental do grupo BRICS, o Brasil parece ter atraído a ira dos EUA. A coalizão de partidos anti-Dilma, como o PMDB de Temer, e os grupos das igrejas evangélicas – com certeza teleguiados por Washington – criaram tantas e tais dificuldades, que a presidenta foi forçada a governar praticamente por decretos, durante a maior parte de seu segundo mandato.

Como se viu acontecer na Ucrânia, que está hoje em total desarranjo, o PIB do Brasil encolheu 3,8% em 2015, e tudo indica que encolherá outro tanto em 2016. Inflação e desemprego estão acima de 10%. O mercado de ações caiu 7% durantes as duas primeiras semanas do governo Temer; e o real perdeu 3,5% do valor em relação ao dólar norte-americano.

Índia, que assume agora a presidência dos BRICS, fará avançar as iniciativas russas

Primeiro a Ucrânia, depois o Brasil, o que virá depois? A China parece impenetrável aos esforços de desestabilização e revoluções ‘das flores’ dos EUA – mas a Revolução dos Guarda-Chuvas em Hong Kong foi claramente inspirada pelo ocidente. A Rússia já expulsou as agências USAID e o British Council, por interferência na política russa. Resta a Índia, que é vulnerável às táticas de desestabilização da CIA-EUA. A ascensão do Partido Aam Admi, que recebe fundos da Fundação Ford – um dos corpos operados e mantidos pela CIA – é prenúncio do que está por vir.

Livrem-se do nome “BRICS”

BRICS é sigla elegante – todos parecem adorar o som e o modo como desliza sobre a língua. Mas há um problema com siglas de organizações baseadas em nomes dos membros. Se o Brasil se afasta, a sigla encurta para RICS? Se a África do Sul deixa o grupo, o nome passa a ser BRIC?

Além disso, a sigla BRICS tem problemas também de crescimento, porque não se pode encompridar indefinidamente a sigla. De BRIC para BRICS foi fácil, mas o que acontecerá se Indonésia ou Argentina se incorporarem ao grupo. BRICSI? BRICSA?

Algum novo nome não precisa ser necessariamente harmonioso, como som. Por exemplo, o banco dos BRICS é conhecido como Novo Banco de Desenvolvimento – nada muito extraordinário, mas excelente e importante alternativa ao grandiloquente Banco Mundial. Nessa linha, todo o grupo hoje BRICS poderia ser renomeado: Novo Grupo Econômico (NGE), em inglês New Group EconomicNGE [ou, mesmo, NEW [ing. “novo”] – prosaico, mas, melhor denominação que antes.*****

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Comentários

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Manuel Victor

17/10/2016 - 14h34

José Serra, que em um de seus primeiros discursos disse que a “nova política externa” brasileira daria ênfase à América Latina, Estados Unidos e União Europeia. Quando mencionou o Brics, Serra disse apenas que “o Brasil irá se esforçar para aproveitar as oportunidades oferecidas pelo bloco, mas sempre tendo comércio e investimentos mútuos”.

Denise Espirito Santo

19/07/2016 - 14h12

FORA SERRA, SÓCIO E VENDILHÃO DO CAPITAL FINANCISTA, abominável capacho dos interesses dos mais ricos em detrento dos pobres, golpista, cara de limão azedo e outro improperios que aqui não cabe mais, FORA TEMER

Gabriel Prola

19/07/2016 - 00h40

É uma piada essa reportagem, certo??? Tipo Sensacionalista? Rússia com “ethos liberal e progressista”. Jamais li reportagem tão parcial, ofensiva e com tamanho desconhecimento.

    João Henrique Lopes

    25/07/2016 - 22h32

    não cara. é a dura realidade que a globo e a veja nunca te mostraram

    leir

    26/03/2018 - 14h01

    vrd

Jose Pereira Brito Flho

18/07/2016 - 23h12

O BRASIL SAINDO DO GRUPO , DUVIDO QUE A CHINA E RÚSSIA CONTINUE IMPORTANDO A MESMA QUANTIA , COM ESTE GOVERNO GOLPISTA , OS GRINGOS QUANDO IMPORTAM , EXPORTAM MAIS AINDA PARA O BRASIL , OU SEJA NUNCA HÁ SUPERÁVIT !

Eros Alonso

18/07/2016 - 20h05

Serra é metástase a ser extirpada…e com urgência a que a Saúde do país necessita.

Gilmar

18/07/2016 - 20h35

O post está cheio de achismos e inverdades, espalha boatos e força muito quando diz que a presidente foi ” forçada” a governar por decretos… Como se esta não fosse a orientação inicial de se implantar uma “ditadura do proletariado”, o Pt nunca foi nem será um partido democrático.

Geraldo Franco

18/07/2016 - 17h46

É a maior pisada de bola desde o sete a zero do mengão alemão! Espécie de suicídio financeiro e uma dependência ainda maior do FMI/Banco Mundial (que andam pobretões); o Banco Brics abre com mais grana e ‘assets’ que ambos juntos, depois pra voltar vai ser complicadinho. Temer está se ajoelhando aos poderes externos gringos, lambendo botas e chupando pica, que ele tanto gosta: é um capacho!

Fernando Santos

18/07/2016 - 16h08

sempre soube que esses evangelicos brasileiros seriam a ruína desse país!!

Cecilia

18/07/2016 - 12h43

China e Rússia, podiam boicotar as importações…


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