Fotos: Giulia Martins/ Divulgação
Peça escrita por Marcelo Marcus Fonseca apresenta uma trama alegórica: Felicifáia Reis, dono de TV, se une a Olavo Constantino, dono de jornal, para eleger um evangélico governador de São Paulo
“Todos os Homens Notáveis” é uma curta temporada de esculhambação (ou espinafração, como diria Oswald de Andrade) do golpe, da figura anêmica de um vice, da Indústria e dos movimentos mentirosos e oportunistas, que dinamizaram o fascismo real no Brasil. É sobre a vida íntima de políticos, os diálogos cínicos que usam na vida privada, com um desprezo profissional por qualquer um que não está no jogo político oficial do poder.
A peça, escrita por Marcelo Marcus Fonseca em 2002, sofreu uma pequena adaptação para os dias atuais, sem precisar alterar os diálogos, mas acrescentando fatos novos do nosso momento vivido. Nela, um dono de jornal se junta a um dono de TV para eleger o segundo, governador de São Paulo com ajuda de um publicitário inescrupuloso, vindo do exterior. Entre a mentira da campanha e a verdade de suas orgias e roubos, seus uísques e advogadas desvairadas, inventam juntos um pensamento que contamina pela propaganda, pagando manifestações e aliados a empresários que fazem sexo com patos.
O espetáculo coloca a ingerência religiosa no poder como fator manipulador de toda boa vontade do povo e mantém um vice sempre a postos para servir de quatro. A homofobia, o racismo e o ódio por nordestinos são assuntos de risos entre os personagens, típicos vagabundos tomadores de uísque. Um dos dilemas para que o vice (gay) assuma, após o plano de assassinato do governador, é a escolha da uma mulher fachada (bela, recatada e “do lar”) para o político, que recebe cachê para chorar por sua família de mentira.
O Teatro do Incêndio se posiciona publicamente em cena contra o fascismo que começa a reinar no país com um espetáculo relâmpago sem meias palavras, vendo a vida do ponto de vista do cinismo que aparece falando de ética nos vídeos e discursos. Suas cocaínas, seus risos dos pobres, sua impunidade total quando falam de tortura, de estupro, de diferenças. Se um Feliciano pode chamar artistas de vagabundos, eles podem chama-lo disso e muito mais, como direito de resposta, já que vagabundo é quem mama para valer na fé de pessoas inocentes e no governo. A temporada é curta, pois apostamos na temporada curta desse governo fake.
O espetáculo tem linguagens diversas como dança, expressionismo, realismo e surrealismo, com música ao vivo, com um trabalho artístico rigoroso, preocupado com a reflexão e o senso estético do espectador. Muito mais trabalhado que qualquer mandato de jogador de futebol que tem vida mansa no senado ou pastor de igreja comerciante.
O Teatro do Incêndio foi o primeiro teatro a conseguir isenção de IPTU este ano, como previsto em lei e luta na rua pela reurbanização do Bixiga. É um teatro privado, mantido por seus artistas e não admite nenhuma forma de retrocesso na cultura, que é o que protege o cidadão do seu direito ao pensamento livre.
Sinopse:
Em uma trama alegórica, Felicifáia Reis, dono de tv, se une a Olavo Constantino, dono de jornal, para eleger um evangélico governador de São Paulo. Para isso contam com um vice insípido para substituí-lo sob o comando de um publicitário nazista e de um diretor de teatro americano que vem ensinar como é o Brasil.
Ficha técnica
- Texto e direção: Marcelo Marcus Fonseca
- Direção Musical e composições originais: Bisdré Santos
- Figurinos: Gabriela Morato
- Cenografia e adereços: Fabrízio Casanova
- Iluminação: Helder Parra, Marcelo Marcus Fonseca e Felipe Samorano
- Fotos: Giulia Martins
- Assessoria de Imprensa: Teatro do Incêndio
- Técnicos de montagem: Valcrez Siqueira, Helder Parra e Felipe Samorano
- Assistente de Direção: André Souza
- Produção e Realização: Teatro do Incêndio
Elenco: Gabriela Morato, Francisco Silva, Sergio Ricardo, Elena Vago, Victor Dallmann, Marcelo Marcus Fonseca, Valcrez Siqueira, Fabrizio Casanova e Bisdré Santos (Música ao vivo)
Serviço:
- Espetáculo: “Todos os Homens Notáveis”
- Estreia: 16 de julho
- Temporada: até 14 de agosto
- Horários: sábados 21 h e domingos 20 h
- Local: Teatro do Incêndio (Sala Fauzi Arap) – rua 13 de Maio, 53 – Bixiga
- Tel: 2609 3730 / 2609 8561
- Ingresso: pague quanto puder (cartão de débito ou dinheiro)
- Lotação: 50 lugares
- Duração: 75 min
- Gênero: Farsa Musical
- Classificação etária: 16 anos (idade que pode votar)
- Lugar para comer: sim
- Ar condicionado: sim
- Estacionamento: ao lado
- Site: www.teatrodoincendio.com
- Facebook: www.facebook.com/teatrodoincendio/