Charge: Vitor Teixeira
por Luiz Carlos Bresser-Pereira
Para minha amiga Marilena Chauí, a operação Lava Jato não tem como principal objetivo o combate à corrupção, mas a entrega do Pré-sal às seis grandes multinacionais do petróleo. Talvez ela exagere, mas tem muita razão. A meu ver, os dois objetivos estão presentes na operação, o primeiro de forma consciente, como legitimação, o segundo, de maneira relativamente inconsciente, como resultado da hegemonia ideológica que o Império ou o Ocidente exerce sobre as classes médias liberal-conservadoras brasileiras.
Mas não tenhamos dúvida. Independentemente dos objetivos visados, o principal resultado da Lava-Jato não será um Brasil menos corrupto, mas tornar o Brasil ainda mais ocupado pelas exportações, os financiamentos, e os investimentos diretos dos países ricos.
O objetivo do Ocidente é a ocupação do mercado interno dos países em desenvolvimento como o Brasil da maneira ainda mais completa do que já é. O instrumento são suas empresas multinacionais. Seus investimentos e financiamentos são vistos por nós como um grande “bem”, mas, na verdade, implicam apenas apreciação cambial, aumento do consumo no curto prazo, e um grande custo para os brasileiros no médio prazo – condenados à dependência e ao baixo crescimento.
Para ocupar nosso mercado interno o Ocidente se aproveita da criminosa ação de empresários, lobistas e políticos que enfraqueceu a Petrobrás e as grandes empresas construtoras brasileiras – uma das poucas áreas nas quais o capital nacional ainda é dominante.
Sim, a operação Lava-Jato contribui para o combate à corrupção, mas o faz através do abuso de direito (algo que não estou discutindo nesta nota, mas é bem sabido), e seu custo para o Brasil, no plano político, em termos de violência contra os direitos individuais, e, no plano econômico, em termos de desorganização da produção, redução do PIB e desnacionalização é muito maior do que esse benefício.
Luiz Carlos Bresser-Pereira é Professor emérito da FGV onde ensina economia, teoria política e teoria social. Foi Ministro da Fazenda, da Administração Federal e Reforma do Estado.
Paulo Teixeira
18/07/2016 - 21h39
“Mas não tenhamos dúvida. Independentemente dos objetivos visados, o principal resultado da Lava-Jato não será um Brasil menos corrupto, mas tornar o Brasil ainda mais ocupado pelas exportações, os financiamentos, e os investimentos diretos dos países ricos.”
Discordo. O Brasil não será menos corrupto depois da Lavajato. Apenas trocará de corruptos. Penso que a proibição do financiamento empresarial de campanhas eleitorais constituiu um golpe mais profundo na corrupção do que todos os processos da Lavajato. Porque cortou as suas raízes, isto é,m a ligação entre empresários corruptores e políticos interesseiros e sem espírito público, um fomentando o outro.
Pinheiro CFC
18/07/2016 - 08h56
Olha a que ponto chegamos. Tem uma louca(Marilena) falando e gente concordando. “A culpa da crise agora é da CIA” …. por favor não apelem!!!, roubou tem que pagar..